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Historial de luxo

Os números da Farfetch não poderiam ser mais redondos. A startup de José Neves soma 300 lojas, mais de 2 mil designers, clientes em cerca de 190 países e uma avaliação em mil milhões de dólares no primeiro trimestre deste ano. Em paralelo, o “unicórnio” da indústria fomenta ainda colaborações com museus e a celebra o Natal na rede.

A retalhista online de luxo lançada em 2008 tem mantido um percurso de sucesso constante, marcado por investidas fora da caixa. São exemplos recentes a aquisição da icónica boutique londrina Browns, que levou o digital a um espaço físico (ver Português em manobra pioneira); a ligação com o Los Angeles County Museum (LACMA), numa fusão do design de moda com a arte para um público global (ver Farfetch vai ao museu); e ainda a criação da Farfetch Black & White, uma plataforma de comércio eletrónico que procura trabalhar diretamente com marcas de luxo (ver Farfetch encurta distâncias).

Neste encadeamento, a Farfetch mostra estar atualizada e atenta ao que se passa à sua volta e, por isso, a época natalícia não foi descurada. A retalhista fez uso do seu habitat natural e expertise para a campanha “Farfetch Curates: The Holidays”, que permite que os clientes adquiram artigos diretamente das montras de algumas das lojas mais carismáticas agregadas ao portal de comércio eletrónico. Face à montra de uma das 100 lojas selecionadas, os clientes podem recorrer à tecnologia QR code, tirar uma fotografia ao canto da montra onde o código é disponibilizado e adquirir os produtos expostos – de imediato e fora do horário de funcionamento dos espaços – em Farfetch.com.

A par da campanha na morada online, a retalhista espalha ainda a magia do Natal nas redes sociais com a iniciativa #FarfetchCurates que resulta numa espécie de “caça ao tesouro” no Instagram (ver Natal na rede). O design do papel de embrulho de todos esses presentes ficou a cargo de Vivienne Westwood. «O papel de embrulho é feito de papel 100% reciclado e concebido para ser reutilizado», referiu Westwood em comunicado.

Fundada em 2008, a Farfetch distinguiu-se pela oferta de vestuário de luxo, concebido por designers provenientes de diversos pontos geográficos, que ultrapassam o habitual cliché londrino e nova-iorquino, mantendo a exclusividade como vantagem competitiva em relação aos concorrentes. «Mesmo nas nossas 20 maiores marcas, que são provavelmente semelhantes às de todos os outros, é possível encontrar uma seleção diferente na Farfetch, porque um comprador em Tóquio vai escolher peças completamente distintas de um comprador nos EUA», explicou Stephanie Horton, CMO da Farfetch, à Advertising Age (ver A individualidade da Farfetch).

A primeira prova do forte crescimento da Farfetch aconteceu em 2010, altura em que fez a primeira angariação de fundos com a Advent Venture Partners e Frederic Court e gerava vendas na ordem de 25 mil dólares por dia. E, no primeiro trimestre de 2015, a retalhista alcançou o estatuto “unicórnio” da indústria.

A conquista foi noticiada à escala global, não só porque aumentava o valor da empresa sediada em Londres para mil milhões de dólares, mas também porque entre os investidores estava, além da Condé Nast e da Vitruvian Partners, a DST Global, empresa fundada por Yuri Milner, que conta no seu portefólio de investimentos o Facebook, Twitter, Xiaomi e Alibaba, entre outros. «A Farfetch tem uma equipa forte, um crescimento impressionante e um enorme potencial para capitalizar o mercado em rápido crescimento do comércio eletrónico de moda de luxo», afirmou Yuri Milner em comunicado.

Desde o seu lançamento, a Farfetch expandiu-se dos seus mercados principais da Europa e dos EUA para a China, Rússia e Japão, chegando a uma população de consumidores abastados e ávidos por moda, mas com poucas lojas locais onde fazer compras. De acordo com o Financial Times, o plano é usar este investimento para continuar a expansão internacional, com planos para alargar as operações na Alemanha, Coreia do Sul, Espanha e América Latina.

A empresa, que mantém o centro de desenvolvimento de software, apoio ao cliente, webdesign e produção fotográfica em Portugal, no Ave Park, gera cerca de um milhão de dólares em negócios todos os dias, com o talão médio por consumidor entre os 600 e os 700 dólares (ver Farfetch vale mil milhões).

Não obstante, nem só a “cousa” criada é reconhecida e, ainda este ano, José Neves foi distinguido com o prémio empreendedorismo inovador na diáspora portuguesa 2015 da Cotec, com o alto patrocínio do Presidente da República ao qual concorreram 201 emigrantes.