As cores, as texturas, os materiais, os padrões e as silhuetas que marcaram as passerelles do Hotel Ritz, Museu Nacional de História Natural e da Ciência, Coliseu do Porto, Palácio de Cristal, Silo Auto, Quartel Serpa Pinto e a carismática Alfândega do Porto foram, sobretudo, ecléticas, constantemente inspiradas pelas artes e destinadas a um consumidor cada vez mais assertivo nas suas escolhas de guarda-roupa.
Cores
Na paleta de cores pareceu vencer o amarelo, pintado nos desfiles de Luís Buchinho, Elsa Barreto, Meam by Ricardo Preto, Dielmar, Susana Bettencourt, Katty Xiomara e em toda a coleção “A casa da brasileira” da jovem Alexandra Oliveira (Bloom/ESAD).
Já o azul – elétrico, suavizado ou em expressão navy – marcou as propostas dos Storytailors, Carla Pontes, Carlos Gil, Klar (Bloom), Miguel Vieira e Mad Dragon Seeker by Alexandrine Cadilhe & Daniel Simões.
Por sua vez, os clássicos preto e branco – muitas vezes em look total, como em Storytailors, Miguel Vieira, Nuno Baltazar, Pedro Pedro e Anabela Baldaque – mostraram-se capazes de manter o estatuto entre os eleitos da temporada.
Normalmente dedicados à estação fria, também o cinzento, em Carla Pontes, Eduardo Amorim, Mafalda Fonseca, HIBU, Inês Marques (os cinco no Bloom), Estelita Mendonça e Júlio Torcato, e o bege, em Klar e Fátima Lopes, marcaram as propostas para a primavera-verão 2016.
Texturas
Na passerelle, as texturas marcaram-se nas redes, nas rendas, no crochet ou, ainda, nas malhas. Nuno Baltazar distinguiu-se neste campo com a coleção #24. As propostas que procuraram celebrar o 30º aniversário do filme “Out of Africa” (1985) resultaram em coordenados cujo ponto de partida foi «a vivência de Karen Blixen, no Quénia, entre 1917 e 1931», contou ao Portugal Têxtil terminado o desfile.
As fascinantes texturas, cores e detalhes da tribo Kikuyu deram origem a looks urbanos, mas sofisticados. Jacquards de algodão, telas viscose/cupro, crepes e seda natural coexistiram com elementos fantasiosos tridimensionais, plissados, acabamentos foile e bordados manuais. Susana Bettencourt também merece ser citada graças às suas peças marcadas por tranças de crochet feitas à mão que convidavam ao toque.
Materiais
O couro, material normalmente remetido para o frio, marcou as propostas de Luís Buchinho para a primavera-verão 2016. Inspirado pela música dos anos 80, como os Duran Duran, Culture Club ou os Thompson Twins, o criador nacional apresentou propostas ricas em sensualidade entre as paredes austeras do Quartel Serpa Pinto. «Usei um imaginário com uma carga sexual muito forte da época… muito a ver com o espírito da época», explicou sobre a escolha do material.
Na passerelle do certame houve também espaço para o denim, apresentado pelas mãos de Mafalda Fonseca, em diferentes estruturas, pela Cheyenne numa inspiração oriental, na versão de Daniela Barros numa expressão «destruída» em fios e em diferentes lavagens, e na “estreia” de Hugo Costa. O designer aventurou-se na utilização deste material tentando distanciar-se do trabalho da dupla Marques’Almeida, reconhecida internacionalmente pela sua abordagem ao denim. «Quando selecionei o denim como matéria-prima, um dos fatores que me fez ponderar foi a repetição do denim noutras coleções. Não só nos Marques’Almeida, mas noutros criadores nacionais», contou, ao Portugal Têxti,l nos bastidores. Para se afastar de comparações, o designer apostou em denim nos seus coordenados de menswear que versam sobre o unissexo.
Já as requisitadas paillettes e lantejoulas, em Carlos Gil, Nuno Baltazar e Anabela Baldaque, por exemplo, mostram-se capazes de transitar da noite para o dia.
Silhuetas
As silhuetas foram marcadas pelas assimetrias em Alves/Gonçalves, Daniela Barros, Elsa Barreto, Inês Marques, Klar e HIBU, pelo oversized em Mafalda Fonseca, Júlio Torcato, Hugo Costa e Estelita Mendonça, pela feminilidade em Carlos Gil, Teresa Abrunhosa (Bloom), Fátima Lopes e Anabela Baldaque, e pelas sobreposições em Júlio Torcato, Estelita Mendonça, Diogo Miranda – em camisola de gola alta combinada com vestido – e Pedro Neto (Bloom) em jogos de transparências e opacidades.
Padrões
Nos padrões evidenciaram-se as riscas em Miguel Vieira, Elsa Barreto, Lion of Porches, [UN]T (Bloom), Carlos Gil, Meam by Ricardo Preto e Ballentina by Filomena Portela – por vezes em look total – e os padrões florais e geométricos – muitas vezes misturados, como em Alves/Gonçalves, Anabela Baldaque e Teresa Abrunhosa.
Destaques
As saias midi (Nuno Baltazar, Miguel Vieira, Diogo Miranda) vão continuar a marcar os coordenados femininos, bem como os vestidos-tubo (Nuno Baltazar, Miguel Vieira), os jumpsuits (Carla Pontes, Fátima Lopes, Teresa Abrunhosa, Miguel Vieira, Carlos Gil, Katty Xiomara), as culotes (Nuno Baltazar, Miguel Vieira) e as calças boca-de-sino (Katty Xiomara, Diogo Miranda).
A roupa estruturada e estilizada (Elsa Barreto, Miguel Vieira, Carlos Gil) vai continuar a conviver com a fluidez de peças que dialogam com a roupa de noite e a lingerie (Pedro Neto, Pedro Pedro).
A tendência agender e as peças unissexo (Hugo Costa, Estelita Mendonça, Sérgio Sousa – Bloom/Modatex) vão partilhar as atenções com peças ultra-femininas (Fátima Lopes, Anabela Baldaque, Teresa Abrunhosa, Alves/Gonçalves, Carlos Gil) e do mais clássico corte masculino (Vicri, Dielmar).