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Empresas da ITV pedem alargamento dos apoios

O mais recente inquérito da ATP mostra que há cerca de 30% de empresas da indústria têxtil e vestuário com quebras entre 10% e 25%, que, apesar de estarem numa situação difícil, não podem aceder aos apoios à retoma progressiva. Um alargamento dos apoios e o layoff simplificado estão entre as principais reivindicações.

Os dados recolhidos junto das empresas da indústria têxtil e vestuário entre 26 de janeiro e 4 de fevereiro revelam que, em janeiro, 65% sentiram algum tipo de impacto no volume de negócios, sendo que dessas, 36% apontam para uma redução acima dos 25%.

De acordo com o inquérito Covid-19: Impacto, Expectativas e Medidas, realizado pela ATP – Associação Têxtil e Vestuário de Portugal, as expectativas para o primeiro trimestre do ano agravam ligeiramente o cenário, com 38% a esperarem quebras superiores a 25% e com apenas 19% convictas de que não terão uma redução do volume de negócios (em janeiro foram 25%).

«Existem cerca de 30% de empresas do sector com quebras de faturação entre 10% e 25%, que estão, por isso mesmo, a viver uma situação muito difícil e sem poderem aceder ao apoio à retoma progressiva, apenas válido para quebras de faturação iguais ou superiores a 25%», destaca, em comunicado, Mário Jorge Machado, presidente da ATP.

«É neste sentido que uma das reivindicações das empresas do sector é que as medidas de apoio sejam alteradas no sentido de abrangerem mais empresas. O apoio à retoma progressiva deveria ser possível a partir de quebras iguais ou superiores a 15%», indica o Mário Jorge Machado, citando as indicações manifestadas pelas empresas, que mencionam ainda que, neste âmbito, as empresas não deveriam pagar as horas não trabalhadas e que a definição de crise empresarial deveria incluir a falta de encomendas.

A suspensões, cancelamentos e falta de encomendas são uma das preocupações citadas pelas empresas no inquérito no âmbito da procura e do mercado, a que se soma a retração do retalho europeu, o encerramento das fronteiras e o seu impacto na circulação fluida das mercadorias e na cadeia de fornecimento, o aumento dos custos com a logística e com as matérias-primas, a dificuldade em assegurar prazos de entrega e ainda a pressão dos clientes para uma revisão em baixa das cotações.

«As empresas reclamam ainda a isenção da TSU para os trabalhadores abrangidos pelas medidas de redução ou suspensão do período de trabalho. Esta medida devia igualmente contemplar empresas com mais de 250 trabalhadores, por forma a apoiar a manutenção dos postos de trabalho nestas empresas, as quais têm um papel importante do ponto de vista do emprego e social», refere o presidente da ATP.

Falta de liquidez e linhas de crédito

Ao nível dos trabalhadores, as principais preocupações prendem-se, atualmente, com gestão e manutenção de postos de trabalho, elevado absentismo e falta de colaboradores que dificultam o cumprimento de prazos de entrega. As empresas destacam ainda que, com o encerramento das escolas, têm muitos funcionários em casa e que os custos suportados pelas empresas nesse âmbito são excessivos e, como tal, deveriam ser pagos pela Segurança Social.

Mário Jorge Machado

As empresas defendem ainda a reintrodução do regime de layoff simplificado para todas as empresas e não apenas para as que estão encerradas por via legal. «Não é apenas o retalho que está com dificuldades, quem está a montante na cadeia de valor está igualmente em dificuldades», aponta Mário Jorge Machado no comunicado, salientando ainda que as medidas Apoiar não estão disponíveis para a indústria.

Atualmente com preocupações financeiras que abrangem a falta de liquidez e a dificuldade em pagar salários, assim como os atrasos nos recebimentos de clientes, aumento do número de insolvências e plafonds tomados pelas moratórias, entre as medidas avançadas pelo Governo as empresas estão a usar sobretudo as linhas de crédito (65%), moratórias (40%) e os apoios à retoma progressiva (23%). Em relação às linhas de crédito, «as empresas reclamam reforço dos montantes e maior flexibilidade de pagamento» e «há ainda muitas empresas que solicitam uma componente de apoio a fundo perdido para capitalizar as empresas, extensão temporal das medidas e maior rapidez no pagamento dos apoios», conclui o presidente da ATP.