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Externalização da logística ganha terreno

A externalização (ou “outsourcing”, na gíria anglo-saxónica) da logística está a ganhar terreno, mas esta estratégia revela-se cada vez mais difícil de gerir no sector têxtil, como sublinha Jean-Michel Loubic-Duprat, associado da Kurt Salmon Associates (KSA): «Se as empresas que vão nesta direcção não controlarem bem o movimento dos fluxos, esta é uma estratégia arriscada. Além de que não é fácil para os prestadores tratar do que está pendente. Por último, numerosas marcas querem manter o controlo da qualidade. Quando há externalização, algumas chegam mesmo a enviar a sua própria equipa de controlo de qualidade junto do prestador».

As estratégias mistas – como a externalização de uma parte da sua logística durante os picos sazonais ou a organização segundo o perfil das suas lojas – multiplicam-se. A Adidas, que em determinado momento hesitou em construir um grande entreposto europeu, dividiu em duas a sua actividade logística, para responder, por um lado, às grandes cadeias de desporto e, por outro lado, aos pequenos retalhistas.

As grandes cadeias recebem as mercadorias provenientes da Ásia, entregues directamente nos seus entrepostos. Quanto aos 3.000 retalhistas que possui em França, recebem as mercadorias a partir do prestador logístico Cepl Alsace. «Somos responsáveis pela recepção da mercadoria que vem do Sudeste Asiático. A Adidas transmite-nos as ordens de entrega e nós preparamos as encomendas, que são em seguida enviadas pelos transportadores seleccionados pela própria Adidas. O controlo de qualidade é efectuado na Ásia», explica Bernard Rémy, director da Cepl Alsace. «Mas, cada vez mais, solicitam-nos prestações de serviços, como a etiquetagem em função das lojas». No caso das grandes cadeias, e para se adaptar aos seus prazos, a Adidas dispõe igualmente de um local de armazenagem de paletes na Holanda.

A Weil-Besançon – que explora as licenças masculinas Gian Alberto Caporale e Ted Lapidus e difunde as suas marcas próprias Weil 68, Luc Saint-Alban e John Stevens – confiou a sua logística à Sndr Fashioning há já uma quinzena de anos, conservando a sua própria plataforma na Tunísia onde efectua uma parte da confecção. Esta unidade tunisina entrega entre 300.000 e 400.000 peças por ano, por DHL, às lojas. As encomendas transitam pela plataforma da DHL em Marselha. O restante – cerca de 500.000 a 600.000 peças por ano, cuja grande parte é sportswear, cada vez mais fabricado na Ásia – é confiado à Sndr, que realiza o trabalho de fashioning, de armazenagem e de entrega nas lojas.

«Esta organização proporciona-nos maior flexibilidade do que verdadeiras economias», afirma Adrien van Dijk, director logístico e de produção da Weil-Besançom. «Mas também permite-nos usufruir de um prestador que apresenta reais capacidades de tratamento e de armazenagem». A Sndr Fashioning, criada por Michel Cornaton, um antigo assalariado da Weil-Besançon dispõe, na verdade, de uma superfície de armazenagem na ordem dos 40.000 metros quadrados, dividida em 4 plataformas em Dole e Besançon (França). Dirigida por uma equipa familiar com bons conhecimentos em têxtil, a empresa trata 10 milhões de unidades por ano, desde fatos de banho até fatos de cerimónia, passando por matérias-primas e blusões de couro.

Equipada com material de desenrugamento, de prensagem, de armazenagem estática e dinâmica Schonenberger, a Sndr efectua o controlo da qualidade, a reparação e a etiquetagem para clientes como Carnet de vol, Banana Moon ou Devernois. A empresa recepciona as matérias-primas dos fornecedores e trata dos produtos acabados. «Dispomos de um efectivo permanente de 120 pessoas, para os clientes que começam cedo a estação e para aqueles que chegam mais tarde. E investimos em novos equipamentos todos os dois a três anos. Com a abolição das quotas, esperávamos um crescimento das nossas actividades, ao qual procurámos antecipar-nos», revela Xavier Cornaton, co-director da empresa.

A mesma estratégia foi adoptada pela Gedis Logistics – que gere actualmente a logística da Gifi para metade do norte da França (136 lojas) e da Andaska –, que acaba de aumentar a sua capacidade de armazenagem em 60%. A empresa, que não oferece o serviço de fashioning completo como o da Sndr, posiciona-se todavia como um fornecedor de «prestações evolutivas com valor acrescentado» e não como um «simples gestor de metros quadrados». «Elaboramos habitualmente um caderno de encargos pormenorizado com o nosso cliente. Deste modo, conhecemos as suas necessidades em termos de prazos, qualidade e custos», explica Gérard Chalumeau, director comercial da empresa. «Estamos aptos a efectuar análises de custos de transporte e atribuir as encomendas ao melhor transportador. Há um número crescente de empresas que recorrem à externalização: as que se encontram em fase de criação e as que têm necessidade de racionalizar os seus custos. As empresas de grandes dimensões tendem ainda a conservar internamente uma parte para não perderem completamente o controlo».