Pela primeira vez, dois criadores indianos apresentarão os seus trabalhos na semana da moda parisiense, que começa amanhã e se prolongará por nove dias. São 90 as colecções que vão revelar as novas propostas para a Primavera/Verão 2008.Manish Arora e Anamika Khanna decidiram abandonar as passerelles londrinas para desfilarem, lado a lado, com Chanel, Yves Saint-Laurent, Dior, Hermès ou Jean-Paul Gaultier. Manish Arora formou-se na Índia e criou a sua marca em 1997. Dois anos depois desfilava em Londres. Para esta estação, a criadora, que seduziu notavelmente as actrizes de "Bollywood", preferiu Paris porque «representa um up-grade em relação a Londres. Mais compradores e mais imprensa», referiu a estilista indiana que possui cinco lojas de nome próprio na Índia e que vende para setenta e cinco pontos de venda espalhados pelo mundo.De igual forma, Anamika Khanna que criou a sua marca Ana Mika em 2004, estava, desde há três anos, habituada às passerelles da capital britânica. A criadora indiana é uma autodidacta e a sua marca está já presente em 300 pontos de venda no mundo.Entre as novidades que marcarão a semana da moda, duas deverão também chamar atenção: as colecções criadas pela princesa tailandesa Sirivannavari Nariratana e por limi Feu, filha do estilista Yohji Yamamoto.Neta da rainha Sirikit da Tailândia, Sirivannavari Nariratana escolheu para a apresentar a sua colecção, amanha à noite, a Ópera de Paris. Estudante de design e moda em Banguecoque, a jovem estilista apresentou já duas vezes a sua colecção naquela cidade. Quanto a Limi Feu, que desvendará a sua colecção uma semana depois da estilista indiana, começou como modelista para a linha Y's que pertence ao seu pai, Yohji Yamamoto, em 1996. A criatividade portuguesa será exibida por Fátima Lopes, amanhã às 17h30, no Studio Gabriel, 9 Avenue Gabriel, e pelo estilista Luís Buchinho, no domingo, às 20h00, na rua du Faubourg Saint Martin.Segundo a estilista portuguesa, a sua colecção para a Primavera/Verão 2008 representa «um regresso aos anos 80, através de formas arquitecturais e detalhes selvagens». "Fever" é o leitmotiv da colecção. «A loucura da noite funde-se com a doçura do dia (…) Uma mulher sofisticada que brilha com 1.000 luzes a qualquer hora», descreve a Fátima Lopes que propõe cores «electrificantes» como azul brilhante, rosa vivo e amarelo limão. As riscas, os plissados e os drapeados misturam-se com o brilho dos tecidos. As calças apresentam um corte evasée e a tradicional "baby doll" transforma-se em "baby folle". As propostas de Luís Buchinho recaem na imagem de um vidro estilhaçado, na fragilidade do mesmo e a sua transformação numa peça agressiva quando quebrada. Desta forma, o estilista apresenta estampados e aplicações em acrílico e ainda cortes e detalhes geométricos inspirados em estilhaços que decoram decotes e golas. Os materiais utilizados foram o linho, cetim em algodão/metal ou seda, musselinas estampadas, jerseys raiados, jerseys transparentes em linho, apontamentos de ribs tricotados com fios metálicos e ainda crepes em viscose ou com micro estruturas. A produção dos desfiles dos criadores nacionais está ao cargo, mais uma vez, do PortugalFashion que, pela décima sexta vez, promove a moda portuguesa na passerelle parisiense. A semana da moda parisiense será ainda marcada pelo último desfile de pronto-a-vestir do costureiro italiano Valentino, que dirá adeus à moda em Janeiro do próximo ano, após 45 anos dedicados ao design de vestuário feminino. A estilista Alessandra Facchinetti, ex-directora criativa da Gucci assumirá o leme depois de Janeiro. (ver notícia no Portugal Têxtil)O programa de desfiles conta, todavia, com as grandes ausências das casas Guy Laroche, Emanuel Ungaro e Cacharel. A marca Guy Laroche não fez questão de desfilar porque a mesma se encontra em fase de reposição e de "bainstorming". Por seu lado, a Ungaro despediu recentemente o seu estilista Peter Dundas devido aos resultados insuficientes, facto que levou a marca a não participar neste certame. A Cacharel separou-se em Junho dos seus directores artísticos Inácio Ribeiro e Suzanne Clements que decidiram dedicar-se ao desenvolvimento de uma marca própria. A marca francesa está agora entregue à estilista espanhola Estrella Archs (ver notícia no Portugal Têxtil).Muito esperadas são as segundas colecções de Olivier Theyskens, para a Nina Ricci, Paulo Melim Andersson para a Chloé e Dai Fujiwara para Issey Miyake.Esta edição da Semana da Moda de Paris foi estruturada de forma a reduzir a dispersão geográfica. Parte dos desfiles desenrolar-se-ão no Carrossel do Louvre. Quatro salas foram renovadas em lugares situados no centro da capital parisiense. Já a partir amanhã a cidade-Luz será ofuscada pelo brilho da moda portuguesa, e não só.