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Etiópia aposta na indústria

Na tentativa de desenvolver o país e afastar-se das atividades do sector primário da economia, o governo da Etiópia está a investir fortemente na criação de polos industriais, pensados para atrair a indústria leve, apresentando como ativos a abundância de mão de obra barata e incentivos fiscais.

A Etiópia quer tornar-se num centro para as indústrias de produção leve e, para tal, está a planear a construção de quatro novos parques industriais nos próximos dois anos, num investimento que poderá atingir, no total, 2 mil milhões de dólares (1,82 mil milhões de euros).

Com mão de obra barata, uma oferta melhorada de energia elétrica e de infraestruturas de transportes, o país do Corno de África está a fazer investidas para atrair negócios de produção de preços baixos, que procuram novas localizações numa altura em que os salários estão a aumentar na China.

Até agora concluiu a construção da Zona Industrial de Bole Lemi, com 156 hectares, a sul de Addis Ababa. A produtora coreana de vestuário Myungsung Textile Company e a George Shoe Corporation de Taiwan já estão a operar no parque, atualmente sujeito a obras de ampliação. Um outro centro em Awassa, um local de 270 hectares a cerca de 300 quilómetros a sul de Addis Ababa, deverá ficar concluído nos próximos três meses.

O Ministro de Estado do Comércio e Indústria, Tadesse Haile, anunciou agora que os estudos para o lançamento de quatro novos parques nas cidades de Dire Dawa, Kombolcha, Mekelle e Adama estão terminados. «Pode custar 500 milhões de dólares por parque. Mas a construção de parques industriais é uma boa atração de investimento», afirmou Haile à Reuters. «O nosso objetivo é sermos líderes na indústria leve em África dentro de cinco anos. Isso é inevitável», acrescentou.

A Etiópia, uma das economias em mais rápido crescimento do continente africano, quer afastar-se da agricultura e considera que a indústria é um sector vital para criar emprego e manter um elevado crescimento. As zonas industriais oferecem espaço para fábricas a um dólar por metro quadrado por mês, isenção de impostos até sete anos e serviços alfandegários e outros no local para quem investir no país, onde vivem 90 milhões de pessoas. Os investidores estão também a ser atraídos pelos benefícios que o país tem resultantes do acordo African Growth and Opportunity Act (Agoa) com os EUA, que permite exportar sem taxas para o mercado americano.

Entre as empresas que já têm uma presença na Etiópia incluem-se a retalhista de vestuário H&M, que está a dar os primeiros passos no sourcing, assim como a produtora de vestuário americana PVH Corp, que deverá começar a aprovisionar-se de vestuário na Zona Industrial de Awassa.

Segundo Taddesse, os retalhistas Wal-Mart Stores Inc e o Carrefour já demonstraram interesse em começar a comprar na Etiópia, assim como a VF Corporation e a italiana Calzedonia. «A Etiópia está agora a chamar a atenção dos grandes compradores e investidores internacionais», concluiu.