O crescente interesse em torno das novas e promissoras marcas de moda tem suscitado a atenção de diversos investidores (ver Bons investimentos Parte 1), em particular dos grandes grupos do luxo. As avaliações de marcas jovens, a maioria delas geradoras de prejuízo, variam entre uma e três vezes o valor das vendas, em função da sua maturidade, comparado com um rácio de duas a três vezes em grupos com presença na bolsa de valores, como a LVMH. «Os grandes grupos têm certamente os meios para pagar os investimentos em talentos futuros, também para prepará-los para futuras missões importantes e planos de desenvolvimento ambiciosos», afirmou Renzo Rosso, fundador e presidente da Only the Brave (OTB), que detém a Diesel. A OTB, que investiu em marcas mais pequenas, como a Maison Martin Margiela e Viktor & Rolf, adquiriu em dezembro o controlo da Marni, uma marca italiana que gerou 130 milhões de euros em vendas anuais. Os pormenores financeiros não foram divulgados. «Estamos constantemente à procura de talentos futuros para crescer», revelou Rosso. Os grandes grupos também iniciaram o desenvolvimento de contactos mais estreitos com as escolas de moda. No ano passado, a LVMH criou uma bolsa de estudos na Central Saint Martins em Londres, enquanto a PPR lançou um concurso com a Parsons The New School for Design, em Nova Iorque, no âmbito do qual os vencedores recebem estágios em marcas como a Alexander McQueen ou a Gucci. Os observadores da indústria referem que nunca houve tanto interesse em investir em marcas de moda desde a década de 1990 e início de 2000, quando os grupos LMVH e PPR construíram os seus impérios. Só que na altura, a tendência foi no sentido de ressuscitar velhos nomes como Balenciaga e Yves Saint Laurent, no caso da PPR, e Fendi, Celine e Loewe no caso da LVMH. E se investiram em novas marcas, tal ocorreu numa fase muito posterior de desenvolvimento. Por exemplo, a LVMH adquiriu a Marc Jacobs e a Donna Karan, mais de uma década depois de terem sido fundadas em 1984, enquanto em dezembro do ano 2000, o grupo PPR comprou uma participação maioritária na Alexander McQueen, que foi criada em 1992. Desde então, as vendas da marca aumentaram 12 vezes, cifrando-se acima dos 100 milhões de euros. Até agora, não parece haver razão para pensar que o mais recente acréscimo de investimentos esteja concluído. O sector global de bens de luxo tem apresentado um crescimento firme, desafiando os choques económicos. Depois de crescer 10% no ano passado, as vendas globais estão previstas expandir entre 7% e 8% em 2013, de acordo com as previsões dos analistas. Enquanto isso, os três principais grupos do mundo do luxo: LVMH, PPR e Richemont, estão com dinheiro na mão e a competir nas aquisições com sociedades de capital de risco e investidores individuais. «Existe um desejo de investir em risco», referiu Didier Grumbach, presidente da Federação de Moda Francesa. «Isso não existia há cinco anos atrás», acrescentou.