Explorar é o verbo que toma conta das tendências de têxteis-lar em 2017/2018. «As pessoas têm mesmo de explorar todas as possibilidades de chegar a um produto com valor, seja através da tecnologia ou de processos mais artesanais», explicou, ao Portugal Têxtil, Anne Marie Commandeur, diretora criativa do Stijlinstituut Amsterdam e membro da Mesa de Tendências da Heimtextil, no passado dia 8 de setembro, à margem da apresentação da Heimtextil em Guimarães. «Claro que podemos sempre pensar em novas cores e padrões, mas, na verdade, é a forma de lá chegar que pode realmente mudar o produto. Por isso, o processo e a exploração são o mais importante», acrescentou.
“Explorations” resume, assim, a ideia principal a ter em conta na formalização das coleções para a casa no próximo ano. O tema geral, proposto pela Mesa de Tendências da Heimtextil, que inclui criativos de França, Japão, Holanda, Reino Unido, Alemanha e EUA, divide-se depois em quatro conceitos: Virtual Explorations, Cultural Explorations, Planetary Explorations e Natural Explorations
Na primeira, a imaginação é o limite, graças, em parte, ao desenvolvimento da estamparia digital. Padrões florais intrincados, bordados, malhas jacquard e rendas reinam e desencadeiam um renovado fascínio. As cores são vivas, incluindo amarelo e rosa, mas também diversos tons de azul a lembrar água.
Em Cultural Explorations, o novo multiculturalismo urbano vem ao de cima, mas as influências tradicionais mantêm-se relevantes. As técnicas tradicionais são modernizadas, permitindo dar um verdadeiro toque de luxo. As cores são reminiscentes dos padrões étnicos, combinando laranja, castanho, azuis e bege.
Planetary Explorations transporta-nos para outros mundos, para um universo ainda desconhecido. Os materiais são volumosos e inspirados pela superfície lunar, funcionando como uma concha protetora. A gama de tons joga com a luz e a escuridão, oscilando entre o branco brilhante e cinzas.
Já Natural Explorations segue a tendência de proteção do meio ambiente, com recurso a matérias-primas naturais, indo mais longe na simbiose com a natureza. Como se retirada do coração da floresta, a paleta de cores compõe-se de verdes musgo intensos, tons térreos e de madeira.
Sem descurar estes pressupostos, Anne Marie Commandeur considera, contudo, que é fundamental dar «um toque pessoal» e criar «desejabilidade», desenvolvendo produtos «belos, mas também confortáveis, coisas que as pessoas precisam ou querem, mas que funcionam». Algo que as empresas portuguesas têm sido capazes de fazer. «Vejo os produtores portugueses com muita integridade. Integridade na forma como trabalham, na forma como pensam os seus produtos e recursos, têm orgulho nas suas fábricas e na sua história, na sua união, e isso revela-se nos seus produtos», sublinhou. «Sabem de onde vêm e isso torna-os especiais», afirmou ao Portugal Têxtil.
As empresas portuguesas terão possibilidade de confirmar este posicionamento já na próxima edição da Heimtextil, que decorre de 10 a 13 de janeiro de 2017, e onde a representação lusa estará reforçada. No total, está confirmada a presença de 82 empresas – um aumento face às 77 que estiveram em Frankfurt este ano. Entre as novidades lusas estará um stand promovido pela Câmara Municipal de Guimarães. «É importante que o município consiga juntar as empresas vimaranenses e dar-lhes o selo de Guimarães Marca, pois sabemos que hoje em dia a marca conta tanto como o próprio produto. O nosso stand na Heimtextil 2017 será muito interessante», afirmou durante a apresentação, que teve lugar no Centro Cultural de Vila Flor, Filipe Vilas Boas, chefe da Divisão de Desenvolvimento Económico da Câmara Municipal de Guimarães.
«A qualidade da feira vai ser muito boa e estamos muito satisfeitos por termos mais de 80 empresas portuguesas», revelou, ao Portugal Têxtil, Olaf Schmidt, vice-presidente de têxteis e tecnologias têxteis da Messe Frankfurt. A organização está ainda empenhada em dar uma experiência única e proveitosa aos cerca de 69 mil visitantes profissionais esperados. «Na próxima edição temos o crescimento do segmento dos tecidos para decoração, dos desenvolvimentos tecnológicos na área da impressão digital e, claro, o “theme park” [o espaço dedicado às tendências]. Portanto, no total, a feira vai ser maior do que da última vez. Estamos satisfeitos por haver crescimento da Europa, pensamos que é um bom sinal para a indústria de têxteis-lar, mas também para os visitantes ter empresas europeias que regressam para fazer negócios internacionais», concluiu Olaf Schmidt.