Os gigantes de artigos de desporto Adidas e Nike já responderam às alegações de que alguns dos artigos de futebol produzidos para o Campeonato do Mundo de Futebol deste ano, que se realiza no Brasil a partir de 12 de junho, contêm elevados níveis de químicos perigosos. Uma nova investigação da Greenpeace refere também que produtos da Puma estão entre os 33 artigos, incluindo chuteiras, luvas de guarda-redes e a bola oficial Brazuca, que contêm uma gama de substâncias detetadas por testes de laboratório independentes. Químicos como perfluorocarbonetos (PFCs), nonilfenóis etoxilados (NPEs), ftalatos e dimetilformamida (DMF) foram encontrados em produtos das três empresas e comprados em três continentes, revela a Greenpeace. Estas substâncias perigosas podem sair dos produtos e afetar o meio ambiente ou entrar na cadeia alimentar. Algumas delas podem potencialmente causar cancro, interromper o sistema hormonal e serem tóxicos para a reprodução. Mas a Adidas garante que nenhum dos produtos testados coloca riscos de saúde para os consumidores e que todos os resultados e concentrações publicados cumprem cabalmente as exigências legais. De igual forma, a Nike afiança que os seus produtos tiveram resultados dentro dos estabelecidos por agências governamentais e abaixo dos níveis impostos pela sua própria Lista de Substâncias Restritas. A Greenpeace sustenta que os resultados revelaram que as chuteiras Predator da Adidas continham níveis tóxicos de PFCs 14 vezes superiores aos limites da própria Lista de Substâncias Restritas e que PFCs iónicos, como o perigoso ácido perfluorooctanico (PFOA), foram encontrados em 17 das 21 chuteiras e em metade das luvas de guarda-redes testadas. A seguir às chuteiras Adidas Predator, as chuteiras Tiempo da Nike continham os níveis mais elevados de PFOA com 5,93 microgramas por m2. Um par de luvas Adidas Predator continha também níveis da substância acima dos impostos pela própria marca. Ftalatos e DMF foram detetados em todas as 21 chuteiras. O DMF usado como solvente na produção está classificado como tóxico para a reprodução e pode ser prejudicial quando em contacto com a pele. NPE, uma substância que quando é libertada no meio ambiente degrada-se em nonilfenol, que é conhecido por ser tóxico para os peixes e outros organismos do meio aquático, foi também encontrado em dois terços das botas e em metade das luvas, indicando um uso generalizado deste químico, acrescenta a Greenpeace. A bola oficial do Campeonato do Mundo, a Brazuca, continha também NPEs embora a Adidas afirme que a quantidade presente seja 50 vezes mais baixa do que as diretrizes europeias. A empresa assegura que não só os seus produtos cumprem todos os critérios legais, como também está a pedir à Greenpeace para partilhar os detalhes da metodologia de teste, «uma vez que gostaríamos de verificar os resultados através de institutos independentes». E acrescenta que «nenhum dos resultados dos testes sugere uma utilização deliberada desses componentes nos nossos materiais». A Adidas declara, por isso, que «rejeitamos claramente a tentativa da Greenpeace de fazer com os que nossos consumidores acreditem que os nossos produtos não são seguros». A Adidas, a Nike e a Puma são membros da campanha Detox da Greenpeace, o que os compromete a eliminar químicos perigosos dos seus produtos e cadeias de aprovisionamento até 2020. A Nike indica mesmo ter feito «progressos significativos» para esse objetivo. E a Adidas enfatiza que está a trabalhar de perto com os seus fornecedores de materiais e com a indústria química «para eliminar e reduzir a descarga de químicos perigosos na nossa esfera de influência o mais possível». A empresa sublinha que está «empenhada para promover soluções ambientalmente saudáveis e tecnicamente possíveis na indústria». Mas Manfred Santen, ativista da Detox na Greepeace Germany, considera que, apesar dos compromissos com a campanha, a empresa tem de «revelar publicamente a libertação de todos os químicos perigosos e publicar um plano preciso de eliminação de PFCs».