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DIF-Jacket melhora proteção dos bombeiros

O projeto, que reúne o CEFT, o CITEVE e o CeNTI, está a desenvolver um colete com materiais de mudança de fase que irá fornecer uma barreira térmica adicional aos bombeiros em diferentes situações. O DIF-Jacket encontra-se atualmente em fase de prototipagem, mas pode chegar em breve ao mercado.

Gilda Santos

O DIF-Jacket, cuja fase de projeto termina em junho, está pensado para ser usado por cima dos equipamentos de proteção individual (EPI) dos bombeiros e conferir uma camada adicional de proteção. «A lógica é que o bombeiro vai poder continuar a utilizar o seu EPI, como já utiliza, e depois vai ter um add on, um acessório, que lhe vai permitir criar uma barreira térmica adicional», afirma, ao Portugal Têxtil, Gilda Santos, gestora da área de proteção e defesa do CITEVE. «Tem de existir a compatibilidade entre estes diferentes equipamentos. Cada vez mais, mesmo a nível da normalização – e eu também faço parte dos grupos da normalização europeus relativamente ao vestuário de proteção – temos de procurar ver o EPI não como o EPI individual, o capacete, os óculos, as cogulas, as luvas, o fato, mas como um sistema de proteção», sublinha Gilda Santos.

O equipamento, que pode ser usado tanto em incêndios urbanos como florestais, está a ser produzido com um «complexo têxtil de várias camadas», incluindo um laminado à base de cortiça produzido em Portugal, e com materiais de mudança de fase que vão aumentar a barreira térmica, tornando-o resistente a temperaturas elevadas. Foram ainda estudados outros parâmetros para assegurar «uma solução leve, flexível, o mais respirável possível, com o máximo de barreira térmica possível e de fácil manutenção», descreve a gestora da área de proteção e defesa do CITEVE.

Do consórcio faz parte o CITEVE, que foi responsável pelo design, testes e ensaios e pela seleção de materiais, neste último caso em parceria com o CeNTI, que se dedicou também ao estudo dos diferentes materiais de mudança de fase. Já o CEFT – Centro de Estudos de Fenómenos de Transporte da Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto, que coordena o projeto, trabalhou com softwares de simulação e modelização para estudar a melhor localização e quantidades para a aplicação das diferentes camadas de materiais de mudança de fase.

Durabilidade assegurada

A novidade deste projeto está igualmente na forma modular como foi construído, permitindo a substituição de partes quando necessário. «A preocupação com a sustentabilidade já a temos há alguns anos. Aliás, não é à toa que as empresas portuguesas estão a ganhar prémios nesta área», realça Gilda Santos. «Além da compatibilidade com os diferentes EPI, também introduzimos aqui o conceito da modularidade. Ou seja, o colete é montado com diferentes componentes que facilmente são destacáveis. Por exemplo, a incorporação dos materiais de mudança de fase foi desenhada na forma de bolsinhas individuais que são colocadas ao longo da peça e que o bombeiro pode substituir quando danificadas. Não tem de substituir tudo, pode ir substituindo as bolsinhas à medida que elas se vão deteriorando. Pode ter o mesmo colete durante anos», explica.

Atualmente o projeto está em fase de prototipagem e de aplicação de melhorias. A aceitação por parte dos bombeiros – o consórcio tem o apoio da Escola Nacional de Bombeiros – tem sido «muito boa», confirmada num périplo de apresentação que compreende as «zonas mais problemáticas, que consideramos prioritárias», tanto em Portugal Continental como na Madeira.  «O roadshow é para divulgar e dar a conhecer o projeto, as características da peça e dar a possibilidade a alguns dos presentes de poderem vestir e receber os inputs deles – estou convencida que podemos sempre melhorar um bocadinho», aponta a gestora da área de proteção e defesa do CITEVE.

«Diria que, no final, vai atingir um nível tecnológico muito próximo da comercialização e do mercado», antecipa Gilda Santos, que revela que «temos empresas portuguesas, que trabalham na área dos EPI, já interessadas em serem tomadoras do desenvolvimento», pelo que, «se tudo correr bem, acho que há fortes possibilidades de termos, no final, um produto próximo da entrada no mercado e que, no futuro próximo, chegue, de facto, ao mercado. Porque esse é o objetivo último de qualquer projeto, de qualquer desenvolvimento», conclui.