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Breves

  1. Lã responsável chega ao retalho
  2. Zegna vítima da guerra comercial entre China e EUA
  3. Os bons resultados da Fast Retailing
  4. Artémis compra 100% da Courrèges
  5. Empresas motivadas a incorporar o #metoo
  6. Kering e Albini inovam no algodão

1Lã responsável chega ao retalho

As primeiras peças de vestuário com a certificação “Responsible Wool Standard” (RWS) já estão à venda em retalhistas de todo o mundo. A RWS foi lançada em junho de 2016 pela Textile Exchange. Os objetivos da certificação são oferecer à industria a melhor ferramenta possível para reconhecer as melhores práticas dos produtores de todo mundo, criar uma norma industrial para o cuidado de animais e ordenamento do território, garantir que a lã chega de quintas com uma abordagem inovadora na gestão do terreno, nas quais as ovelhas são tratadas de forma responsável e, por último, estabelecer um sistema sólido de supervisão, que vai desde a quinta ao produto final. A Arket, marca da H&M, comprometeu-se já a usar apenas produtos com a certificação RWS ou lã reciclada até 2022. Os seus primeiros artigos com a Responsible Wool Standard incluem lã produzida no Uruguai e na Austrália. «A lã é essencial para a nossa gama de produtos e é simultaneamente bonita e durável. Estamos, por isso, muito entusiasmados por introduzir a Responsible Wool Standard nas nossas coleções outono/inverno 2018-2019 com vestuário e acessórios produzidos com lã merino e em cru certificada RWS», afirmou Karin Brinck, diretora da Arket para a sustentabilidade. «Esta é uma cadeia de aprovisionamento rastreável e responsável, tanto para os animais como para o seu meio ambiente», sublinhou. Entretanto, a marca Eileen Fisher também se estreou no vestuário com certificação RWS, fabricado com lã peoveniente da Nova Zelândia e da Argentina. «Acredito que a única forma de termos uma indústria mais responsável é ajudando a liderar a mudança. Isso significa envolvermo-nos com parceiros que partilham os nossos valores – outras marcas, os nossos fornecedores e os nossos consumidores. Foi dessa forma que abordamos a lã responsável, sendo parceira da Textile Exchange e dos fornecedores certos», explica a fundadora da marca, Eileen Fisher. Também a retalhista britânica Marks & Spencer lançou os seus primeiros produtos com RWS, não segmento do vestuário masculino. A lã provém de uma rede de produtores da Nova Zelândia. Phil Townsend, especialista em matérias-primas na Marks &Spencer, revelou que a retalhista «está orgulhosa por ser uma das primeiras a lançar produtos com certificação RWS» e ainda por ter «desempenhado um papel significativo no seu desenvolvimento» junto da Textile Exchange e outros parceiros. «Esta é uma grande etapa, que faz parte do Plano A, o nosso compromisso constante de sermos mais transparentes acerca dos nossos fornecedores e garantir que as nossas matérias-primas provêm de fontes sustentáveis, que respeitam o ser humano, as comunidades, o planeta e o bem-estar dos animais», destacou Townsend.

2Zegna vítima da guerra comercial entre China e EUA

A guerra em curso com os EUA está a atingir os consumidores chineses psicologicamente, causando uma diminuição na procura por produtos de luxo na segunda metade do ano, revelou o grupo de luxo de vestuário masculino, Ermenegildo Zegna. «Nos últimos meses, posso dizer que houve uma quebra do consumo e provavelmente o consumidor está a tornar-se mais cuidadoso no que compra», revelou o CEO da Ermenegildo Zegna Gildo Zegna, numa entrevista em Shanghai. Por consequência, a marca de fatos de luxo italiana também procurará ser mais prudente e está a planear um orçamento mais conservador no que toca ao investimento na China no próximo ano. Ainda que o Império do Meio um dos seus maiores mercados, a Zegna não irá aumentar o número de lojas, afirmou o CEO. O mercado de luxo global depende agora da procura chinesa para mais de um terço das vendas, tornando as marcas vulneráveis a qualquer indício de descida nas intenções de compra na maior franja mundial de consumidores. «Sou mais cauteloso do que há três meses atrás. No próximo ano, vamos planear um orçamento mais ponderado, porque há muitas incertezas no ar e temos que ser realistas», admitiu Gildo Zegna. «Temos que estar preparados para o pior e agir conforme isso», reconheceu. Ainda assim, há boas notícias para a Zegna, acrescentou o CEO, já que o enfraquecimento do yuan está a fazer com que os consumidores chineses comprem mais em território chinês, em vez de além-fronteiras, uma tendência que beneficia a marca, já que a Zegna conta com uma cadeia de cerca de 50 lojas por toda a China. «Pelo menos, a turbulência funcionou parcialmente a nosso favor», referiu. A marca manteve os preços na China estáveis, apesar do enfraquecimento da moeda. O grupo, com sede em Milão, que no início do ano assumiu o controlo da marca Thom Browne, muito apreciada pela antiga primeira dama Michelle Obama e outras celebridades, por cerca de 500 mil milhões de euros, anunciou ainda que o foco é fazer crescer o calçado e os acessórios na China, onde os millennials são quem mais gasta dinheiro.

3Os bons resultados da Fast Retailing

A Fast Retailing está claramente na mó de cima. Resultados financeiros positivos, uma nova colaboração da Uniqlo e a uma nova fábrica de alta tecnologia são algumas das novidades da empresa japonesa. A proprietária da Uniqlo anunciou que teve um ano fiscal com resultados acima das expetativas e revelou uma perspetiva de crescimento acima do esperado nos lucros do novo ano. A Fast Retailing registou um aumento de 15% nas receitas e de 30% nos lucros líquidos. O progresso dos resultados finais deste ano fiscal foram reduzindo a velocidade, mas a projeção dos ganhos iniciais superou as expetativas. Mas há mais novidades. Uma década depois, Alexander Wang vai juntar-se novamente à Uniqlo, numa coleção conjunta. O designer americano usou o Instagram para divulgar o lançamento de uma coleção cápsula, que estará à venda a partir de 9 de novembro. A colaboração entre a Uniqlo e Alexander Wang vai centrar-se na linha Heattech da marca, especializada em roupa interior térmica. A oferta ainda não foi revelada, mas o designer adiantou à Vogue que a gama irá incluir bodysuits, t-shirts, leggings e soutiens. As peças estão disponíveis em tons suaves e neutros, privilegiados por Wang, bem como em verde florescente. Os preços vão variar entre os 15 e os 35 dólares (de 13 a 30 euros). No âmbito tecnológico, a Fast Retailing dispõe agora de um armazém em Tóquio onde as operações são realizadas virtualmente por um sistema robótico. O sistema realiza automaticamente trabalho como inspeções, por exemplo, e seleciona artigos de vestuário. Este mês iniciaram-se as operações a grande escala «resultando numa redução de 90% da mão de obra no local», apontou a empresa. Trata-se do primeiro armazém no qual a maior parte do trabalho é automatizado. O sistema robótico está programado para transferir produtos entregues de camião no local, ler etiquetas eletrónicas dos artigos e confirmar os números do stock e outas informações. No transporte, o sistema embala os produtos presentes na correia transportadora e coloca etiquetas. Apenas uma pequena parte do trabalho no armazém precisa de ser efetuado por funcionários, referiu a empresa. A Fast Retailing desenvolveu o sistema automático ao remodelar um armazém que já existia em colaboração com a Daifuku Co, fornecedor líder de sistemas de manuseamento de material. «Queremos introduzir o sistema nos nossos armazéns de todo o mundo em poucos anos», o que custará cerca de 100 mil milhões de yens (776 mil milhões de euros), afirmou o presidente da Fast Retailing, Tadashi Yanai, em conferência de imprensa.

4Artémis compra 100% da Courrèges

A Courrèges foi adquirida na totalidade pela holding Artémis, propriedade de François Pinault e da sua família, por um valor que não foi revelado, de acordo com o WWD. A Artémis aumentou a sua percentagem na empresa, de 40% para 100%. A casa de moda parisiense tinha sido vendida por André e Coqueline Courrèges, em 2011, aos publicitários franceses Jacques Bungert e Frédéric Torloting. Depois de dar início a uma grande reestruturação na primavera de 2017 sob a gestão do perito François Le Ménahèze, este ano, a marca nomeou Christina Ahlers como CEO e Yolanda Zobel como diretora criativa. Esta última foi escolhida depois de uma pesquisa que durou 7 meses. No momento da sua nomeação, a antiga diretora criativa da Jil Sander afirmou que a Courrèges a inspirou não só a si mas também «a gerações de designers, com o seu anticonformismo, espírito de vanguarda e irresistível alegria de viver». Já Christina Ahlers admitiu que partilha dos valores «de inovação e criatividade» da empresa. «Tenho uma admiração profunda por esta casa. Tive a sorte de fazer parte no sucesso mundial de duas grandes marcas. A ambição da Courrèges é extraordinária. Vou aplicar toda a minha paixão pela moda e a minha experiência para a tornar uma realidade», assegurou. No início do mês, a marca também revelou um novo logotipo, desenhado pelo diretor de arte Peter Saville e começou a lançar uma serie de pequenos vídeos no instagram, usando imagens de arquivo, sob a hastag #thefutureisbehindyou.

5Empresas motivadas a incorporar o #metoo

A Ethical Trading Initiative (ETI) está a motivar as empresas a incorporar o movimento #metoo nas suas cadeias de aprovisionamento, principalmente nos níveis mais baixos, para ajudar a lutar contra desigualdade de género e a discriminação contra as mulheres. O movimento #metoo contra o abuso e o assédio sexual conta com muitas alternativas locais e internacionais e tornou-se viral em outubro de 2017, quando a hashtag foi usada nas redes sociais para demonstrar o predomínio generalizado da violência sexual e do assédio, especialmente nos locais de trabalho. «A desigualdade de género está presente em muitas indústrias na maior parte do mundo», refere a ETI. «As mulheres são mais propensas do que os homens a serem empregadas em trabalhos de baixas competências, incluindo trabalhos precários, e frequentemente não tem as capacidades e a confiança para evoluir para um emprego mais estável e mais bem pago. Ainda assim, combater a desigualdade de género e a discriminação não beneficia apenas as mulheres e a sociedade em geral, mas também é bom para o negócio. Um número crescente de evidências revela que a igualdade de género também pode ajudar as empresas a aumentar a produtividade, reduzindo o absentismo, a rotatividade do pessoal, as horas extraordinárias e os erros na produção», revela a ETI. Uma tentativa de lutar contra as causas da desigualdade, a ETI publicou um conjunto de orientações, enumerando possíveis problemas de género em cadeias de aprovisionamento e como as empresas podem responder, publicado em duas partes. A primeira estabelece a lógica para lutar contra a desigualdade de género, incluindo fatores-chave que afetam as mulheres nas suas vulnerabilidades. Isto inclui garantir a liberdade de sindicalização, condições de trabalho de segurança e higiene, ausência de trabalho infantil, salário mínimo pago, horas de trabalho não excessivas, ausência de discriminação, trabalho regular e nenhum tratamento extremo ou desumano. A segunda parte traça, em linhas gerais, uma abordagem à integração gradual da igualdade de género e aos direitos das mulheres trabalhadoras, aproximando-se, com a diligência devida, aos direitos humanos, com exemplo das melhores práticas. «As mulheres estão representadas desproporcionalmente nos escalões mais baixos das cadeias de aprovisionamento e não há muita esperança na progressão para um trabalho mais produtivo e bem pago», afirma Halima Ahmed, conselheira da ETI para o género e diversidade. «Isto é mau para as mulheres e para o negócio. As empresas precisam de compreender melhor os riscos e as vulnerabilidades que são especificas das trabalhadoras e fazer face a elas», explica. Halima Ahmed refere que embora o movimento #metoo tenha dirigido uma atenção inestimável contra o abuso sexual, agora precisa de estender-se a cadeias de aprevisionamento mundiais e ser usado como alavanca para melhorar os direitos laborais das mulheres. «Quando as mulheres são respeitadas e podem ganhar um salário digno, há um efeito multiplicador. Elas apoiam-se a si mesmas e às suas famílias e podem contribuir para o desenvolvimento de comunidades e de economias mais sustentáveis em todo o lado», assegurou.

6Kering e Albini inovam no algodão

A Albini estabeleceu uma parceira com a empresa científica Oritain para produzir o que afirma ser o primeiro algodão Supima orgânico 100% rastreável, que será usado pelo grupo Kering, proprietário das casas de moda Gucci, Saint Laurent, Balenciaga ou ainda Alexander McQueen. A produtora de tecidos italiana refere que a parceria mostra «o valor da transparência e inovação através da cadeia de aprovisionamento desde o cultivo até à peça de vestuário». Ao utilizar apenas algodão Supima orgânico, que é tecido e tingido pela Albini, é possível rastrear completamente o tecido e a origem da fibra, graças à ciência forense utilizada pela Oritain. A empresa científica vai analisar as propriedades químicas naturalmente presentes na fibra, criando uma impressão digital química única para o produto, que o irá ligar até ao terreno onde foi cultivado e que não poderá ser alterada, copiada ou adulterada. A Oritain poderá testar o produto em todos as suas fases da cadeia de aprovisionamento para verificar que o tecido é consistente em relação à impressão digital original e não foi substituído, misturado ou alterado. Apenas uma combinação exata garante que o produto é autêntico. «A rastreabilidade nas fragmentadas cadeias de aprovisionamento da moda é imperativa para criar uma mudança real», assegura Cecilia Takayama, diretora do laboratório de inovação de materiais do grupo francês do luxo. «Na Kering, estamos focados em fornecedores de matérias primas sustentáveis e esta tecnologia inovadora para a nossa cadeia de aprovisionamento de algodão orgânico vai dar ao laboratório de inovação de materiais uma maior visibilidade para verificar as melhores práticas agrícolas e a qualidade da fibra, garantir a integridade da cadeia de aprovisionamento e assegurar o alinhamento com os padrões da Kering», aponta. Rupert Hodges, CEO da Oritain, acrescenta que a rastreabilidade tem sido uma palavra muito usada na moda nos últimos tempos, mas que ainda há alguns desafios na indústria. «Através desta parceria, podemos apoiar o grupo Kering, a Supima e a Albini a oferecer praticas responsáveis e sustentáveis nas cadeias de aprovisionamento de algodão. O compromisso destes líderes da indústria para trabalhar com a Oritain demonstra o valor científico que a rastreabilidade proporciona às empresas com cadeias de aprovisionamento mundiais complexas. Estamos muito entusiasmados por expandir este projeto com os nossos parceiros e ajudar a estabelecer um novo padrão na indústria para a rastreabilidade dentro do sector do vestuário», conclui Hodges.