A empresa sediada em São Francisco, que gere o total de 3.300 lojas, registou o que os analistas apelidam de lucro “modesto” no seu quarto trimestre e uma queda a dois dígitos nos lucros anuais. No entanto, a CFO Teri List-Stoll mostra-se otimista, destacando as «muitas oportunidades futuras para reposicionar a empresa para o crescimento a longo prazo», afirmou ao portal Just-syle.
Já o CEO Art Peck admitiu aos analistas que houve melhoria em pontos-chave do negócio, mas que o «trabalho pesado» passa por continuar a transformar o modelo operacional da empresa, o produto e as capacidades responsivas. «Quando cheguei há dois anos, sabíamos que a nossa performance não era o que precisava de ser. Sabíamos que estávamos numa indústria que estava a mudar dramaticamente. Olhando agora para trás, acho que provavelmente subestimámos a magnitude e a velocidade das mudanças. Foi muito difícil o que aconteceu no último ano, como já vimos – alguns concorrentes saíram do mercado. Estou satisfeito com o progresso que fizemos, mas estamos num mercado que está em significativa disrupção», explicou.
Para as 13 semanas encerradas a 28 de janeiro, o lucro líquido subiu 2,8% para os 220 milhões de dólares (aproximadamente 209 milhões de euros), de 214 milhões no período homólogo do ano passado, mas caiu 26,5% em termos anuais, para os 676 milhões de dólares, abaixo dos 920 milhões.
Enquanto isso, as vendas líquidas para o trimestre aumentaram 1%, para os 4,43 mil milhões de dólares, enquanto a receita anual diminuiu para os 15,5 mil milhões, uma queda de 1,9% em relação a 2015.
O total de vendas comparáveis da empresa cresceu 2% no trimestre, em comparação com um declínio de 7% no ano passado. Durante o ano, as vendas comparáveis desceram 2%, contra uma queda de 4% no ano passado.
Para as marcas Gap e Banana Republic, as vendas comparáveis diminuíram 3% e 7%, respetivamente, para o ano fiscal de 2016. Na Old Navy, as vendas subiram 1% em relação ao ano passado. No ano fiscal de 2016, a divisão apresentou o seu quinto ano consecutivo de crescimento das vendas líquidas e aumentou a quota de mercado em várias categorias-chave durante o trimestre, incluindo vestidos, denim e malhas.
As vendas nos EUA caíram 2,7% para os 910 milhões de dólares no quarto trimestre, enquanto as vendas na Europa baixaram 13,2%, para os 177 milhões. As vendas na Ásia diminuíram ligeiramente, 0,3%, para os 359 milhões de dólares. No ano, as vendas caíram 5,8% nos EUA, 13,2% na Europa e na Ásia mantiveram-se estáveis.
Para o ano fiscal de 2017, a Gap Inc. estima que o lucro diluído por ação se situe entre os 1,95 e os 2,05 dólares, o que inclui o impacto negativo estimado de cerca de 0,09 dólares devido às flutuações cambiais. Prevê ainda que as vendas comparáveis aumentem ligeiramente, enquanto as vendas líquidas deverão ficar ligeiramente abaixo, afetadas por um impacto negativo das flutuações cambiais.
Peck afirma-se «dececionado» com a performance da Banana Republic e espera «entrar no negócio pessoalmente e entender o que está a acontecer».
A empresa norte-americana tem-se esforçado por realinhar a oferta das marcas com as diferentes formas de compra dos consumidores, incluindo capacitar os funcionários da loja com dispositivos móveis para ajudarem os clientes, a introdução da primeira aplicação móvel Old Navy e o lançamento da sua app virtual DressingRoom.
O CEO acredita que a disrupção que está a ocorrer no mercado deve funcionar a favor da Gap. As «vantagens estruturais» da empresa em termos de tamanho e escala, juntamente com as melhorias feitas nos «produtos e na experiência», representam «uma oportunidade significativa para consolidar e ganhar participação de mercado» para a empresa.
Cadeia de aprovisionamento responsiva
A Gap, que gere 10 centros de distribuição na América do Norte, está a apostar num modelo de negócio impulsionado pela procura e tem gerido a maioria das suas categorias segundo um modelo operacional responsivo, a fim de reagir mais rapidamente às tendências.
A empresa tem vindo a trabalhar para reestruturar-se, reposicionar o produto, redefinir os caminhos das principais marcas e encontrar o equilíbrio entre o retalho físico e o comércio eletrónico, numa tentativa de conseguir incrementos de produtividade e de alcançar uma estrutura de custos simplificada.
Como parte desses planos, a Gap está agora a utilizar o excesso de capacidade dos seus centros de distribuição que fornecem as lojas físicas para responder aos pedidos online. Tradicionalmente, a distribuição direta e a dos clientes online estavam separadas mas, agora, a retalhista está a tentar gerir o espaço de armazém de forma mais eficaz.
Esta mudança de estratégia, defendeu Art Peck, permitirá à Gap evitar investimentos de ativos em novos edifícios e que a empresa seja «muito mais flexível».
A este propósito, o CEO sublinhou ainda o progresso que a Gap conseguiu promover na cadeia de aprovisionamento, reduzindo os ciclos de desenvolvimento para muitas categorias de produtos de 10 meses para 8 a 10 semanas.
Ajustamento do produto
De olhos postos no novo ano fiscal, Peck referiu que o foco será garantir que a Gap consiga colocar no mercado os produtos certos.
«Já disse isso muitas vezes e vou dizer de novo, porque é fundamental, somos uma empresa de produtos e somos um retalhista e se não conseguirmos ter o produto certo, não vamos ganhar, independentemente de quão bom sejamos no digital ou em muitas outras coisas. Começa com o produto emocional com quem o cliente se conecta e que tem a qualidade certa, o fitting certo e a proposição de valor correta», concluiu.