Início Arquivo

Alemanha não escapa à Zaramania

O director do conselho executivo do grupo Otto parece que já adivinhava as perguntas: «Não vou falar do grupo Spiegel. Trata-se de uma empresa autónoma e, por isso, não pertence ao grupo Otto». Este foi o único comentário que fez sobre a empresa americana durante uma conferência de imprensa sobre os resultados económicos da Otto durante o úlano fiscal. A Spiegel vende produtos têxteis e acessórios para o lar e apareceu várias vezes nos títulos dos jornais devido a problemas graves. Mesmo evitando os problemas da Spiegel, Michael Otto apresentou um balanço misto relativamente aos resultados do grupo. Em geral, houve uma baixa no volume de vendas de 0,8 por cento no ano fiscal 2002, atingindo um valor de 19,2 mil milhões de euros. Este inclui os resultados das joint-ventures com a Fergo/Selgros (venda por grosso) e a Zara Deutschland. Foram sobretudo os negócios na Alemanha que provocaram este resultado. O volume de lucro diminuiu 4 por cento, ficando nos 10,3 mil milhões de euros. Mais de metade do volume de vendas do grupo é realizado neste mercado. Apesar de muitos esforços durante os últimos tempos o grupo ainda não conseguiu diminuir esta quota e distribuir as suas vendas mais equilibradamente. No entanto, estes resultados não provocam grande confusão na empresa. «Em vez de puxar os resultados através de acções de desconto preferimos apostar no desenvolvimento de canais de venda alternativos», explica Michael Otto. A empresa quer aumentar a quota do comércio electrónico e associá-lo à venda por encomenda e fazer das suas lojas tradicionais um terceiro canal de venda. Neste momento, um em cada dez euros que o grupo ganha vem do comércio electrónico. No âmbito da moda o desenvolvimento é especialmente positivo. Quase metade do volume de vendas obtido através da venda electrónica vem desta área. Só a Otto Versand, a parte nuclear do grupo, obtém um volume de vendas de 150 milhões de euros por ano através do comércio electrónico. Michael Otto sublinha o facto deste segmento apresentar o mesmo grau de rentabilidade do comércio à distância tradicional. Mesmo assim, a empresa não conseguiu ultrapassar as suas dificuldade através deste meio. A recessão na Alemanha foi demasiado forte. Apenas duas filiais do grupo, a Schwab e a Baur, conseguiram um aumento no volume de vendas. A Schwab obteve um aumento de 2,4 por cento, ficando nos 1,33 mil milhões de euros, a Baur cresceu um por cento, atingindo 820 milhões de euros. A Otto Versand terminou o ano fiscal 2002/03 com uma baixa de 2,6 por cento no volume de vendas, atingindo 3,23 biliões de euros. O volume de vendas do grupo Heine também baixou 4,6 por cento tendo um total de 1,29 milhões de euros. A Alba Moda foi a empresa mais afectada pela crise actual: o vendedor de artigos de alta qualidade teve um queda de quase 12 por cento no seu volume de venda, ficando nos 138,1 milhões de euros. «No futuro as ofertas da Alba têm de ser actualizadas mais frequentemente», sustenta Michael Otto. A filial Sport-Scheck acabou o ano com uma baixa de 1,8 por cento, atingindo um volume de vendas de 268,3 milhões de euros, mas, segundo Michael Otto, ainda existe um grande potencial para melhorar os seus negócios durante o próximo ano. Mais de metade do volume de vendas foi obtido através das 17 filiais que existem na Alemanha. Agora a empresa quer aumentar o número das suas lojas, mas, por causa de falta de espaço nos centros das cidades, tem de adoptar uma nova estratégia. No futuro vai haver uma série de lojas com apenas de 1.000 m2 e uma oferta reduzida. As únicas duas filiais do grupo que apresentaram resultados positivos foram a Eddie Bauer e a Zara. A primeira conseguiu um resultado positivo, sobretudo através das suas 11 filiais tradicionais, mas teve de aguentar uma queda forte de 51 por cento nos seus negócios à distância, atingindo apenas nos 72 milhões de euros. Mas, o único aspecto mesmo positivo do ano passado foi a Zara Deutschland. Segundo informações da Otto, esta quer abrir uma série de novas filiais nos próximos anos. «A Zara está a desenvolver-se muito bem e acho que o mercado alemão vai aguentar um número total de 200 lojas da marca», declara Michael Otto. O seu volume de vendas cresceu 9 por cento, atingindo 127 milhões de euros. Neste momento existem, na Alemanha, 24 filiais da Zara e três da Massimo Dutti. A longo prazo, a Otto quer intensificar a sua cooperação com o grupo espanhol Inditex e levar as lojas da Zara também às cidades mais pequenas. O aspecto mais importante são os locais certos para estas lojas. «A Zara não faz publicidade e depende da localização das suas filiais. Por isso, não podemos fazer cedências relativamente a este aspecto», esclarece Michael Otto.