Início Arquivo

Criatividade para gerir contratempos

A subida do custo da energia e das matérias-primas continua a afectar o ambiente industrial na Alemanha. O aumento de 5% do volume de negócios da indústria têxtil, observado no primeiro semestre de 2007, não foi mais de que a bonança antes da tempestade. À semelhança de 2006, quando as vendas recuaram 15%, os seis primeiros meses deste ano mostram uma nova diminuição. Apesar de tudo, graças a um volume de negócios de 5,82 mil milhões de euros, o recuo fica-se pelos 1,9%. De acordo com os números do Gabinete Federal de Estatísticas, são as exportações que permitem este resultado, pois as vendas na Alemanha – 3,18 mil milhões de dólares – recuaram 3%. As previsões mantêm-se, por isso, bastante negativas. Depois de dois anos em alta – em 2007, o volume de negócios da indústria têxtil alemã aumentou 1,8% –, 2008 deverÁ terminar em baixa. O aumento dos custos de produção e dos transportes não deixam lugar ao optimismo. Após ter reduzido os seus efectivos e economizado nos custos de operação, muitos industriais estão agora a ficar sem ideias. Hervé François, o director do grupo alemão Color-Textil, estima que este período de dificuldades deve levar os industriais a dar provas de criatividade. François, por exemplo, investiu na estamparia digital, o que lhe permite propor pequenas séries com rapidez. HÁ oportunidades e nichos na indústria têxtil», assegura. Simplesmente, precisamos de rever as nossas estruturas, formas de trabalhar e de distribuir. Os industriais não têm escolha, tudo estÁ caro. Mesmo que o preço do barril diminua, o custo da energia vai continuar a aumentar». Na Alemanha, entre 2003 e 2007, os preços da electricidade aumentaram, em média, 36%, o que é difícil de gerir pelas empresas dedicadas à ultimação. De acordo com alguns destes industriais, as facturas de electricidade, de gÁs ou ainda de Água absorvem actualmente 20% do volume de negócios. Uma verdade sobretudo para as tinturarias, cujas necessidades em energia são particularmente elevadas. O sector da ultimação conseguiu, contudo, crescer 9% nos primeiros seis meses do ano. Mas não sem sacrifícios. A estamparia KBCinvestiu rapidamente nas novas energias e com isso conseguiu suportar o aumento do preço da electricidade nos últimos anos. Mas na altura de renovar o seu contrato de electricidade, surgiu um novo problema. A melhor oferta é quase 70% mais cara do que a que pagamos actualmente», inquieta-se Henri Rowienski, o director-geral da empresa. Na KBC são feitas constantemente pesquisas sobre técnicas ou soluções que permitam uma poupança, mas esta busca não é fÁcil. Temos mÁquinas velhas, com 30 anos, que nos custam 15 euros por hora. As novas gastam apenas 11 euros por hora. Mas economizar 4 euros não tem qualquer interesse. Por isso, achamos melhor conservar o nosso parque actual». Deste modo, os industriais não podem fazer outra coisa que não reflectir o aumento do custo da energia nos seus preços. O gigante alemão Freudenberg anunciou, para o próximo ano, um aumento de 5 a 10% do preço. JÁ a Lauffenmühle aposta nos têxteis técnicos que, devido às exigências aos quais são submetidos, são menos afectados pela concorrência asiÁtica». No entanto, um aumento dos preços é, também aqui, inevitÁvel. Peter Kaschub, director de vendas da Freudenberg, afirma que apesar da notícia não ir agradar aos seus clientes, a empresa não pode aguentar com estes aumentos». Hervé François sabe que estas decisões jamais são bem acolhidas, mas afirma que um industrial que não aumente hoje os seus preços não vai existir depois de amanhã». De acordo com este responsÁvel, é toda a cadeia de produção têxtil que tem de reduzir os custos». Nos primeiros seis meses deste ano, também as fiações alemãs sofreram uma diminuição de 21% nas suas vendas. Do lado das tecelagens, o volume de negócios caiu 10%. No entanto, graças aos bons resultados na exportação, o sector sofreu apenas uma diminuição de 5,8%. A tecelagem de lã registou somente um recuo de 3,4%.