Início Arquivo

A liderança dos super-fornecedores – Parte 1

Os “super-fornecedores”, com acesso a capacidade de produção em países de todo o mundo, estão a ser considerados a principal solução quando se trata de apoiar os compradores a melhorar os ciclos de inventário e a velocidade de chegada ao mercado. Mas, surpreendentemente, embora a velocidade seja crítica, a proximidade não aparenta ser, conforme relata um estudo recentemente desenvolvido. Os super-fornecedores tendem a ser muito procurados à medida que os retalhistas pretendem reduzir o risco de aprovisionamento de novos fornecedores, enquanto desenvolvem uma cadeia de aprovisionamento mais célere e capaz de reagir mais rapidamente à procura do consumidor, refere a Kurt Salmon Associates (KSA), a empresa de consultoria global especializada em retalho e bens de consumo. «Cada semana poupada no ciclo de produção vale normalmente 0,25% da margem final alcançada, razão pela qual os retalhistas estão a procurar trabalhar com fornecedores experientes e globalmente representados», refere Helen Mountney, sócio-gerente da KSA no Reino Unido. «Até recentemente, o foco principal do aprovisionamento tem sido aumentar o mix de produtos importados directamente, para reforçar as margens. No entanto, os retalhistas avançados estão agora a concentrar-se no próximo nível de custos, cortando gastos nos gabinetes de compras, optimizando o conjunto dos países de origem e normalizando os processos e os tecidos/materiais», acrescenta a responsável. Segundo a KSA, que acaba de lançar o seu mais recente guia de referência global de aprovisionamento, isto requer a mudança para uma cadeia de aprovisionamento mais orientada no sentido de uma abordagem integrada. No entanto, para alcançar esta abordagem é necessário uma maior troca de informações entre retalhistas, marcas e fabricantes, bem como as tecnologias adequadas, uma mudança de mentalidade e um sistema de incentivos capaz de influenciar o comportamento de todos os parceiros da cadeia de aprovisionamento. «Embora esta seja uma tarefa complexa, o retorno é mais do que vantajoso em termos de poupança de custos que podem ser esperados de menos rebaixas, menos rupturas de stock, inventários mais reduzidos e uma utilização mais racional das capacidades», afirma Mountney. Pesquisa de aprovisionamento O mais recente guia global de aprovisionamento (9.ª edição) inclui os resultados de um inquérito realizado a 100 gestores de aprovisionamento, uma análise pormenorizada da China e da índia, detalhes específicos sobre o aprovisionamento de bens duráveis e entrevistas a três especialistas em aprovisionamento global. Um dos factores-chave a salientar da pesquisa foi que os entrevistados disseram que, apesar da rapidez ser crítica, a proximidade não é. Eles classificaram os processos optimizados, como uma maior sincronização das actividades da cadeia de abastecimento e o evitar das actividades redundantes, como mais importantes do que a simples proximidade física. A partir desta perspectiva, as vantagens competitivas da Europa Oriental e da áfrica do Norte perdem importância, excepto para produtos de alta-costura, onde a procura não pode ser bem prevista, mas necessita de ser cumprida dentro de um prazo muito curto de tempo. Na segunda parte deste artigo, analisa-se o papel dos consumidores e da necessidade de menor complexidade dos retalhistas e das marcas, como elementos promotores dos “super-fornecedores”.