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Idepa aposta no contacto direto

A estratégia tinha sido montada ainda antes da pandemia, mas acabou por se adaptar à atual situação. À falta de contacto pessoal e de viagens, a especialista em fitas e etiquetas está a usar uma plataforma própria e a manter a comunicação aberta para customizar os produtos à imagem e necessidades dos clientes.

Nuno Almeida

«Estivemos em muitas feiras no ano passado e nos anteriores e este ano tínhamos decidido fazer uma interrupção como expositor», revela Nuno Almeida, coordenador de vendas da Idepa. Com exceção da presença no Modtissimo, a estratégia era ter «um contacto mais direto, mais pessoal» com os clientes.

A pandemia, contudo, obrigou a passar as reuniões presenciais para o mundo virtual, onde as tecnologias dão uma ajuda, seja com videoconferências, seja, no caso de clientes para os quais já foram feitos desenvolvimentos, através da plataforma própria da empresa, que foi reforçada. «Temos um sistema em que definimos o produto para o cliente e este faz o seu pedido», explica ao Portugal Têxtil, salientando que, tendo em conta a personalização que é feita, «o nosso tipo de produto não se consegue vender numa página web como conhecemos».

Nos seis meses desde o início da pandemia, a atividade da Idepa manteve-se, apesar da queda sentida nos artigos para a indústria de vestuário e do calçado. «Nunca parámos», assegura Nuno Oliveira, que refere que os elásticos para máscaras e as fitas para cadeiras de bebé, entre outros, permitiram «manter a dinâmica. Fomo-nos adaptando às coisas novas que iam aparecendo», sublinha, acrescentando que «é preciso estar muito atento. É muito de sintonia fina, para perceber para onde vamos e o que nos estão a pedir».

A sustentabilidade tem estado igualmente no centro da atividade da empresa, que tem vindo a desenvolver soluções ecológicas, incluindo a utilização de matérias-primas recicladas, embora, reconhece o coordenador de vendas, o ponto de partida seja ainda pequeno. «Há pessoas que têm essa pretensão [de usar materiais mais sustentáveis] mas quando chegamos à questão do preço ou de cores que não são possíveis, abandonam o projeto», adianta. Ainda assim, «é o caminho», acredita. «Há três ou quatro anos dizíamos que era mais uma moda. Agora não. Os novos consumidores têm muito essa preocupação com o eco-friendly», salienta Nuno Almeida.

Preparar 2021

O ano de 2019 tinha sido «normal, dentro dos objetivos» para a Idepa, mas para 2020 «havia boas perspetivas». A pandemia não trouxe cancelamentos, mas fez com que as compras dos clientes fossem reduzidas. «Nota-se que há menos pedidos de desenvolvimentos», afirma o coordenador de vendas.

Com 50% das vendas diretamente para exportação, há mercados que estão a reagir melhor, como o sueco e o alemão, e outros que ainda não recuperaram, como Espanha. «O que observo – e isso pode ser positivo para alguns negócios – é que há mais gente a querer fabricar na Europa, mas em quantidades mais pequenas. E não é por patriotismo à Europa, é pela necessidade», garante, apontando clientes de países como a Alemanha e a Holanda com essa vontade. «As vendas baixaram, há indicadores de que a poupança aumentou e, portanto, os consumidores não compraram. Acho que as marcas vão optar por coleções mais pequenas e por cápsulas», indica, o que reforça a tendência da produção de proximidade.

Os meses até ao final do ano são, por isso, fundamentais, até para definir a estratégia para o próximo ano. «Neste momento estamos a manter o foco no que estamos a fazer e, dentro dos dados que vamos tendo, tentar prever muito bem o futuro e definir 2021», esclarece Nuno Oliveira. «Nós, como qualquer outra empresa, temos que definir 2021 de maneiras completamente diferentes do que no passado, por isso estes três meses são essenciais. Não vou dizer que será uma estratégia definida na última semana de dezembro, mas quase. É muito importante ter indicadores destes meses», conclui.