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  1. Martin Margiela quebra o silêncio
  2. Vendas e lucros disparam na Asos
  3. Chineses continuam a deitar a mão às marcas europeias
  4. Amazon abre pop-up de vestuário em Londres
  5. Tamanhos grandes ainda são raros nos desfiles
  6. MIT aposta na Inteligência Artificial

1Martin Margiela quebra o silêncio

No mundo da moda, Martin Margiela é como uma criatura mítica. Antes de se ter afastado, abruptamente, da sua marca em 2008, depois de décadas a criar roupa radicalmente inovadora, o designer belga foi considerado um dos visionários do seu tempo. «Todos são influenciados pela Comme des Garçons e por Martin Margiela», afirmou Marc Jacobs. «Qualquer pessoa que esteja a par do que é a vida num mundo contemporâneo é influenciado por esses designers», acrescentou. Além do status de visionário, Margiela raramente foi visto ou ouvido, pelo que o mito cresceu, preenchendo a capacidade de imaginação do mundo da moda. Ano passado dia 11 de outubro, os Belgian Fashion Awards premiaram Martin Margiela com o Premio do Júri em honra de «toda a sua carreira e o seu impacto óbvio na história da moda, nas coleções de hoje e nas que ainda virão». Ainda que não tenha aparecido para reclamar o prémio, o criador de moda quebrou o silêncio com uma curta carta de aceitação. Publicada pela Dazed, a carta não falava apenas da gratidão em relação ao prémio. Revelava também algumas das razões que o levaram a abandonar a moda, falando sobre a crescente pressão criada pela nova velocidade da indústria e incluía ainda a sua opinião acerca dos efeitos negativos das redes sociais. «É um tributo muito bonito a um período de grande trabalho e dedicação, que começou cedo e que durou mais de 30 anos, até 2008 – o ano que eu senti que não conseguia mais lidar com a crescente pressão mundial e as exigências do comércio. Também lamento a overdose de informação presente nas redes sociais, que destroem “o entusiasmo da espera” na moda, que anula o efeito surpresa, tão fundamental para mim», escreveu. Margiela acrescentou uma nota positiva, frisando que está feliz por notar «um interesse crescente na criatividade da moda por parte de alguns designers emergentes». Muitos destes designers terão sido influenciados pelo trabalho de Margiela. É evidente, por exemplo, nas roupas criadas por por Demna Gvasalia ou Virgil Abloh. A marca Margiela vive sem o designer, agora sob a liderança criativa de John Galliano. Um dos seus desfiles, no ano passado, foi inspirado precisamente nas redes sociais e nas máscaras que construímos online.

2Vendas e lucros disparam na Asos

A Asos divulgou os seus resultados anuais, registados até 31 agosto, que revelam uma subida de 26% nas receitas, para 2,42 mil milhões de libras (cerca de 2,73 milhões de euros), e nas vendas, para 2,35 mil milhões de libras. Este foi o terceiro ano consecutivo de crescimento nas vendas acima dos 20%, com a faturação a mais do que duplicar durante o mesmo período. Numa altura em que o sector do retalho no Reino Unido está na mó de baixo, as vendas aumentaram 23%, para 861,3 milhões de libras. Os consumidores do Reino Unido também aumentaram, 15%, com uma subida significativa de 10% na frequência de compra. Nick Beighton, CEO da Asos, classificou a performance da retalhista moda online neste exercício como «excelente… ainda mais satisfatória tendo em conta o difícil panorama empresarial». Além disso, as vendas internacionais cresceram 27%, para 1,49 mil milhões de libras. As vendas na União Europeia aumentaram 28%, com os clientes a crescerem 25%, para 7 milhões, mais um milhão do que no mercado britânico. As vendas no resto do munto cresceram 18%, com os clientes a aumentarem 17% até aos 2,8 milhões, «com performances particularmente satisfatórias na Rússia e em Israel, mas um cenário mais desafiador na Austrália», aponta o relatório. Os consumidores da Asos aumentaram, de forma geral, 19%, enquanto o valor médio de compras cresceu 1% e a frequência de compras 7%. Quanto a ganhos e margens, o lucro bruto subiu 29%, para 1,27 mil milhões de libras, e os lucros antes de impostos escalaram 28%m para os 102 milhões de libras.

3Chineses continuam a deitar a mão às marcas europeias

O grupo chinês Semir comprou a gigante de vestuário de criança Kidiliz, com o objetivo de criar o segundo maior conglomerado da indústria, de acordo com um comunicado de imprensa. No documento lê-se que as negociações entre os dois grupos, que começaram em maio último, «finalizaram a 1 de outubro de 2018, com a aquisição, por parte do Semir, de 100% da participação no grupo Kidiliz». O valor da transição não foi revelado. Estima-se que a operação irá permitir à Kidiliz «acelerar a sua expansão na China, já que terá a sua disposição no país o suporte necessário, o conhecimento e a capacidade de implementação do seu novo acionista». O grupo Zannier – batizado Kidiliz em 2016 – tem 15 marcas em carteira, tais como Catimini, Z, Absorba, Chipie ou Lili Gaufrette e é líder em moda infantil premium na Europa. As marcas do grupo são vendidas em 11 mil lojas por todo o mundo, das quais 830 são pontos de venda próprios, e comercializam, anualmente, 40 milhões de produtos em 80 países. No ano passado, a receita do grupo Kidiliz foi de 427 milhões de euros, com mais de metade gerado fora de França. O grupo emprega 3.500 pessoas em todo o mundo, das quais cerca de 2 mil em França. Já o Zhejiang Semir Garment é líder da moda infantil na China, com uma rede de 8 mil lojas monomarca, e gera uma receita de 1,6 mil milhões de euros. O grupo está listado na Bolsa de Valores de Shenzhen desde 2011 e vale 9 mil milhões de euros. «Juntos, os dois grupos farão nascer o número dois mundial em moda para criança», afirmaram os dois parceiros, acrescentado que as «orientações de desenvolvimento das duas empresas se complementam, com a Semir concentrada na China e na Ásia e o Kidiliz na roupa de criança premium».

4Amazon abre pop-up de vestuário em Londres

Será a primeira vez que a Amazon irá arriscar numa loja física na Europa. A gigante online vai abrir uma loja pop-up, centrada na moda, em Londres, na célebre Baker Street, entre os dias 23 e 27 de outubro. De acordo com o Evening Standard, o ponto de venda vai contar com vestuário de marcas parceiras da Amazon, como Calvin Klein, Tommy Hilfiger e Aldo, assim como das suas próprias marcas, incluindo a Find, Truth & Fable e Meraki. Os clientes podem comprar a roupa através da aplicação da Amazon ou na própria loja. Não é a primeira vez que o gigante de comércio eletrónico se aventura numa loja física, tendo lançado uma mão cheia de livrarias e mercearias nos EUA nos últimos anos. Em setembro, abriu uma loja de retalho em Nova Iorque, batizada Amazon 4-star, que apenas vendia produtos que tivessem sido classificados com 4 de 5 estrelas pelos clientes da retalhista online. A loja londrina será mais envolvente e, além de contar com stylists no local, vai destacar uma categoria diferente do departamento de moda da Amazon em cada dia. Amanhã, o foco será nas tendências de outono e verão, na quarta-feira centrar-se-á na beleza, quinta-feira no fitness e bem-estar, enquanto sexta-feira e sábado o destaque será para o street e party wear. Ainda que esta seja a primeira vez que aposta numa loja física dedicada ao vestuário, a Amazon tem investido na moda há mais de uma década.

5Tamanhos grandes ainda são raros nos desfiles

As recém-lançadas coleções de primavera/verão 2019 foram as mais diversas de sempre. O estudo de diversidade do Fashion Spot analisou os castings de modelos em Nova Iorque, Londres, Milão e Paris e descobriu que 36,1% dos modelos vistos nas passerelles eram pessoas de cor, um crescimento de 3,6% em comparação com os desfiles de outono/inverno 2018. O impacto foi sentido com maior intensidade em Nova Iorque, com 44,8% das modelos a serem mulheres de cor, à frente de Londres com 36,2% e Paris com 32,4%. Milão ficou para trás, perto dos 30%. Na verdade, a cidade italiana foi a única, nesta estação, com um desfile onde não marcou presença nenhuma mulher de cor na passerelle. Houve modelos que beneficiaram de um panorama mais diversificado. A grande vencedora foi Winnie Harlow, do Canadá, que apareceu em 14 passerelles, e ainda Adwoa Aboah, do Reino Unido, que foi a estrela de sete desfiles. A diversidade no que toca a tamanhos foi mais visível do que na estação passada, ainda que não tão elevada quanto a diversidade étnica. 54 modelos de tamanhos grandes desfilaram em 15 eventos, com maior presença na Dolce & Gabbana. Trata-se de um aumento em relação às 30 modelos em 10 desfiles que estiveram na estação anterior, mas, na verdade, não se trata de um número significativo. O mais notável nesta estação foi o número de mulheres transgénero, com 91 modelos em 52 desfiles. A evolução da diversidade na passerelle foi alvo de críticas nas estações anteriores, resultante da falta de variedade. Com relatórios como este, é claro que a pressão para manter uma abordagem mais diversa a um dos maiores acontecimentos da moda vai continuar.

6MIT aposta na Inteligência Artificial

O Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT) vai criar uma nova faculdade, dedicada à Inteligência Artificial (IA), cujo público-alvo não será apenas quem tem um histórico ligado à programação. A nova faculdade vai forcar-se numa educação interdisciplinar de IA, formando estudantes de biologia, química, história e linguística, possibilitando-lhes assim a utilização da inteligência artificial no seu ramo, referiu o presidente do MIT, Leo Rafael Reif, ao New York Times. A ética na IA também fará parte do plano de estudos. Quando a angariação de fundos estiver concluída, a universidade vai despender mil milhões de euros para construir a nova faculdade e o seu próprio espaço no campus. Para já, dois terços dos fundos estão assegurados, sendo que metade provém de uma participação privada de Stephen Schwarzman, CEO da Blackstone. Leo Rafael Reif explica que quem já compreende a inteligência artificial, poderá tornar-se «bilingue», acrescentando que a faculdade irá criar a sua estrutura no sentido de diminuir as lacunas entre as ciências da computação e o resto do ensino. Investigadores do impacto da IA na sociedade sugeriram insistentemente a expansão da educação interdisciplinar, em campos onde os informáticos podem, por vezes, negligenciar as nuances de outras áreas. Tal pode causar consequências não intencionais, como involuntariamente criar sistemas médicos injustos com certas camadas da população.