- Inditex desvenda estratégia
- África no topo dos rankings de escravatura
- Empresa chinesa quer tecidos inéditos
- Gucci alimenta crescimento do Kering
- Exportações do Paquistão em ascensão
- Microfibras têxteis poluem Antártico
1Inditex desvenda estratégia
A retalhista espanhola vai testar um serviço de recolha em casa na China de vestuário para reciclar e deverá lançar a tecnologia Rfid em todas as suas marcas até 2020. As novidades foram avançadas pelo CEO Pablo Isla na assembleia-geral da Inditex em julho. Na China, a recolha de vestuário para o programa Closing the Loop, de reutilização e reciclagem de vestuário, irá começar em setembro e inicialmente estará limitado a Pequim e Xangai. Até agora, o programa, iniciado em 2016, recolheu já 25 mil toneladas de roupa em 21 mercados. Isla também sublinhou que foram usadas matérias-primas e têxteis reciclados nas coleções da Zara, da Massimo Dutti e da Oysho, com mais de 73,6 milhões de peças de vestuário a ostentarem uma etiqueta com essa referência. O CEO anunciou ainda que estão a ser feitos progressos na investigação realizada em parceria com o MIT International Science and Technology Initiatives, do Massachusetts Institute of Technology (MIT), focada em melhorar a reciclagem de têxteis usados e em criar novas fibras utilizando tecnologia “limpa”. Em 2017, o volume de negócios da Inditex, que opera 7.475 lojas físicas em 96 mercados (o online chega apenas a 47 mercados), atingiu 25,34 mil milhões de euros, com crescimento em todas as regiões, assim como nas vendas online, que representaram 10% do total. O lucro líquido aumentou para 3,37 mil milhões de euros. «Todas as marcas da Inditex beneficiam de uma plataforma integrada robusta de lojas físicas e online. Em 2017, as vendas online já representaram 12% do total nos 47 mercados nas quais as plataformas eletrónicas estão disponíveis, representando um crescimento anual de 41%», referiu Isla, destacando que o modelo integrado, juntamente com um investimento constante, está a abrir caminho para inovações que são «100% centradas no consumidor». Isso inclui a entrega no mesmo dia em sete cidades (Madrid, Londres, Paris, Istambul, Xangai, Taipei e Sydney), uma opção de entrega no dia seguinte em Espanha, França, Reino Unido, China, Polónia e Coreia do Sul, novos pontos de recolha em loja para encomendas feitas online e planos para integrar a gestão de stocks em todos os mercados onde a Zara tem presença online no final de 2018. A retalhista espanhola investiu ainda mais de 1,5 milhões de euros em tecnologia e logística nos últimos cinco anos – incluindo no lançamento de tecnologia Rfid. Já concluída na Zara e em progresso na Massimo Dutti e na Uterqüe, o plano é implementar a tecnologia no resto das marcas do grupo em 2018, com a execução completa agendada para 2020. Um novo centro de distribuição com cerca de 90 mil metros quadrados de área em A Laracha, na Corunha, deverá iniciar as operações ainda este verão. A Inditex está ainda a beneficiar de nova tecnologia, incluindo a implementação de seis novos robôs paletizadores, que estão a melhorar os tempos de entrega. Em paralelo, continuam os trabalhos de construção de um novo centro de distribuição em Lelystad, na Holanda, que deverá complementar as 10 plataformas logísticas da Inditex centralizadas em Espanha.
2África no topo dos rankings de escravatura
Segundo as estimativas publicadas pela organização não-governamental Walk Free Foundation, África tem 23% das pessoas envolvidas em escravatura moderna, com cerca de 9,2 milhões de homens, mulheres e crianças a sofrerem abusos todos os dias. O Global Slavery Index, publicado pela entidade australiana, concluiu que o continente africano, com 51 países e 16% da população mundial, tem a maior prevalência de escravatura moderna, com 7,6 por cada 1.000 pessoas. Segue-se a Ásia e o Pacífico (6,1 vítimas) e a Europa e a Ásia Central (3,9 vítimas). Contudo, quando se separa trabalho forçado e casamento forçado, emerge uma imagem diferente. Em termos de trabalho forçado, a Ásia e Pacífico tem a prevalência mais elevada (4 vítimas por cada 1.000 pessoas), seguida da Europa e Ásia Central (3,6 vítimas) e África (2,8 vítimas). A prevalência de trabalho forçado foi a mais baixa nos estados árabes (2,2 vítimas) e nas Américas (1,3 vítimas). A nível regional, o impacto de conflitos e trabalho forçado imposto pelo Estado manteve-se consistente com as conclusões mundiais. Os países com maior prevalência nas diversas regiões incluem a Eritreia, Burundi e República Centro Africana (África), a Venezuela, o Haiti e a República Dominicana (Américas), a Coreia do Norte, o Afeganistão e o Paquistão (Ásia e Pacífico), síria, Iraque e Iémen (Estados árabes) e Bielorrússia, Turquemenistão e Macedónia (Europa e Ásia Central). A Europa e Ásia Central, contudo, tiveram a resposta mais forte à escravatura moderna, com os países a terem uma classificação média BB. Os governos europeus, em particular, são, no geral, caracterizados por níveis elevados de vontade política e recursos, apoiados por entidades regionais que fazem a monitorização. As Américas têm a segunda resposta mais forte, com uma classificação B, enquanto a Ásia e Pacífico e os Estados árabes obtiveram a classificação CCC. A região africana, com uma classificação CC, teve o nível de resposta governamental mais baixo, mas os autores do estudo ressalvam que isso não diminui «melhorias importantes» registadas nos últimos anos, incluindo a introdução de legislação criminal e de mecanismos de aplicação em vários países, incluindo a Costa do Marfim e a Serra Leoa. «No geral, as nossas conclusões confirmam que a escravatura moderna continua a ser um problema crítico para todos os países», sublinharam os autores. «Tal como responder a preocupações ambientais não pode ser uma tarefa para um único país, também responder à escravatura moderna é um desafio que exige empenho e esforço de todos os países», acrescentam.
3Empresa chinesa quer tecidos inéditos
A gigante chinesa chinesa Dry-Tex abriu um laboratório de inovação para dar resposta à procura do mercado de outdoor por tecidos mais entusiasmantes. Com sede em Xangai, o laboratório desenvolve e testa novos têxteis, ao mesmo tempo que responde às exigências do sistema de certificação Bluesign e das marcas e retalhistas mundiais. A Dry-Tex é já uma das empresas líder em desenvolvimento têxtil, nomeadamente no que diz respeito a laminados e tecidos com elastano. Com base na sua experiência, a gigante chinesa acredita que será capaz de desenvolver e testar tecidos «nunca antes vistos», com várias características de performance, incluindo respirabilidade, gestão de humidade e impermeabilidade. «Tendo em conta a enorme abrangência deste empreendimento, o laboratório de inovação esteve anos em incubação, exigindo um capital e poder intelectual consideráveis», afirma Andy Dong, presidente da Dry-Tex. «Uma vez que a maior parte dos nossos clientes estão focados no outdoor, estão sempre à procura de inovações inigualáveis. Posso dizer com orgulho que a Dry-tex está equipada para dar as inovações que eles têm procurado», acrescenta. Fazendo parte do Bluesign, a Dry-Tex afirma que a empresa usa materiais e processos de produção sustentáveis em termos ambientais. «A minha equipa e eu viajamos muito em busca dos melhores tecidos e dos mais sustentáveis para o mercado de outdoor de performance», destaca Chris Parkes, presidente da Concept III, parceira da Dry-Tex que desenvolve e aprovisiona novos materiais para marcas de outdoor e vestuário de performance. «Acredito que o laboratório de inovação vai criar alguns têxteis entusiasmantes ao mesmo tempo que assegura os elevados padrões que a Dry-Tex se auto-impôs», resume Parkes.
4Gucci alimenta crescimento do Kering
O grupo francês de luxo registou um aumento do lucro superior a 185% no primeiro semestre de 2018, creditando a performance «excelente» nestes seis meses ao foco no luxo. O lucro líquido atingiu 2,36 mil milhões de euros graças, sobretudo, à marca Gucci, que registou uma margem operacional recorde de 38,2% e um crescimento de 44,1% em termos comparáveis. As vendas do Kering no primeiro semestre atingiram 6,4 mil milhões de euros, mais 33,9% em termos comparáveis, impulsionadas por um forte crescimento das vendas tanto nos mercados emergentes como nos mercados maduros, com um aumento de 45,4% na América do Norte, 25,1% na Europa Ocidental, 37,6% na Ásia Pacífico (excluindo o Japão) e 30,7% no Japão. Os resultados são ainda a continuação de um forte crescimento das vendas para a Gucci. A Yves Saint Laurent, por seu lado, registou um crescimento de 19,7% do volume de negócios no período, enquanto a Bottega Veneta sentiu uma diminuição de 0,9% das vendas. As outras casas de moda do grupo sentiram também um forte incremento do volume de negócios, que aumentou 36,5% em termos comparáveis, liderado pela Balenciaga e por um ritmo de crescimento maior da Alexander McQueen. Stella McCartney, Volcom, Christopher Kane e Puma são apresentadas como operações em descontinuação. «O Kering conseguiu performances de lucro excecionais no trimestre e a seis meses. O nosso crescimento, baseado na exclusividade e desejabilidade das nossas marcas, é extraordinariamente saudável», afirmou o CEO François-Henri Pinault. «O modelo de desenvolvimento que implementamos nas nossas casas abre caminho à criação com cada vez mais valor, assim como a um crescimento orgânico rentável, sustentado e consistente. Numa altura em que enfrentamos comparações cada vez mais desafiantes e um ambiente global incerto, vamos, mais uma vez, melhorar substancialmente as nossas performances financeiras e operacionais em 2018», adiantou.
5Exportações do Paquistão em ascensão
Os números mais recentes mostram que as exportações de têxteis e vestuário pronto-a-vestir do Paquistão aumentaram 11% e quase 9%, respetivamente, no último ano fiscal. Entre julho de 2017 e junho de 2018, as exportações de pronto-a-vestir atingiram 2,58 mil milhões de dólares, em comparação com 2,32 mil milhões de dólares no ano anterior, representando um crescimento de 11,2%. As exportações de têxteis subiram 8,7%, para 13,53 mil milhões de dólares, segundo os dados do gabinete de estatística do Paquistão. Durante este período, foram exportadas cerca de 481,8 milhões de peças de vestuário pronto-a-vestir, o que representa um incremento de 15%. As exportações de vestuário em malha representaram 2,72 mil milhões de dólares, equivalente a 1,3 mil milhões de peças. As exportações de tecido de algodão aumentaram 3,2%, para 2,2 milhões de dólares, enquanto as de fio de algodão ascenderam a 1,37 mil milhões de dólares (+10,3%). De acordo com uma análise do Paquistão no site re:source, os têxteis e vestuário contribuíram com quase 70% das exportações do país em termos de valor. A atual política têxtil do país, em vigor até 2019, tem como meta duplicar as exportações de têxteis e vestuário para 26 mil milhões até 2019.
6Microfibras têxteis poluem Antártico
O grupo ativista ambiental Greenpeace publicou um relatório que mostra que a extensão da poluição – incluindo a causada por microfibras têxteis – chega ao Antártico. Publicado como parte da campanha “Proteger o Antártico”, o relatório “Microplásticos e químicos fluorados persistentes no Antártico” revela a presenta de microplástico e químicos em amostras de água e gelo de uma expedição recente. Microplásticos persistentes e químicos perigosos e persistentes foram encontrados em regiões remotas da Península Antártica e no Estreito de Bransfield, incluindo em áreas que estão a ser consideradas para proteção devido à sua importância para a vida selvagem. Especificamente, foram recolhidas oito amostras de água de superfície de quatro localizações diferentes nas águas do Antártico em fevereiro. Todas continham pelo menos uma fibra sintética, com microplásticos identificados em sete das oito amostras. As fibras identificadas incluem poliéster, polipropileno, poliamida, politetrafluoretileno (Teflon) e uma forma de acetato. Todas as amostras continham uma ou mais fibras identificadas como celulose. Em várias amostras, estas eram a maioria das fibras presentes. De acordo com o relatório, duas das fontes de fibras microplásticas no oceano são, provavelmente, os têxteis e as redes de pesca. As fibras sintéticas, sobretudo o poliéster, é muito usado em artigos têxteis, representando 60% das matérias-primas usadas em vestuário. A Greenpeace afirma que a indústria da moda planeia quase duplicar a utilização de poliéster, para 76 milhões de toneladas anuais em 2030. «A nossa análise fornece informação nova para aprofundar a nossa compreensão do problema da poluição por plástico nos nossos oceanos e enfatiza porque é que precisamos de ações urgentes para responder ao problema na fonte, de forma a proteger os nossos oceanos e a vida marinha», indica a Greenpeace no relatório. «Isso significa tomar medidas em terra e no mar para proteger o nosso oceano. Em todo o mundo, temos de parar o fluxo de plástico no oceano, pedindo às empresas para reduzir a quantidade de plástico que está a ser produzida e apelando aos governos para introduzirem medidas que possam ajudar a pôr fim à era do plástico de uma única utilização», acrescenta. A descoberta de microfibras no oceano tornou-se uma questão mundial, com vários países a porem em prática estratégias para responder ao problema. No início do ano, a International Union for Conservation of Nature e a empresa social Searious Business lançaram uma ferramenta online para ajudar as empresas a medirem as suas emissões de plástico e receberem recomendações para reduzir o seu impacto. E uma nova lei do Estado da Califórnia, nos EUA, exige que todas as peças de vestuário feitas com tecido feito maioritariamente com poliéster ostentem uma etiqueta a avisar que a mesma liberta microfibras de plástico na lavagem. Em maio, o governo britânico lançou um projeto de investigação de 200 mil libras para analisar o impacto do vestuário no ambiente marinho. E a organização não-governamental britânica Hubbub lançou recentemente uma campanha para consciencializar os consumidores de que o vestuário que compram pode contribuir para a poluição por plástico. A Greenpeace também tem destacado outras questões preocupantes relacionadas com indústria têxtil e de vestuário, incluindo a campanha Detox, lançada em 2011, para eliminar a utilização de químicos perigosos.