A Roland Berger parece otimista quando ao futuro. A consultora alemã, cujo presidente executivo para Portugal, Brasil, México, Angola e Moçambique é o português António Bernardo, acredita que a recuperação poderá ser rápida.
«Achamos que, entre 8 a 12 semanas, é possível a economia começar a retomar gradualmente. Agora, vai demorar ano e meio a retomar os níveis anteriores», afirma o gestor em entrevista publicada, ontem, no Jornal de Negócios.
Quanto à saída da crise, António Bernardo admite que esta não vai passar por um novo processo de ajustamento doloroso.
«Não estamos a trabalhar com esse cenário. Seguramente vamos ter de voltar a crescer, mas Portugal é uma economia pequena e aberta, achamos que à medida que os problemas se resolvam nos outros países da Europa, a nossa economia vai crescer e vai haver um forte crescimento no pós-crise. O pós- crise é um pouco o pós-guerra, em que há aquele boom económico. Nós acreditamos num boom económico pós-crise», revela.
Para o managing Partner da Roland Berger, uma economia como a portuguesa aguenta «estar congelada durante um mês», mas reconhece que «é possível não congelar, mantendo-se em níveis muito baixos».
«Achamos que não é necessário um congelamento da economia. A economia caiu, claro, quase congelou, mas não tem que congelar. Vai ser lento, mas a partir de mês e meio, seis a oito semanas, começa a retomar e ao fim de três meses a retomar realmente», refere.
Apesar deste otimismo, o gestor reconhece que a Roland Berger reviu o cenário económico para Portugal, um pouco mais pessimista do que as previsões do Banco de Portugal.
A projeção inicial apontava para um crescimento de 1,9% e agora «achamos que vamos ficar próximo dos 4% negativos».
Ainda assim, a consultora alemã salienta que «Portugal fica mais ou menos alinhado na diferença [de projeções] com a Europa, que vai decrescer 5,8 pontos percentuais [face à projeção] e Portugal também entre 5,8 e 5,9 pontos».
Embora considere que o «Governo português está a atuar bem», António Bernardo garante que é necessário dar melhores condições nos financiamentos.
O managing partner da Roland Berger defende que «há linhas de crédito que deviam ser a taxa zero e, eventualmente, a fundo perdido. É muito importante que sejam muito ágeis e rápidas». E alerta que «a rapidez de atuação, é absolutamente indispensável».