Os protestos pró-democracia começaram a sufocar partes de Hong Kong, o centro financeiro da Ásia, no final de setembro, interrompendo os negócios num dos maiores mercados do mundo para as empresas de luxo, o qual representa cerca de 10% das vendas globais da Burberry. No entanto, a marca de luxo britânica compensou a queda com crescimentos de vendas de dois dígitos percentuais nas Américas e na Europa, Médio Oriente e África, auxiliados pelo relançamento da sua tradicional gabardina, apoiada por anúncios publicitários com as modelos britânicas Kate Moss e Cara Delevigne. A Burberry divulgou que as vendas no retalho subiram 14% para os 604 milhões de libras de outubro a dezembro, o seu terceiro trimestre fiscal, com um crescimento comparável de 8%, estável em relação ao trimestre anterior e acima das expectativas médias dos analistas. «O mercado não parece dar muito crédito ao superior impulso das vendas da Burberry», afirmou Thomas Chauvet, analista do Citi, acrescentando que isso poderia ser devido à incerteza sobre as margens de lucro e ao potencial corte de custos. Chauvet tem uma classificação de «neutro» para as ações da marca de moda. A Burberry divulgou que o crescimento de vendas na Ásia-Pacífico caiu para o dígito único baixo a partir dos dois dígitos de crescimento nos seis meses anteriores, à medida que as vendas no mercado de alta margem de Hong Kong caíram ligeiramente, embora a China continental e a Coreia do Sul se mantivessem estáveis. «A China ainda foi robusta (…) vimos alguma desaceleração no número de transações e valor, mas ainda está a crescer para nós», revelou a diretora financeira Carol Fairweather. Mesmo antes dos protestos, as empresas de bens de luxo estavam já sob pressão, como resultado de uma campanha anticorrupção na China. A Burberry explicou que a desaceleração em Hong Kong e a diminuição nas vendas de margem alta mais do que compensaram uma melhoria modesta nas taxas de câmbio sobre as quais a empresa britânica referiu em novembro que poderiam prejudicar a sua margem anual de retalho/grossista.