Entre portugueses e espanhóis, são os galegos quem melhor sabe aproveitar o mercado mais chegado à sua fronteira. Foi o que revelou um estudo efectuado no mês de Março intitulado «As relações económicas entre a Galiza e a Região Norte de Portugal», e realizado pelo Centro de Estudos de Gestão e Economia Aplicada da Associação Empresarial Portuguesa (AEP).
As trocas comerciais Norte de Portugal-Galiza saldam-se sistematicamente favoráveis ao lado espanhol, facto que se notou entre os anos de 1994 e 1998, em que as exportações no lado galego cresceram 88% e o lado do Norte de Portugal apenas 81%.
No que diz respeito ao inquérito só 27% das empresas portuguesas questionadas pela AEP afirmaram exportar para a Galiza, isto apesar de 66% estarem incluídas no sector de exportação nacional. Dos dois terços das empresas que vendem os seus produtos para o mercado galego, afirmam que o peso dessa exportação não atinge sequer 10% do volume total dos seus negócios.
Em relação ao tipo de produtos trocados entre as duas regiões, 40% das exportações da Galiza para o Norte de Portugal, referem-se aos sectores da agricultura, produção animal, pesca e produtos alimentares. Em relação às exportações de Portugal para a Galiza, os sectores do têxtil, confecção e calçado representam 42% dos produtos lusitanos mais aceites pelo mercado galego.
Só com a adesão de Portugal à EFTA nos anos 50, e com o acordo de associação à CEE nos anos 70, é que as exportações do Norte de Portugal foram projectadas para os mercados da Europa. No que diz respeito às empresas galegas só com a adesão de Espanha à CEE (1986), é que estas começaram a virar-se para o mercado externo, tendo-se tornado o Norte de Portugal no seu mercado de eleição.
Uma situação com tendência a inverter, dado que segundo Alberto Castro coordenador do estudo, «…os novos empresários portugueses estão muito mais virados para a Galiza, enquanto que os empreendedores séniores mantêm o hábito de procurar mercados tradicionais».
Depois de feito o diagnóstico das relações entre o Norte de Portugal e a região da Galiza, a AEP aponta através do seu estudo alguns caminhos para eliminar o desequilíbrio registado a nível de desenvolvimento tanto de um como do outro lado da fronteira. Uma das soluções poderá residir no balanço entre salário e produtividade por empregado, ou seja, já que os salários em Portugal são mais baixos e a produtividade por empregado na Galiza é mais elevada, há que atrair o investimento das empresas galegas que consigam manter em Portugal o nível de produtividade registado em Espanha.
Neste sentido, o saldo das relações entre o Norte de Portugal e a Galiza não é muito favorável aos portugueses, mas o futuro prevê-se diferente.