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Borgstena troca automóvel por máscaras

Com a queda nas encomendas e previsões de uma retoma lenta no sector automóvel, a Borgstena Textile Portugal está a apostar na produção de máscaras. O projeto contempla um investimento superior a 3,6 milhões de euros para a produção de não-tecidos, máscaras cirúrgicas descartáveis e respiradores de diferentes tipos.

De acordo com o projeto de investimento, disponibilizado no seu website, a Borgstena Textile Portugal irá investir 3,63 milhões de euros, dos quais 2,9 milhões de euros financiados pelo programa FEDER da União Europeia, para «dotar a empresa e os seus colaboradores de novas competências num novo segmento de mercado, com inovadoras tecnologias e materiais» para permitir construir, a médio e longo prazo, «uma nova linha de negócio».

A ideia, aponta, será criar uma área produtiva para conceção, transporte e embalamento de máscaras cirúrgicas descartáveis, respiradores do tipo FFP1, FFP2 e FFP3, «de forma totalmente segura e dando assim respostas às necessidades atuais de mercado ao nível global». A produção incluirá ainda não-tecidos meltblown numa sala limpa, «que garanta a limpeza microbiológica de todos os bens produzidos, com a máxima qualidade».

Produção mensal de milhões

«Prevendo uma retoma lenta do sector automóvel, numa tentativa de evitar reduzir postos de trabalho e ao mesmo tempo dar resposta à atual necessidade de produtos de proteção individual, a empresa iniciou em abril um estudo para produção de máscaras e posterior compra de equipamento produtivo, no valor de 3,6 milhões de euros», anunciou a Borgstena Textile Portugal em comunicado, onde dá conta igualmente que irá aumentar a sua área produtiva em 2.800 metros quadrados.

No mês de julho, a empresa espera «já ter uma capacidade mensal instalada de 12.000.000 de unidades de máscaras cirúrgicas, 3.000.000 de unidades de máscaras FFP, 200.000 unidades de máscaras reutilizáveis».

Atualmente, a Borgstena tem já aprovadas, pelo CITEVE, máscaras reutilizáveis de nível 2 e máscaras de uso profissional de nível 2, estando as máscaras cirúrgicas CE- tipo IIR em processo de certificação.

A aposta neste tipo de artigo vai igualmente possibilitar o regresso ao trabalho a mais de 200 trabalhadores. «Um dos objetivos principais é evitar a redução dos postos de trabalho dos mais de 600 colaboradores», destaca o comunicado da empresa, que acrescenta que este projeto «é uma medida que vai ao encontro da atual necessidade de mercado e, ao mesmo tempo, coloca a trabalhar mais de 225 colaboradores, que em situação normal estariam em lay-off».

Contribuição solidária

Recentemente, a Borgstena Textile Portugal anunciou ter entregue gratuitamente milhares de máscaras na região de Viseu, incluindo cerca de 20.000 máscaras ao Hospital Distrital de Tondela – Viseu e cerca de 20.000 máscaras para bombeiros, lares, casas de saúde e GNR do concelho de Nelas, assim como 1.000 suportes para viseiras, 8.000 metros de não-tecido para produção de cerca de 2.000 batas/fatos e vários componentes, como fechos e elásticos, para confeção de batas e fatos de proteção. Cedeu ainda seis máquinas de costura industriais e está diariamente a fazer o corte de peças de vestuário de proteção na sua sede em Nelas.

«Esta contribuição faz parte de um compromisso de responsabilidade social e de desenvolvimento sustentável que a Borgstena assumiu há algum tempo a esta parte. O bem-estar social e de saúde da nossa comunidade local é uma das preocupações da família Borgstena. O material doado ilustra o apoio à região do distrito de Viseu da empresa e dos seus colaboradores», garante na sua página do LinkedIn.

Com unidades industriais também na República Checa, Roménia, Brasil, China e Malásia, a especialista na produção de tecidos para a indústria automóvel pertence, desde 2017, à sul-coreana Dual, uma das maiores fornecedoras da Hyundai e da Kia, depois de em 2017 ter chegado a acordo com os acionistas da Borgstena Sweden AB para a aquisição da maioria das ações.

Em 2019, a Borgstena Textile Portugal registou um volume de exportações superior a 85 milhões de euros, mas, segundo indica em comunicado, com o impacto do Covid-19, verificou uma quebra das vendas superior a 60% em abril e maio, em comparação com igual período do ano passado.