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HeiQ lança fio celulósico carbono negativo

O AeoniQ, como foi batizado, é um fio de alto desempenho feito a partir de biopolímeros celulósicos que poderá contribuir para solucionar a dependência da indústria têxtil de fibras sintéticas, ao mesmo que promove a circularidade, podendo ser completamente reciclado indefinidamente.

HeiQ AeoniQ [©HeiQ]

A empresa suíça apresentou o fio como «uma potencial revolução para a indústria têxtil», tendo indicado que vai avançar com o teste da produção antes da comercialização em massa. A HeiQ está a construir uma unidade piloto, que representa um investimento de 5 milhões de dólares (cerca de 4,3 milhões de euros), em Herzogenburg, na Áustria, que deverá estar concluída até ao segundo trimestre de 2022 e terá uma capacidade anual de produção de 100 toneladas, revelou o CEO Carlo Centonze, durante a apresentação virtual do HeiQ AeoniQ. A empresa está também a construir o que chamou de “Gigafactory One” no mesmo local, que poderá produzir 30.000 toneladas por ano a partir do quarto trimestre de 2024 e fazer envios comerciais substanciais a partir do primeiro trimestre de 2025, acrescentou.

Os fios HeiQ AeoniQ são feitos com biopolímeros celulósicos que durante a sua produção captam carbono da atmosfera, ao mesmo tempo que geram oxigénio. O fio de elevada performance posiciona-se, por isso, como um potencial substituto dos fios de filamentos sintéticos, que constituem atualmente cerca de 60% da produção têxtil anual, que está estimada em 108 milhões de toneladas.

Outra vantagem prende-se com o facto de, ao contrário de produtos celulósicos convencionais, como o algodão, a produção do HeiQ AeoniQ não usar terra arável, nem pesticidas ou fertilizantes.

Estes fios estão ainda pensados para a circularidade, podendo ser reciclados repetidamente mantendo uma qualidade consistente de fibra. O processo de transformação consome ainda, previsivelmente, menos 99% de água do que os fios de algodão e o resultado final tem propriedades de performance semelhantes ao poliéster, à poliamida e aos fios de celulose regenerada convencionais.

O preço, segundo Martin Gerbert-Germ, especialista em fios de filamentos de viscose com 30 anos de experiência e CEO da HeiQ GmbH Austria, recentemente criada, situar-se-á entre o do poliéster e o da viscose. O responsável indicou ainda que os fios podem ser texturizados, tingidos no processo de extrusão, moldados em secções transversais funcionais e usados em processos têxteis convencionais. Além disso, apontou, têm qualidades semelhantes ao poliéster e poliamida em termos de secagem rápida e elasticidade, a suavidade e frescura da viscose e o aconchego do algodão. «Esta tecnologia é uma revolução para toda a indústria têxtil», acredita.

Lycra alinha

HeiQ AeoniQ [©HeiQ]
«As mudanças climáticas exigem novas invenções. Ao trazer o fio HeiQ AeoniQ para a indústria têxtil, vamos reduzir a nossa dependência de fibras à base de petróleo, ajudar a descarbonizar o nosso planeta e a reduzir o impacto da indústria nas alterações climáticas», afirma Carlo Centonze.

«O nosso fio é uma alternativa versátil ao poliéster, à poliamida e até aos celulósicos convencionais e, por isso, tem um enorme potencial de transformação da indústria. Ao usarem roupa feita com HeiQ AeoniQ, os consumidores estão a agir para apoiarem a redução de CO2 na nossa atmosfera. A adoção por milhões de pessoas tem o potencial de retirar centenas de milhões de CO2 da atmosfera. Uma batalha que vale a pena», considera o CEO da HeiQ.

A Lycra Company, que em julho estabeleceu uma parceria com a HeiQ para uma parceria criarem mais tecnologias têxteis inovadoras e sustentáveis, é a primeira a juntar-se à HeiQ neste desenvolvimento, mas de acordo com Carlo Centonze, o plano é ter 20 marcas parceiras desde o início, cinco parceiros operacionais em todo o mundo e mais um parceiro estratégico além da Lycra Company.

Para Julien Born, CEO da Lycra Company, «a indústria está pronta para inovações como o HeiQ AeoniQ e ao combinarmos as nossas capacidades com as da HeiQ, estamos verdadeiramente bem posicionados para aprender rapidamente e maximizar o enorme potencial desta nova tecnologia». Por isso mesmo, «com a nossa estratégia empresarial futura centrada em soluções sustentáveis para a indústria têxtil, estamos orgulhosos por sermos parceiros da HeiQ tanto no desenvolvimento técnico como na comercialização», conclui.