As conversas e as análises são normalmente dominadas por julgamentos subjetivos e a cobertura mediática é frequentemente influenciada pela publicidade da marca que aparece ao lado. Nesta estação, com o objetivo de fornecer uma análise mais neutra, o Financial Times reuniu os dados do Tagwalk, o motor de busca para a área da moda fundado em 2016, de modo a ilustrar um cenário mais correto e imparcial (ver Style by the numbers — a season in stats). O Tagwalk não tem qualquer tipo de publicidade ou artigos pagos (exceto as imagens que aparecem na secção de streetstyle) e utiliza a Inteligência Artificial e dados inseridos por seres humanos para identificar todas as imagens dos desfiles com palavras-chave.
Os dados apresentados são baseados em 11.087 imagens de 259 desfiles em quatro cidades. São consideradas 2,6 milhões de visualizações de páginas entre o primeiro e último dia de desfiles e uma audiência composta por compradores, stylists, jornalistas, empresários e designers. A audiência do Tagwalk é 88% business-to-business, ainda que qualquer pessoa se possa inscrever para utilizar o site. Dos utilizadores registados, 25% vivem em França (onde a empresa tem sede), enquanto os EUA representam 19% do tráfego e o Reino Unido e Itália contam com cerca de 18% cada. 11% dos utilizadores vivem na Ásia.
Quais foram os desfiles com mais visualizações?
A Gucci manteve a primeira posição no ranking, apesar do desfile ter acontecido em Paris, onde havia, mais do que nunca, competição entre as principais marcas. O desfile da marca italiana impulsionou 2,98% do tráfego geral no site.

A Burberry, onde Riccardo Tisci se estreou como diretor criativo da marca, teve o segundo desfile com mais visualizações. Consequentemente, a Burberry subiu 59 posições em comparação com a primavera-verão 2018. A fotografia com mais cliques de toda a estação foi a do look 12 da primeira coleção de Riccardo Tisci, no qual a modelo Adut Akec usava uma camisola, uma saia e sapatos com estampado animal.
A chegada de Riccardo Tisci à Semana da Moda de Londres parece ter dado um novo impulso à visibilidade de toda a cidade. Ainda que fique atrás de Paris, Milão e Nova Iorque, o evento londrino contou com uma subida de 11%, no que toca a visualizações, em relação à estação passada. Paris continua a ter o evento mais popular, representando 39% das visualizações.
O sucesso mais surpreendente é o da Fendi, que subiu oito lugares para se tornar o 10.º desfile com mais visualizações da estação. O interesse na marca, que está agora sob a liderança do novo CEO Serge Brunschwig, nomeado em fevereiro, pode advir do impacto da colaboração com a Fila, que ampliou a notoriedade e o alcance da Fendi.

A Céline, que teve muita publicidade graças também à chegada de um novo diretor criativo, Hedi Slimane, ficou em 11.º lugar no ranking dos desfiles com mais visualizações. O envolvimento mais baixo no Tagwalk poderá ter a ver com o facto da marca ter tido muita exposição nas redes sociais – o mesmo argumento poderá justificar o 12.º lugar da Dolce & Gabbana e o 19.º da Prada.
As palavras-chave associadas à primavera-verão 2019

Das 2.080 palavras-chave presentes no Tagwalk, “floral”, “pequeno”, “acessório para a cabeça” e “cores ousadas” foram as mais frequentemente associadas a imagens da estação. Seguiram-se “monocromático”, “vestido fluido”, “sorvete pastel”, “mistura de padrões” e “festa” (incluindo “glitter”, “lantejoula”, “brilho” e “lamé”). As escolhas poderão significar um novo foco na feminilidade e um declínio da masculinidade e dos visuais oversize, que têm sido tão dominantes nas coleções anteriores.
As palavras-chave não determinam as grandes tendências do retalho, embora as palavras mais pesquisadas possam dar um melhor indício daquilo que editores de revistas de moda e os compradores procuram para a próxima estação. O estampado animal, por exemplo, apenas apareceu em 48 desfiles e 200 looks, mas permanece como uma das palavras mais pesquisada para a primavera-verão 2019, lado a lado com “pop”, “calções de ciclismo”, “rede”, “riscas”, “tie-dye”, “elegante” e “boémio”.