As vendas da Inditex, a maior retalhista de vestuário do mundo, aumentaram 6% no terceiro trimestre de 2017, para 6,3 mil milhões de euros, o menor crescimento dos últimos 15 trimestres, avançou a Reuters esta manhã. Já os lucros cresceram 2,7%, para 975 milhões de euros, em linha com as estimativas dos analistas.
«O que importa notar é uma considerável desaceleração em relação aos trimestres anteriores», sublinharam os analistas da Kepler Cheuvreux numa nota.
No entanto, considerando os primeiros nove meses do ano, as vendas da dona da Zara escalaram 10%, próximas dos 18 mil milhões de euros, enquanto o resultado líquido cresceu 6% face ao período homólogo do ano passado, para um total de 2,3 mil milhões de euros. No mesmo exercício, de 1 de fevereiro a 31 de outubro, as vendas online subiram 13%. No canal online, a Inditex está presente em 45 mercados, após o lançamento do portal de comércio eletrónico da Zara na Índia.
Em comunicado, o CEO da Inditex, Pablo Isla, destacou o progresso «na gestão integral da plataforma de comércio eletrónico das suas marcas e nos serviços de valor acrescentado para o cliente».
O grupo assinalou, por isso, que as vendas estão a recuperar neste último trimestre do ano, depois de a rentabilidade ter caído na sequência da subida do euro, que diminuiu as margens. A rentabilidade da Inditex é vulnerável à subida da moeda única, uma vez que a maior parte dos seus custos é em euros e 55% da receita é gerada em países fora da Zona Euro, de acordo com as estimativas do banco Société Générale.
Por outro lado, o outono quente na Europa também terá contribuído para o abrandamento do crescimento das vendas no terceiro trimestre de 2017. Contudo, o frio que se começou a sentir a partir de novembro está a ajudar o grupo de Amancio Ortega a olhar com otimismo para o final do ano.
«Um regresso ao clima esperado para estes meses do ano na Europa está a ajudar o grupo a elevar as suas expectativas», destacaram os analistas da Jefferies numa nota.
Aberturas de lojas e novos contratos para Portugal e Espanha
Relativamente à rede de lojas das diferentes marcas do grupo espanhol, nos primeiros nove meses do ano foram inaugurados 212 novos pontos de venda em 52 mercados, incluindo EUA, Vietname, China e Turquia. Globalmente, a Inditex contabiliza 7.504 lojas em 94 mercados, depois da abertura das primeiras lojas na Bielorrússia.
Tiveram lugar aberturas de todas as marcas e em diferentes pontos do globo, com 74 na Europa, 48 no continente americano e 90 na Ásia e no resto do mundo.
Entre as inaugurações destacaram-se a grande abertura da Zara no Paseo de la Castellana, em Madrid, e a primeira loja da marca em Bombaim. Nos EUA, a Inditex abriu pontos de venda na Califórnia, Nova Jérsia, Michigan e Flórida.
A Bershka, por seu lado, reabriu a 15 de setembro a sua emblemática loja de Tóquio, enquanto a Zara Home abriu portas na Arménia e República Checa.
A Massimo Dutti também teve importantes aberturas, como novas lojas em Baku (Azerbaijão) e Hangzhou (China). A Pull&Bear registou aberturas em Moscovo (Rússia) e Graz (Áustria), enquanto para a Stradivarius sucedeu em cidades como Palermo (Itália) e Beirute (Líbano).
A Uterqüe continuou também com a expansão e renovação da sua oferta comercial durante o terceiro trimestre do ano, com aberturas relevantes na Rússia, Polónia e Arábia Saudita.
Já de acordo com uma notícia avançada pelo portal Bloomberg, a Inditex colocou à venda 16 espaços das lojas da Zara, duas em Portugal e 14 em Espanha, prevendo encaixar 400 milhões de euros.
Depois da venda dos espaços imobiliários das 16 lojas, a Inditex passa a ser inquilina, continuando assim a Zara a ocupar os mesmos imóveis, através de contratos de venda e posterior arrendamento (“sale and leaseback”).
A Bloomberg não especifica onde se situam as lojas à venda, apenas o valor previsto com a alienação dos 16 espaços em Portugal e Espanha.