O grupo de moda e acessórios de luxo Burberry só deverá apresentar os seus resultados financeiros relativos ao ano fiscal de 2002 durante o mês de Maio, mas os resultados relativos ao seu último semestre (encerrado a 31 de Março) deixam antever um ano de vendas recorde em 2002. O volume total de negócios da Burberry, que inclui as vendas nas suas lojas próprias e nas lojas multimarcas, assim como as receitas provenientes das licenças, aumentou 22%. Em particular, as vendas nas sua lojas próprias cresceram 30%, reflectindo o intensivo programa de aberturas que a marca iniciou desde há dois anos: sete novas lojas durante este último semestre e mais oito já previstas, o que representa um aumento de 10%. As vendas às lojas multimarcas também progrediram de 6%, enquanto que as receitas das licenças cedidas registaram um aumento de 9%. «Estes bons resultados são consequência da nossa forte aposta em categorias de produtos-chave, regiões-alvo e canais de distribuição selectivos», declara Rose Marie Bravo, directora-executiva da Burberry. «Para este novo ano fiscal, continuamos confiantes nas estratégias adoptadas, mas mantemo-nos extremamente atentos dada a actual conjuntura económica mundial», acrescenta. Mas a conjuntura económica não é actualmente a maior apreensão do grupo britânico, famoso pelo seu trenchcoat forrado em tecido xadrez, e que acabou a invadir toda a sua linha de vestuário. A Burberry tem sido também afectada pela síndroma respiratória aguda grave (SRAS), que tem prejudicado as suas vendas, principalmente em Hong Kong. «A epidemia alterou, sem sombra de dúvida, a frequência das viagens com destino a Hong Kong. E mesmo os clientes locais frequentam menos as boutiques, preferindo permanecer em casa», confirma Mike Metcalf, director-financeiro do grupo. «No entanto, as vendas em Hong Kong apenas representam 10% das nossas vendas totais», adianta ainda. Todavia, segundo os analistas do banco JP Morgan, a marca Burberry, assim como as marcas Gucci e Hermès, poderão ser mais ameaçadas se a doença se continuar a propagar a este ritmo, dada a grande importância que os países asiáticos têm em termos de consumidores para estas marcas. Contudo a Burberry, actualmente propriedade do grupo Great Universal Stores (GUS), detém um grande trunfo que dá pelo nome de Christopher Bailey, vindo do grupo Gucci, e que com o seu talento de jovem criador conseguiu alargar o espectro dos consumidores da marca às camadas mais jovens.