Várias start-ups fizeram recentemente enormes progressos no desenvolvimento de fibras celulósicas a partir de resíduos têxteis e de vestuário descartado e algumas dessas fibras deverão chegar ao mercado este ano, de acordo com um artigo publicado pela Textiles Intelligence na mais recente edição da Textile Outlook International.
«As marcas e retalhistas estão sob enorme pressão para fornecer produtos têxteis e de vestuário ambientalmente sustentáveis. Ao mesmo tempo, há uma necessidade urgente de reduzir a quantidade de resíduos gerados pela indústria da moda – que está estimada em 92 milhões de toneladas por ano», refere a Textiles Intelligence em comunicado.
Fabricar fibras celulósicas a partir de resíduos de têxteis e vestuário é uma forma de responder a estes dois desafios, não só porque este tipo de fibras é biodegradável e, por isso, considerado mais sustentável em termos ambientais do que as fibras sintéticas e porque é produzido usando processos convencionais.
Além disso, as fibras celulósicas derivadas de resíduos têxteis podem elas próprias ser usadas em processos de reciclagem quando os têxteis e vestuário a que deram origem chegarem ao fim da sua vida útil, contribuindo para o desenvolvimento de uma economia circular.
Start-ups em ebulição
Algumas start-ups, como a Evrnu e a Renewcell, focaram-se no desenvolvimento de polpa a partir dos resíduos têxteis. Esta polpa pode ser usada em alternativa à polpa de madeira usada na produção de fibras como o liocel e a viscose.
Algumas destas empresas deverão começar a comercializar os seus produtos em 2021, o que, segundo a Textiles Intelligence, representa «uma oportunidade entusiasmante para as empresas têxteis e de vestuário que estão a tentar melhorar a sustentabilidade ambiental dos seus produtos».
De acordo com a empresa de pesquisa de mercado, as fibras celulósicas derivadas de resíduos têxteis e vestuário estão a atrair elevado interesse comercial e vários players da indústria da moda – incluindo a H&M, Kering e Patagonia – investiram em start-ups inovadoras nesta área. Outras empresas, como a Adidas, a Bestseller, a Levi Strauss & Co, a PVH e a Wrangler estabeleceram acordos de parceria através dos quais estão a explorar a utilização deste tipo de fibras no fabrico de produtos inovadores.
Mercado em crescimento
Para o futuro, a Textiles Intelligence antevê que a procura por fibras celulósicas – e de liocel em particular – vá registar um crescimento forte e «há muitas oportunidades» para os fornecedores de fibras celulósicas derivadas de resíduos têxteis e de vestuário. «A colaboração é essencial para trazer estes produtos para o mercado e, para apoiar o progresso nesta área, foram criados alguns grandes projetos da indústria, incluindo o Full Circle Textiles Project: Scaling Innovations in Cellulosic Recycling e o New Cotton Project», aponta.