O instituto nacional francês de estatística (INSEE) divulgou, no final de Maio, que as despesas das famílias em bens caíram 1,2% no mês de Abril, ultrapassando a previsão da Reuters de um declínio de apenas 0,5% na segunda maior economia da Zona Euro Os dados surgem na sequência de uma queda acentuada de 1,9% do consumo durante o primeiro trimestre do ano, após o redimensionamento do sistema de incentivos do governo para o abate de automóveis. Os gastos dos consumidores em bens define o ritmo de consumo das famílias em geral, que por sua vez representa mais de metade do produto interno bruto nacional francês. A França registou um crescimento económico de apenas 0,1% no primeiro trimestre do ano, valor que ficou abaixo do esperado. Os investidores temem que, sem esta alavanca financeira, os consumidores têm poucos incentivos para gastar, com o desemprego a rondar os 10,1%, o rigor fiscal, as reformas das pensões no horizonte e a sempre presente crise da dívida grega. Os dados alemães, também divulgados no final de Maio, mostram que a confiança do consumidor tem probabilidade de cair em Junho, à medida que a crise na Zona Euro começa a ficar mais pesada sobre a perspectiva das famílias em relação à economia e às expectativas de rendimentos. O principal indicador de confiança dos consumidores da GfK, com base num inquérito a 2.000 alemães, caiu para 3,5 para Junho, com base numa leitura revista de 3,7 em relação ao mês anterior. Os economistas consultados pela Reuters previam que o indicador caísse para 3,6 a partir de uma leitura anteriormente apresentada de 3,8 para Maio. «A crise da dívida está a deixar a sua marca na confiança do consumidor alemão. Trouxe para a atenção dos políticos e consumidores a necessidade de consolidação orçamental», revela o economista Andreas Scheuerle do DekaBank, acrescentando que «agora, os consumidores esperam uma evolução mais fraca dos seus rendimentos». Em França, os consumidores reduziram as compras de bens duráveis em 4,4% no mês de Abril, com as vendas de automóveis a caírem 9,5%. As compras de vestuário e calçado também caíram 1,2% em igual período e os equipamentos domésticos desceram apenas 0,3%. «As políticas económicas em matéria de pensões, os cortes nos gastos, o aumento do desemprego e o que está a acontecer em países vizinhos, tudo sugere que a confiança das famílias [em França] vai continuar baixa», considera Olivier Bizimana, economista do Credit Agricole. Uma pesquisa da Infraforces, publicada no final de Maio, mostra que 91% dos franceses acreditam que a crise do euro terá um impacto no seu dia-a-dia, nomeadamente sobre o emprego e as pensões. A pesquisa também mostrou que 77,9% esperam que o governo siga uma política de rigor fiscal, embora apenas 50% antecipem medidas rigorosas de austeridade.