Os seis projetos representam um investimento de cerca de três milhões de euros e cada um deles procura trazer novas mais-valias além da proteção antibacteriana e antivírica, podendo ter utilizações em contexto profissional e não-profissional.
«A pandemia de Covid-19 tem tido um impacto extremamente negativo nos mais diversos contextos socioeconómicos, com uma taxa de contágio extremamente muito elevada em todo o mundo, sobretudo quando comparada com outros vírus. Neste sentido, tem surgido uma procura massificada, quer por parte de particulares, quer dos sistemas de saúde e dos seus profissionais, por equipamentos de proteção individual [EPI’s] e dispositivos médicos específicos, não existindo uma oferta que acompanhe esta procura», explica João Bessa, Technology Manager da Fibrenamics. «É com a missão de podermos ajudar a responder a essas necessidades e a mitigar a transmissão comunitária de SARS-CoV-2, que em conjunto com diferentes parceiros, nos lançámos nestes desafios de desenvolver EPI’s verdadeiramente inovadores e com impacto na sociedade», acrescenta.
Os projetos em desenvolvimento pretendem dar um contributo para mitigar a disseminação da pandemia, ao mesmo tempo que acrescentam outros benefícios, seja o combate à poluição ambiental, seja a redução da dependência dos mercados externos de materiais filtrantes. «E, sobretudo, dotar a indústria nacional de capacidade técnica e científica para o desenvolvimento e produção» de EPI’s, sublinha a Fibrenamics em comunicado.
Seis projetos inovadores
No caso Cov_Yarn, um projeto que está a ser promovido pela Tearfil, o objetivo é «o desenvolvimento de um portefólio inovador de fios multifuncionais para produção de uma nova geração de EPI’s reutilizáveis (máscaras, batas, toucas e perneiras)», indica a Fibrenamics, adiantando que está a ser explorada a deposição de nanopartículas com capacidade antibacteriana e antivírica sobre os fios. A aplicação destes fios multifuncionais será comprovada com o desenvolvimento de modelos demonstradores de EPI’s.

Ao nível de máscaras, estão a ser trabalhados três projetos. O ActiFiber, desenvolvido pela LMA, pretende desenvolver um «conceito inovador» para máscaras, com proteção de nível II, para ser utilizado por profissionais com contacto prolongado com o público. O objetivo é que a máscara seja reutilizável e durável, tanto ao nível do tempo de utilização como de número de lavagens, e que seja confortável e ergonómica. Para isso, a Fibrenamics e a empresa estão a trabalhar em estruturas fibrosas tridimensionais com maior capacidade de filtragem.
O Multigrade Mask, por seu lado, direciona-se para a produção de máscaras cirúrgicas com gradiente de propriedades que garanta o cumprimento de todos os requisitos da norma EN 14683. Além do objetivo de criar uma máscara cirúrgica à base de materiais fibrosos alternativos aos tradicionais, o projeto promovido pela Borgstena pretende que a solução final tenha propriedades funcionais de elevado valor acrescentado e adaptáveis às necessidades dos profissionais de saúde e que, ao mesmo tempo, proporcione uma maior ergonomia.
Já o NanoMask, promovido pela Poleva, tem como objetivo desenvolver máscaras FFP2 «a partir de estruturas fibrosas à multiescala, com particular ênfase no desenvolvimento de nanomateriais, nomeadamente nanoestruturas fibrosas, com elevada capacidade de filtração vírica», resume a Fibrenamics. «O conceito inovador apresentado, para além de permitir suprimir uma necessidade emergente no fornecimento de EPI´s provocada pela pandemia Covid-19, representa, igualmente, um avanço no estado da arte, pelo desenvolvimento de uma nova geração de estruturas fibrosas com a reconversão industrial da empresa», destaca a plataforma da Universidade do Minho.
Os restantes dois projetos estão vocacionados para o desenvolvimento de outros EPI’s. O Active Protection, promovido pela Latino, está a apostar na criação de batas, toucas e perneiras reutilizáveis, através do desenvolvimento de estruturas fibrosas com efeito barreira e que permitam garantir proteção antibacteorológica e antivírica em contexto profissional, para utilização em lares e bombeiros, por exemplo.
Já a Sonix, do grupo Diastêxtil, está a adotar «uma abordagem disruptiva, explorando conceitos de design funcional» para desenvolver novos EPI’s, incluindo máscaras, perneiras, batas, coveralls e cógulas.