Um dos grandes destaques foi o lançamento na nova Atria Digital Cutter, a mais recente solução de corte da multinacional de origem norte-americana que pretende responder às necessidades atuais da produção em massa com maior eficiência. Mas houve muito mais na Ideation de 2020, que juntou mais de 2.200 pessoas online nos dias 4, 5 e 6 de novembro.
O mundo está a mudar e a Gerber Technology tem acompanhado essa mudança, como referiu o CEO da empresa, Mohit Uberoi. «Com o mundo inteiro a ser impactado pelo Covid, todos aprendemos a trabalhar de forma diferente. A Gerber foi afetada desde o início da pandemia, uma vez que temos uma grande operação na China e também operações em Milão e Nova Iorque», afirmou.
Foi assim que nasceu a task force para ajudar na transição para a produção de equipamentos de proteção individual e é assim que a empresa quer continuar, antevendo já os desafios pós-Covid. Juntamente com a Coresight Research, a Gerber Technology antecipa cinco desafios pós-Covid, relacionados com as vendas online, e-commerce experiencial, redução dos contactos no processo de compra, utilização mais vasta de inteligência artificial e alterações no sourcing, que se juntam a outras cinco tendências que sairão reforçadas: festivais de compras, sustentabilidade, inclusão ao nível do produto, parcerias com start-ups tecnológicas e personalização e fidelização omnicanal.
Soluções end-to-end para antecipar tendências
Para responder a estas alterações e ter um negócio resiliente, indicou Karsten Newbury, diretor digital e estratégia da Gerber Technology, é importante para as empresas focarem-se na procura do consumidor, o que implica redesenhar os processos, fazer apenas o que se vende, ter prototipagem digital e produção por encomenda, assim como agir com base em dados, com a recolha e análise sistemática dos mesmos, e, por último mas igualmente importante, ser rápido a chegar ao mercado, o que implica a adoção de ferramentas digitais.
Neste percurso, a Gerber Technology destacou as suas soluções end-to-end, apresentadas por Francisco Aguiar, diretor de vendas para Portugal, Espanha e mercados indiretos, que vão do YuniquePLM às soluções de corte, seja em massa, como o já referido Atria Digital Cutter, seja na produção à medida, com o Z1 Cutter.
Estas soluções, de resto, têm vindo a ser alvo de melhoria ao longo do último ano, com novas versões a chegarem ao mercado. «Estamos a tentar obter o máximo de eficiência», garantiu Melissa Rogers, vice-presidente sénior de software. No caso do YuniquePLM, o software conta agora com avatares da Alvanon e uma renderização aprimorada proveniente do AccuMark 3D, enquanto o AccuPlan e o AccuNest permitem a importação de bases de dados externas de inventário de tecidos e das propriedades físicas dos materiais. Há ainda uma maior integração entre o AccuPlan, o AccuNest e o AccuMark, que permite «ir do molde ao corte sem mexer em nada», resumiu Melissa Rogers.
3D no presente da Pedrosa & Rodrigues
Esta componente mais forte da digitalização na moda tem ganho adeptos, incluindo cerca de 100 novos clientes na região EMEA nos últimos 12 meses, entre os quais a Têxteis José Campos. Já entre os clientes fiéis está a Pedrosa & Rodrigues, que tem, por exemplo, procurado que os clientes aceitem a renderização como forma de aprovação em vez das amostras físicas. «Com alguns clientes, enviamos fotos da amostra física e imagens 3D e pedimos para identificar qual é qual», exemplificou o administrador Miguel Pedrosa Rodrigues.
A Pedrosa & Rodrigues, contudo, recusa a ideia de que, sendo uma fábrica, seja apenas fornecedora de mão de obra e operações de costura. «Vemo-nos como uma parte ativa no desenvolvimento, cálculo de custos, cadeias de aprovisionamento, merchandising, etc., com cada vez mais capacidades e mais oportunidades de adicionar valor aos nossos clientes», apontou Miguel Pedrosa Rodrigues. Aliás, adiantou, neste momento apenas 35% dos custos dizem respeito à mão de obra interna, com os restantes 65% alocados a outros serviços prestados.
O administrador está ainda convicto que o nearshoring é uma possibilidade mais interessante para as marcas e retalhistas, permitindo-lhes reduzir os riscos e os custos com os stocks e adotar uma nova forma de pensar, onde as margens, mais do que nas compras, estão nas vendas ao consumidor final.
Por último, há ainda questões ecológicas, onde Portugal tem uma palavra a dizer. «Portugal tem as ferramentas e os recursos para se implementar como um player relevante no que diz respeito à sustentabilidade» ambiental, sublinhou o administrador da Pedrosa & Rodrigues, destacando que não se trata de iniciativas de empresas isoladas, mas de «toda a cadeia de aprovisionamento» no país.
Quanto ao futuro, estar atento ao que se passa no mercado, ter as pessoas certas e inovar «são coisas que nos permitirão sobreviver», afiançou Miguel Pedrosa Rodrigues. «O que sabemos é que tudo vai mudar», concluiu.