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Corrida ao gigantismo

Tendo em conta o gigantismo da China, os hipermercados foram adoptados pelos consumidores locais, lançando os dois pesos-pesados da distribuição – Wal-Mart e Carrefour – numa corrida contra-relógio para a abertura de lojas. Em 2007, bateram-se os recordes: 23 novas lojas para o francês Carrefour e cerca de 30 para o americano Wal-Mart. é um ritmo deveras elevado, jamais fizemos tal coisa em qualquer outra parte do mundo», revela Eric Legros, CEO do Carrefour China, cadeia líder em 2007 em termos de volume de negócios, com 30 mil milhões de yuans (cerca de 2,9 mil milhões de euros). Por seu lado, Terrence Cullen, vice-presidente responsÁvel pelo desenvolvimento da marca americana na China, afirma que o Wal-Mart China teve um crescimento extremamente agressivo nos últimos anos». Dez anos após a sua chegada ao gigante asiÁtico, um mercado que se tornou incontornÁvel, cada um dispõe de mais de 100 hipermercados (lojas com mais de 5.000 m² em média) no total. Para além das grandes cidades como Xangai, Pequim ou Cantão, com a sua classe média privilegiada, verifica-se também um forte crescimento nas regiões menos ricas, no centro e no leste do país. O Carrefour estÁ presente em Urumqi, em Xinjiang, nos confins da Ásia Central, e o Wal-Mart abriu o seu centésimo hipermercado em Dezembro em Loudi, na província pobre do Hunan. As grandes cidades são evidentemente mercados muito importantes, mas começam a estar muito saturadas», constata Shawn Gray, vice-presidente do Wal-Mart China encarregado das operações. Um pouco mais de 40% das nossas lojas encontram-se nas novas regiões da China», acrescenta Legros do Carrefour. Desde a nossa chegada, desenvolvemo-nos nas zonas costeiras muito ricas e ao mesmo tempo nas zonas do interior, onde o desenvolvimento urbanístico é mais forte, o que nos permite construir no centro do crescimento de amanhã». O Carrefour não exclui proceder a aquisições se a ocasião se apresentar, como fez o Wal-Mart no início de 2007, comprando 35% da empresa que controlava as 101 lojas do Trust-Mart na China. Se tivermos em conta a nossa prioridade de crescimento orgânico, veremos todas estas oportunidades e no dia em que elas se tornarem interessantes, aproveitaremos, se nos sentirmos suficientemente fortes para o fazer», declara Eric Legros. Os gigantes mundiais dos hipermercados fazem frente aos fortes players locais, como o Wu-Mart na região de Pequim ou o Lianhua na zona de Xangai. O que contribui também para a competitividade do mercado chinês, é que hÁ na China muitos distribuidores locais extremamente activos. Convém não esquecer que um distribuidor local que domina a região de Pequim trabalha num mercado tão grande como a Espanha», sublinha Legros. Apesar da inflação inquietar as autoridades do país e travar os ímpetos dos consumidores chineses, esta deverÁ, contudo, contribuir para esclarecer» um mercado muito concorrencial. Porque embora a tentação de aumentar os preços seja grande, só sobreviverão aqueles que conseguirem oferecer os melhores preços aos consumidores, prevê um profissional, sob anonimato: A inflação tornou-se um tema recorrente, quotidiano, e só sobreviverão os distribuidores que mantenham uma boa imagem em termos de preços e que sejam muito fortes para negociar com os fornecedores».