Os números publicados hoje pelo INE – Instituto Nacional de Estatística trazem notícias agridoces para a indústria têxtil e vestuário. Em novembro, as exportações baixaram 6,8%, para 404,3 milhões de euros, em comparação com o mesmo mês do ano anterior, uma queda inferior, em termos relativos, à sentida em outubro (-7,2%).
Contemplando apenas as categorias do têxtil, os números são melhores do que no mês anterior. Os tecidos de malha, por exemplo, regressaram a comparações positivas em novembro, com uma subida de 3,6% nas exportações face ao mesmo mês de 2019, impulsionada por um aumento dos envios para os EUA (+4,4%, para 2,2 milhões de euros) – que foi, de resto, o principal mercado para os tecidos de malha em novembro, depois da queda de 16,8% das encomendas de Espanha –, para França, onde foi registado um crescimento de 26,2%, para 1,25 milhões de euros, e para Itália (+63,6%, para 513 mil euros).
Também os tecidos especiais, os tecidos tufados, as rendas, tapeçarias, passamanarias e bordados tiveram um crescimento de 22,2%, para 10,5 milhões de euros, e os tecidos impregnados, revestidos, recobertos ou estratificados e os artigos para usos técnicos de matérias têxteis sentiram uma subida de 13% nas exportações, com comparações mais favoráveis do que em outubro.
Mesmo algumas categorias que registaram quedas evidenciaram números relativos mais positivos do que em outubro, como é o caso da lã (-25,5% em novembro e -42,2% em outubro) e do algodão (-2,9% em novembro e -12,3% em outubro).
Já no vestuário, os números mostram um cenário diferente, pelo menos no caso do vestuário e seus acessórios, exceto de malha, onde as exportações caíram 34% em novembro, em comparação com a queda de 25,3% em outubro. No vestuário e seus acessórios, de malha, o cenário é mais positivo, com uma descida de 5,4% nas exportações em novembro (em outubro tinha sido de 6,5%).
11 meses com quedas a dois dígitos
Apesar da ligeira melhoria em novembro, os números para os primeiros 11 meses de 2020 continuam negativos. «Em termos acumulados, até novembro de 2020, o sector têxtil e vestuário exportou 4,3 mil milhões de euros, com uma quebra de cerca de 12% face ao mesmo período de 2019», revela Mário Jorge Machado, presidente da ATP – Associação Têxtil e Vestuário de Portugal, em comunicado.
Espanha, o principal mercado, continua em queda, com uma descida de 24,6%, para 1,13 mil milhões de euros, assim como Itália, que em termos relativos é o segundo país que mais cai (-13,1%). Há, no entanto, entre os 10 países mais significativos para as exportações nacionais, mercados que estão a crescer, como é o caso de França (+5,5%), Bélgica (+3%) e Dinamarca (+5,9%).
Analisando apenas o vestuário, e considerando as duas categorias em conjunto, entre janeiro e novembro, as exportações baixaram 17,5%, para 2,39 mil milhões de euros, o equivalente a menos 507 milhões de euros do que no período homólogo de 2019.
Entre os 10 principais mercados do vestuário “made in Portugal”, apenas a Dinamarca registou uma evolução positiva, com mais 6,2%. Espanha, o principal mercado, somou, nos primeiros 11 meses do ano, uma descida de 29,9%, para 809 milhões de euros, o que representa menos 345 milhões de euros do que nos mesmos meses de 2019. As quebras agravaram-se ainda em França (-6,7%) e em Itália (-9%).
«A queda era já esperada, face ao agravamento da pandemia na Europa, que continua a ser o grande mercado da indústria portuguesa de vestuário», afirma, em comunicado, César Araújo. «Os números de infetados continuam a subir, os governos estão a tomar medidas mais rigorosas em relação às deslocações das pessoas e ao comércio e é provável que este início de ano seja igualmente difícil para a atividade desta indústria. É, por isso, fundamental continuar a apoiar estas empresas, sob risco de vermos desaparecer parte importante deste sector que representa cerca de 90 mil postos de trabalho», explica o presidente da ANIVEC – Associação Nacional das Indústrias de Vestuário e Confecção.