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Conforto e versatilidade redefinem consumo

Embora o consumo de vestuário tenha sofrido grandes quebras com a pandemia, o segmento de activewear conseguiu aumentar com a crescente procura por produtos confortáveis adequados à nova realidade. A tendência que chegou para ficar foi fruto das apostas de várias retalhistas nos últimos meses.

[©Sourcing Journal]

O cenário positivo nesta categoria, que contrasta com as restantes, por verificarem um declínio nas vendas, não passou despercebido para as marcas e retalhistas que decidiram atuar neste sentido. A JCPenney optou por relançar a coleção de activewear Xersion que não atualizava desde 2008. A Khol’s criou também a linha de marca própria FLX e a PacSun apresentou a PacSun Active.

Os dados do NPD Group revelam que os consumidores de activewear investem mais 11% em vestuário do que os compradores que não adquirem artigos desta categoria. Maria Rugolo, diretora e analista da indústria de vestuário do NPD Group explica este dado, acrescentado que os consumidores gastaram mais em activewear masculino e feminino em 2020 e menos nos restantes segmentos, comparativamente com o ano anterior.

«Conforto e a versatilidade» são as palavras que definem o sucesso do activewear, já que a nova realidade influenciou positivamente este tipo de vestuário com as rotinas de teletrabalho, a necessidade de aliviar o stress e ainda os esforços de saúde e bem-estar que saíram reforçados com o Covid-19. «Longe vão os dias da moda rígida e desconfortável; hoje recebemos as categorias de poder de e de conforto», afirma Maria Rugolo, citada pelo Sourcing Journal. «Novos conceitos como workleisure não devem ser confundidos com pijamas ou roupa de ginásio, nem são sinónimo de vestuário profissional tradicional. Em vez disso, é uma tendência para nos ajudar a lidar com os nossos novos estilos de vida», considera.

Para 2021, a Edited, empresa inteligente do mercado de retalho, destaca o potencial do vestuário exterior de activewear, uma vez que Kayla Marci, analista de mercado da empresa, prevê que este tipo de artigos seja «uma tendência para o inverno de 2021, à medida que os consumidores procuram reconectar-se com a natureza».

À semelhança do NPD Group, a Edited confirma o sucesso das categorias de corrida e caminhada, uma vez que as vendas de ténis de performance para estes propósitos aumentaram 31% ao ano.

No entanto, Kayla Marci enfatiza a importância dos treinos online que não devem, na perspetiva da analista de mercado, ser ignorados. «Os exercícios em casa vão continuar a ser rotina no quotidiano de muitos consumidores por conveniência, assim como o teletrabalho que permanecerá como uma mudança de lifestyle, mesmo no futuro pós-pandemia», avança. «Porém, as retalhistas experientes estão a dinamizar as respetivas comunicações, incorporando atividades ao ar livre que podem ser feitas à distância, bem como a desenvolver e a atualizar aplicações fitness, parcerias e aulas online para continuarem a ser relevantes, mesmo quando os ginásios voltarem a reabrir», acrescenta.

À medida que o bem-estar e as rotinas de cuidado pessoal se tornam cada vez mais importantes para os consumidores, o investimento em vestuário de yoga aumenta. De acordo com a Edited, este tipo de produto cresceu 36% ao ano em 2020, tanto nos EUA como no Reino Unido, com um crescimento de 45% no caso dos compradores masculinos.

A categoria de loungewear também mostrou uma grande relevância, visto que o stock das marcas de activewear impulsionou 14% em relação ao ano anterior, um aumento sustentado no reconhecimento das marcas de que é tão essencial promover o conforto e o lazer quanto a atividade física.

Recentemente, a Levi’s apresentou a Red Tab Unisex Sweats, uma coleção de sweaters com um corte vintage descontraído.

A diversidade no vestuário é um dos temas que, segundo Kayla Marci, não deve ser ignorado, tendo em conta que «os consumidores não vão responder bem à exclusão». Os retalhistas precisam de celebrar e servir os consumidores em todas as fases da vida e tornar os artigos de activewear acessíveis a todos», garante.

Como não podia deixar de ser, a Edited registou um crescimento significativo no que diz respeito às chegadas de activewear sustentável, que duplicaram para 20% de janeiro a setembro de 2020, face aos 10% evidenciados em igual período de 2019.

A queda nos preços médios de venda baixou 3% nas retalhistas de desporto nos EUA no mês de agosto em relação aos seis meses anterior, uma tendência que vai continuar em 2021. Kayla Marci aponta, inclusive, para a queda de 4% no preço das camisolas, 6% no vestuário externo e 7% nos ténis de performance. Em sentido oposto, as leggings e os soutiens de desporto estão em alta, tendo este último aumentado 2% comparativamente ao ano anterior e as primeiras subiram 3%, assinalam os dados da Edited.

Desempenho das lojas

A quadra natalícia trouxe ao retalho o crescimento de 2%, apontado até à data, em comparação com o mesmo período de 13 semanas do ano anterior, sugere o NPS Group.

[©Sourcing Journal]
As duas últimas semanas de 2020, individualmente, trouxeram um aumento de vendas de 12% ao ano com a atividade de compra na semana do Natal a cair apenas 2%, tornando-se a comparação anual mais forte desde o encerramento das lojas em março. De forma geral, as compras tiveram a melhor comparação anual na semana do final do ano, impulsionada pelo forte crescimento de 49% das compras online, desde as vendas do Prime Day da Amazon em outubro.

«As compras de última hora estiveram bem vivas durante as festividades de 2020 e ainda não acabou. Com os gift cards e as devoluções em meados de janeiro, sem mencionar os atrasos na entrega de presentes e as restrições na recolha, a verdadeira temporada de compras natalícias vai para além da tradicional», assegura Marshal Cohen, consultor principal de indústria no NPD Group.

Durante a semana do Natal, os videojogos e os computadores foram os artigos que verificaram um maior crescimento anual. As sweaters e o sleepwear lideraram as categorias de vestuário.

Para 2021, Marshal Cohen, estima que o comércio eletrónico vai sustentar o crescimento, mas «até certo ponto». Os sectores que registaram um aumento de 40% a 50% nas vendas online em 2020, face ao ano anterior, «vão ter, provavelmente, um crescimento próximo a 20% comparativamente com 2019».