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Europa lidera fast fashion – Parte 2

A primeira parte deste artigo abordou a forma como a Inditex e H&M estão a aproveitar a massa crítica conseguida nos seus competitivos mercados de origem para fortalecerem a sua presença global (ver Europa lidera fast fashion – Parte 1). Nesta segunda parte pretende-se fazer uma anÁlise do look assumidamente europeu destas cadeias de retalho e das suas perspectivas para o corrente ano. Look europeu A velocidade com que a H&M e a Zara operam e fazem chegar ao mercado as últimas tendências de moda constitui uma grande vantagem competitiva para ambas. Através de cadeias de fornecimento optimamente geridas e operacionalizadas, as duas empresas conseguem colocar nos seus espaços de venda um novo modelo em apenas duas semanas, comparativamente com um tempo mínimo de 2 meses conseguido pelos seus competidores directos. A actualização constante de modelos, estilos e colecções faz com que os clientes visitem frequentemente as lojas, disparando assim o consumo das marcas que comercializam. Ao invés de se americanizarem, estas cadeias de retalho solidificaram o seu look europeu na exportação do seu conceito para os EUA. A flagship da Zara na Quinta Avenida nova-iorquina assemelha-se a uma boutique milanesa com uma decoração monocromÁtica e minimalista. A H&M, por sua vez, estÁ a promover nesta estação estampados coloridos criados pela finlandesa Marimekko. A colecção é bastante interessante», afirma uma adolescente americana enquanto realiza as suas compras na loja da marca em Nova Iorque. é muito europeia e diferente». Atingir o sucesso no mercado americano não foi tarefa fÁcil para nenhuma. A Zara, com apenas 31 lojas no mercado americano, comparado com 145 da H&M, necessita de focalizar os seus esforços no reconhecimento da marca fora das grandes cidades dos EUA. A marca sueca, por seu turno, sentiu dificuldades na sua entrada no mercado americano. As suas primeiras lojas, algumas delas de elevada dimensão e localizadas em centros comerciais, tiveram uma mÁ performance, o que levou ao seu encerramento. A partir desses primeiros percalços, a H&M começou a ganhar a adesão do mercado, levando a que os consumidores se revejam na marca e a percepcionem como uma alternativa com propostas de valor bastante interessantes. Perspectivas para 2008 A grande expectativa relativamente a estas duas empresas estÁ em se perceber como é que vão reagir ao abrandamento económico. Os retalhistas são bastante vulnerÁveis às flutuações no clima económico. Em Março, as vendas da H&M, comparando com o mesmo número de lojas de 2007, caíram 8%. Este decréscimo acompanhou a queda registada em concorrentes americanos como a Gap. O gigante espanhol não revela dados comparÁveis. No primeiro trimestre de 2008, a Inditex reportou um crescimento nos lucros de cerca de 25%, enquanto que as vendas apresentaram um aumento de 17%. A H&M cresceu 28% nos resultados líquidos e 18% nas vendas. Tempos difíceis também trazem boas oportunidades. Caso o clima económico desfavorÁvel leve ao encerramento de lojas por parte da concorrência, serÁ mais fÁcil e mais barato encontrar boas localizações, ao mesmo tempo que se poderÁ recrutar bons recursos humanos. A flexibilidade e a dinâmica dos gigantes europeus do retalho de moda poderão ser uma forte arma estratégica para que ambos saiam reforçados deste período de abrandamento e possível recessão económica.