Entre os desafios que pesam sobre a indústria do algodão, a concorrência das fibras sintéticas, a volatilidade dos preços e a incerteza no controlo de qualidade têm sido destacados pelo sector como as principais preocupações. A 72.ª Assembleia Plenária do International Cotton Advisory Committee (ICAC) que teve lugar na semana passada em Cartagena, na Colômbia, usou a primeira sessão para analisar a concorrência inter-fibras. E o grupo intergovernamental identificou três grandes áreas que acredita ter impacto sobre a capacidade a longo prazo do algodão ser bem-sucedido no mercado. A primeira é a volatilidade do preço. Embora os dias de extrema volatilidade pareçam ter terminado, o preço das fibras naturais como o algodão estão sujeitas a mais incertezas do que as suas equivalentes sintéticas. O impacto de investidores especulativos e de políticas governamentais intervencionistas podem causar picos e quebras de preço imprevisíveis e condições climatéricas adversas podem inesperadamente afetar a colheita em muitos dos principais países produtores em todo o mundo. Uma outra preocupação é a incerteza no controlo de qualidade. Ao contrário das fibras produzidas pelo Homem, as características do algodão podem variar muito de um fardo para outro. A indústria precisa de implementar sistemas de testes padronizados e equipamentos para assegurar a consistência da qualidade do algodão. Por último foi referida a perda de quota de mercado. Embora o consumo mundial de algodão continue a aumentar no geral, ainda está consistentemente a perder quota de mercado em relação aos concorrentes sintéticos. Grandes quantidades de pesquisa na indústria mostraram claramente que os consumidores preferem vestuário e têxteis feitos com fibras naturais, mas artigos produzidos com algodão são normalmente mais caros do que os que são feitos a partir de fibras sintéticas, como o poliéster. A chave para responder aos desafios das fibras concorrentes e inverter a perda de quota de mercado do algodão é unificar a mensagem dirigida ao consumidor, afirmou Kevin Latner, presidente do Cotton Council International. «Sabemos que os consumidores preferem algodão, mas precisamos de fazer um trabalho melhor a comunicar-lhes diretamente os benefícios sociais e ambientais das fibras naturais», defendeu durante a sua apresentação. «Quanto mais conhecedores forem os consumidores, melhor. Contudo, em muitas partes do mundo as marcas não mostram os materiais usados num determinado produto, por isso, embora os consumidores prefiram algodão, nem sempre sabem o que estão a comprar», concluiu.