Foi lançada uma nova campanha destinada a apoiar o esforço para ultrapassar a resistência ao sistema de marcação de origem, o qual ajudaria a identificar o país de origem para determinados produtos importados para a UE, incluindo vestuário e calçado. A campanha visa as organizações de consumidores na Europa e foi introduzida pela ETUF:TCL (European Trade Union Federation of the Textiles, Clothing and Leather), a qual reúne 65 federações de 36 países. A campanha surge em seguimento de propostas apresentadas em Dezembro de 2005 pela Comissão Europeia (CE) para a implementação um sistema obrigatório de marcação de origem, o qual abrange diversos produtos entre os quais se encontram os artigos têxteis, de pele e de calçado importados para o mercado comunitário. O argumento de base prende-se com a premissa de que esta marcação ajudaria os consumidores a realizarem as suas compras de forma responsável em termos sociais e ambientais, assim como ajudaria a reduzir «as marcações de origem enganosas e/ou fraudulentas que são apresentadas pelos produtos importados» de países terceiros. Os «países terceiros» definidos na proposta são todos os países com a excepção dos Estados-membros da UE 25, os países candidatos à UE (nomeadamente: Roménia, Bulgária e Turquia) e os países da EFTA (nomeadamente: Suiça, Noruega, Islândia e Liechtenstein). No entanto, ao nível do Concelho Europeu, a proposta encontra-se bloqueada por uma minoria de sete Estados-membros, incluindo: Reino Unido, Suécia, Dinamarca, Alemanha, Áustria, Holanda e Bélgica. Intervindo numa conferência de imprensa em Bruxelas, a ETUF:TCL referiu que possui o apoio da EURATEX (European Apparel and Textile Organisation) e de outras organizações. De acordo com a responsável pelo departamento de assuntos legais e sociais da EURATEX, Stéphanie Le Berre, a «reciprocidade» é uma questão relevante para os produtores da UE. Os principais parceiros comerciais da UE (nomeadamente: China, EUA, Canadá e Japão) já impuseram a identificação de origem sobre os produtos importados, enquanto que os exportadores destes países, assim como os principais importadores e distribuidores sedeados na Europa, não estão sujeitos a este tipo de regras. Le Berre refere que a proposta da CE vai colocar a UE em igualdade com estes parceiros comerciais, acreditando que a marcação de origem pode desempenhar um papel significativo na luta contra a contrafacção. Referindo-se aos resultados de um recente estudo realizado ao nível comunitário, no qual foi referido que 76,5% dos consumidores sentiam-se enganados pela informação sobre o país de origem, a presidente do ETUF:TCL, Valeria Fedeli, salientou que a marcação de origem daria aos consumidores alguma informação básica sobre a origem dos produtos que adquirem. Os opositores à marcação de origem referem os custos associados e a indiferença dos consumidores como argumentos para não aceitarem esta medida. Para além destas questões em análise, os produtores de vestuário do Sul da Europa defendem que os países do Magreb devem ser excluídos da eventual obrigatoriedade deste sistema de identificação da origem.