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Etiópia aposta na ITV – Parte 1

A Etiópia estÁ a tentar posicionar-se como uma fonte de abastecimento para o sector têxtil e de vestuÁrio. Mas os ambiciosos planos governamentais de atingir um volume de negócios de 500 milhões de dólares por ano até 2008/2009 acusam um grande atraso, com as exportações a atingirem apenas os 12,6 milhões de dólares em 2007. Ao longo dos últimos anos, o Governo etíope tem implementado um conjunto de reformas económicas destinadas a reforçar a economia de um dos países mais pobres do mundo. As privatizações e os incentivos fiscais têm ajudado a Etiópia a atingir um crescimento anual de 10% em todos os sectores ao longo dos últimos cinco anos, e um crescimento de 32% nas exportações do ano passado. No entanto, as mÁs infra-estruturas, a ineficiente utilização da terra e a falta de recursos humanos com formação estão a dificultar o desenvolvimento e o investimento estrangeiro no sector têxtil, assim como a economia em geral. Um enorme investimento foi planeado, mas não conseguimos atrair o investimento estrangeiro, embora o investimento local esteja a evoluir», refere Wongel Haddis Gebeyehu, especialista sénior no Ethiopian Ministry of Industry and Trade’s Textile and Leather Industry Development Centre (TLIDC). Com efeito, as exportações de têxteis, vestuÁrio e malhas, principalmente para a Europa e os Estados Unidos, só aumentaram 1,6 milhões de dólares ao longo do último ano, com base nos 11 milhões de dólares registados em 2005/2006, atingindo os 12,6 milhões de dólares, em 2007. Este valor estÁ abaixo das nossas expectativas, que deveria chegar aos 500 milhões de dólares este ano», acrescenta Gebeyehu. Para chegar a este objectivo, o Governo da Etiópia estima serem necessÁrios 1,6 mil milhões de dólares para desenvolver 191 projectos destinados a melhorar e expandir a indústria, cuja dimensão é ainda muito reduzida. Actualmente, a capacidade diÁria de produção situa-se nas 106 toneladas de fio, 59 toneladas de malha e 264.000 metros de tecido. De acordo com os dados da TLIDC, existem apenas 237.000 fusos em todo o país e apenas 1.553 teares e 95 mÁquinas de tricotar. Mas com a maioria das mÁquinas obsoletas, algumas com 50 anos de idade, o país estÁ a alugar as unidades de produção a investidores privados para melhorar a produção. Espera-se que outras fÁbricas detidas pelo governo sejam privatizadas através de joint-ventures, nos próximos cinco anos. O governo pretende privatizar todo o sector, com as fÁbricas actualmente a serem alugadas e eventualmente transferidas para o sector privado», refere Gebeyehu. No momento, expandir fÁbricas é mais fÁcil para nós, na medida em que é difícil atrair novos investidores», acrescentou, citando duas empresas turcas que alugaram duas unidades de tecelagem. Até agora, o investimento estrangeiro tem sido mínimo, embora os investidores indianos, chineses e turcos tenham entrado no mercado. No início deste ano a Spintex India anunciou planos para investir cerca de 10,4 milhões de dólares na aquisição de 25.000 hectares de terra, destinados a albergar uma unidade de produção de 100.000 fusos por ano, com o objectivo de triplicar a capacidade de fusos da Etiópia. Este projecto ultrapassa quatro vezes os planos de expansão da empresa turca Ayka, que recentemente entrou no território com a empresa Addis Ayka. As empresas chinesas também terão acesso ao sector têxtil, como parte de um pacote de 80 projectos acordado recentemente entre os governos chinês e etíope, numa zona industrial fora da capital, que incluirÁ o fabrico de alimentos, calçado, produtos electrónicos e vestuÁrio. A Adama Textile da Turquia também entrou no mercado para beneficiar com os baixos custos de produção, com salÁrios tão baixos que chegam a atingir os 30 dólares por mês. No entanto, existem diversos factores que prejudicam a atractividade do país perante os investidores estrangeiros, conforme vamos ver na segunda parte deste artigo.