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A pegada da geração Alfa

A geração Alfa – nascidoa entre 2010 e 2014 – é o grupo que se segue na indústria da moda, com jovens designers de quatro anos e coletivos seguidos por milhões nas redes sociais. Depois das gerações milénio e Z, os elementos da Alfa estão a animar os portais da especialidade, cada vez mais atentos aos seus movimentos.

A geração Alfa é a primeira geração inteiramente nascida no século XXI e a primeira a nascer durante o movimento Quantified Self. Os seus elementos nasceram e cresceram num mundo onde tudo parece estar conectado a uma aplicação de smartphone, analisa o portal de tendências WGSN.

Ainda que os traços e as prioridades da geração Alfa se possam alterar com a evolução etária dos seus membros, a informação atual recolhida por investigadores, futuristas e demógrafos está já a deixar previsões sobre os seus valores, identidades e estilos de vida.

Se comparados com as gerações que os antecederam, os membros da geração Alfa são mais pequenos em número, mas mais propensos a gastar. A geração está a crescer a uma taxa anual constante de 2,5 milhões a nível global e a McCrindle prevê que, até 2025, a população alcance os dois mil milhões.

Os “screenagers”

Os números recentes mostram que a maioria dos pais está a ceder em relação à tecnologia, usando smartphones e tablets como chupetas e ferramentas educacionais.

A Common Sense Media revelou que mais de 30% das crianças entra em contacto com um dispositivo móvel ainda em fraldas; o Pediatrics Journal divulgou resultados semelhantes, concluindo que a maioria das crianças começa a usar dispositivos móveis antes de ter um ano e aos três anos já utiliza esse tipo de dispositivos sem a ajuda dos pais.

Outros dados da Universidade de Londres mostram que o uso de tablets é mais estimulante para o cérebro de um recém-nascido do que os livros e que essas habilidades, em última análise, ajudam-nos a aprenderem mais rápido. A professora responsável pelo estudo Annette Karmiloff-Smith referiu mesmo ao Sunday Times que «os bebés devem receber tablets no nascimento».

Os brinquedos

Apesar da loucura da tecnologia, os brinquedos e a hora do recreio ainda são relevantes e, para a geração Alfa, a oferta é muito melhor do que as de gerações anteriores.

Como resultado de alguns sustos com produtos químicos tóxicos nos brinquedos dos mais pequenos, os pais da geração milénio inclinaram-se para brinquedos de madeira e orgânicos, motivando um aumento de 30% nas vendas de brinquedos “verdes” desde 2014. Esta tendência está em crescendo, impulsionada por pais preocupados e rápidos a avisarem os seus pares nas redes sociais sobre brinquedos com algum tipo de malefício para as crianças.

O outro sector do mercado que deverá crescer com a geração Alfa é o dos brinquedos exclusivos. A nova linha Fashionistas da Barbie inclui quatro tipos de corpo, sete tons de pele e múltiplas opções de cor para olhos e cabelos, a Toy Like Me desenvolveu bonecos feitos por medida com algum tipo de deficiência e a Lego revelou uma minifigura numa cadeira de rodas.

Os brinquedos “Ed-tech” (tecnologia educacional) deverão também conhecer um crescimento exponencial. Mark Francis, da Intel, explica que «o que é novo é a interatividade que está a acontecer num objeto físico – um brinquedo, uma boneca, um urso de peluche, robot ou figura –, que incorpora tecnologia e está conectado a dispositivos como tablets ou aplicações, de forma a criar experiências de jogo envolventes e divertidas». Os líderes atuais no segmento “Ed-tech” são a Primo, Sphero e Dot & Dash.

A nova escola

As metodologias de aprendizagem STEAM (Science, Technology, Engineering, Arts, and Math) e STEM (Science, Technology, Engineering, and Mathematics) estão a transformar-se no novo normal, com as empresas de tecnologia a financiarem escolas nos EUA para garantirem uma força de trabalho inovadora e com conhecimentos tecnológicos para o futuro.

A realidade aumentada (AR) será um fator-chave no futuro próximo e a educação imersiva está atualmente a ser testada em escolas nos EUA e Austrália. Numa escola secundária em Melbourne, por exemplo, os alunos andam virtualmente no espaço para aprenderem sobre os planetas.

A educação do futuro será, também, um pouco selvagem. Os pais procuram equilibrar a ascensão da tecnologia com uma exposição saudável à natureza, resultando em salas de aula ao ar livre e escolas instaladas em florestas.

A turma criativa

Sydney Kaiser (conhecida como Mayhem pelo seu “espírito livre”) é uma designer de moda com mais de 500.000 seguidores nas redes sociais e uma coleção cápsula esgotada com a J. Crew. Kaiser alcançou este sucesso aos quatro anos (ver Do infantário para a J. Crew).

A par de Mayhem há ainda o exemplo de Cosette Swart, também de quatro anos, que já vendeu mais de 60 pinturas e angariou milhares em ações solidárias, e Hawkeye Huey, um fotógrafo de seis anos, com cerca de 200.000 seguidores no Instagram e um negócio de livros de fotografia.

A tecnologia está a desempenhar um papel importante na ascensão da turma criativa da geração Alfa. Esta é a primeira geração nascida durante o movimento DIY (Do It Yourself – Faça Você Mesmo) e filha de pais que circulam na rede social Pinterest e estimulam a criatividade dos petizes – em aulas de pintura, dança, arranjos florais, costura, etc.

A estética Alfa

«Se antes as meninas e os meninos eram inspirados pelos padrões e cortes volumosos com inspiração nos cartoons da Disney, hoje o gosto evoluiu», afirma Ambika Zutshi, CEO da Fashionbii. «Atualmente, as crianças estão mais inclinadas a vestir-se como os seus adultos favoritos. Podem ser os pais, primos ou celebridades mais velhas. Por outras palavras, exigem uma mini-versão do vestuário adulto».

É muito cedo para declarar a geração Alfa como a mais bem vestida até à data, mas poderá ser essa a apresentação futura dos seus membros. Os pais estão a gastar quantias recordes em moda infantil: o mercado de vestuário para criança do Reino Unido deverá atingir os 8,5 mil milhões de dólares (aproximadamente 10,6 mil milhões de euros) até 2017.

Designers e marcas do luxo, incluindo Karl Lagerfeld e a casa Balmain, estão a capitalizar sobre este mercado em alta, lançando coleções infantis de luxo com uma estética semelhante às coleções de adulto. «Quando olhamos para as peças de criança Balmain, podemos ver as referências às peças de roupa das mulheres e dos homens Balmain», afirmou, à data do lançamento da linha, Olivier Rousteing à revista Vogue.