O lucro da H&M tem vindo a diminuir ao longo dos últimos dois anos devido à diminuição de compradores nas suas lojas da marca epónima, que representam a maior fatia do volume de negócios.
Na passada sexta-feira, 15 de junho, a retalhista sueca revelou que, face ao mesmo período do ano passado, as vendas, incluindo IVA e em moeda local, se mantiveram inalteradas no período de março a maio, sendo o segundo trimestre sem crescimento (ver H&M começa ano com pé esquerdo) – um resultado que fica abaixo das expectativas dos analistas consultados pela Reuters, que esperavam um crescimento de 0,5%.
As suas ações sofreram recentemente variações após a compra de ações por parte da família Persson, fundadora da H&M, o que levou a rumores de planos de aquisição. No entanto, o presidente do conselho de administração, Stefan Persson, já desmentiu os boatos. As ações, de resto, estavam em queda de 3,8% na passada sexta-feira, tendo perdido quase dois-terços do seu valor desde 2015.
Os investidores, contudo, não estão convencidos que a empresa tenha um plano viável para se manter a par com a rápida digitalização da indústria de retalho. A H&M anunciou aos investidores que as vendas comparáveis seriam mais baixas em 2018 do que em 2017, devendo retomar o crescimento em 2019.
As vendas trimestrais, sem IVA, aumentaram 1,2% neste segundo trimestre, para 52 mil milhões de coroas suecas (cerca de 5,11 mil milhões de euros), abaixo das expectativas de um crescimento de 3%.
«Pensamos que isto vai levantar preocupações sobre promoções adicionais e uma desalavancagem operacional para os resultados semestrais, que serão anunciados a 28 de junho. Continuamos cautelosos em relação à H&M», rconheceu Richard Chamberlain, analista da RBC, que tem a classificação de “underperform” (expectativa de desempenho inferior ao indicador) sobre as ações da retalhista sueca. «A H&M regista agora cerca de três anos de vendas comparáveis negativas em termos anuais. Para o segundo trimestre estimamos que as vendas sejam 4% a 5% inferiores em termos anuais», admitiu.
Mais longe da Inditex
Em oposição, a principal rival da H&M, a Inditex, detentora da Zara, anunciou um crescimento de 7% das vendas no trimestre entre fevereiro e abril e um aumento de 9% nas seis semanas seguintes (ver Euro não trava Inditex).
O analista da Macquarie, Andreas Inderst, que tem uma classificação “neutro” nas ações da H&M, considera que as vendas comparáveis débeis e grandes promoções vão afetar o lucro da H&M no segundo trimestre.
«Esperamos um relatório de progresso fulcral sobre o seu excesso de stock e uma atualização do seu plano de ação para revitalizar as vendas com o anúncio completo dos resultados do segundo trimestre», indicou Inderst. «Destacamos a atual divergência profunda de performance com a Inditex, que conseguiu um crescimento de 4% a 5% em termos comparáveis no trimestre terminado em abril face à queda de 5% na H&M», acrescentou.
Em 2017, a H&M lançou uma revisão do seu portefólio de lojas e marcas (que incluem, entre outras, a COS, a & Other Stories e a Arket), com mais encerramentos de lojas H&M e expansão mais rápida das suas marcas mais recentes, como a Nyden (ver Nyden rompe com cultura da H&M). A retalhista sueca está também a trabalhar num novo conceito de loja para a H&M. A 31 de maio, a rede contava com 4.801 lojas.

O lançamento recente do marketplace multimarca discount Afound eleva o número de marcas da H&M para nove, em linha com a Inditex. Mas cerca de nove em cada 10 lojas ainda são da marca H&M, enquanto na Inditex, a Zara representa menos de quatro em cada 10 lojas.
Segundo a Reuters, a Inditex tem também superado a performance da H&M graças a uma cadeia de aprovisionamento mais flexível, embora a retalhista espanhola também necessite de enveredar mais pelas inovações tecnológicas para se manter a par dos novos, e mais rápidos, players online.
A família Persson, que tem mais de dois-terços dos votos na H&M, comprou ações da empresa no valor de milhares de milhões de coroas suecas nos últimos meses.
Alguns investidores têm revelado preocupação de que o CEO Karl-Johan Persson, neto do fundador e filho do presidente do conselho de administração, não seja a pessoa mais indicada para colocar a H&M de novo no caminho do crescimento.