
Agregando atualmente mais de 8 mil pessoas de 90 países, a plataforma de cocriação Awaytomars, como explica Alfredo Oróbio ao Portugal Têxtil, «organiza campanhas onde qualquer pessoa pode inscrever-se com uma ideia e receber comentários e sugestões dos outros membros». Os conceitos «mais interessantes e inovadores» são depois selecionados pela comunidade para a próxima fase – a prototipagem seguida de financiamento coletivo. Os designs que conseguem ser completamente financiados pelo público são produzidos como uma peça de cocriação, «num processo supervisionado na Awaytomars por técnicos especialistas que transformam as ideias dos designers em realidade» e recorrendo ao know-how da indústria têxtil e vestuário nacional, onde a plataforma trabalha com cerca de seis empresas.
O resultado de todo este processo é depois mostrado na passerelle da ModaLisboa, como aconteceu na edição “Boundless” (ver ModaLisboa sem fronteiras), onde o design de moda se juntou às artes plásticas.
Comparado a métodos tradicionais, a Awaytomars reduz os custos e os tempos. «Não há sazonalidade ou stock desperdiçado, uma vez que apenas os artigos vendidos são fabricados», garante o seu fundador.

Porém, esta postura sustentável não chega e, recentemente, a plataforma estabeleceu um protocolo com o governo finlandês que, como adianta Oróbio, «investiu numa fibra que se chama “Infinited Fiber” e é a primeira fibra do mundo que é feita de materiais reciclados e pode ser reciclada infinitamente». «A nossa ideia é fazer uma coleção criada pelo público e que seja 100% sustentável usando essa fibra», explica, ressalvando que a fibra não terá qualquer tipo de corante, «portanto, é um grande desafio».
A plataforma será lançada no dia 15 de abril e, durante um mês, os utilizadores vão poder enviar as ideais para seis peças de vestuário. Procurando ainda alertar para as questões da cadeia de aprovisionamento, todos os produtos vão ter um microchip que rastrea toda a cadeia «da fibra até à encomenda chegar a casa do cliente».

Com centro logístico no Reino Unido e este país, França, Alemanha e Escandinávia em destaque nos principais mercados, 2016 foi um ano de «solidificação para a Awaytomars» e 2017 será a altura de «colher os frutos».
Com mais dois projetos em incubação, um ligado à indústria automóvel e outro com uma marca de calçado, este ano trará, por isso, ainda mais novidades. «Já fizemos calçado, mas agora vamos cocriar quatro pares com uma marca sediada no Brasil», antecipa Alfredo Oróbio, sem desvendar mais pormenores.