A Inditex, dona da Zara, revelou que as vendas subiram 10% no início do terceiro trimestre, apontando para uma recuperação após o mau tempo e as taxas cambiais desfavoráveis terem afetado o lucro no primeiro semestre. O lucro nos primeiros seis meses do ano fiscal da maior retalhista mundial de vestuário, que detém oito marcas incluindo a marca da gama alta Massimo Dutti e a insígnia dedicada aos adolescentes Bershka, subiu 1%, para 951 milhões de euros, ultrapassando as expetativas médias dos analistas de um lucro de 926 milhões de euros, graças ao controlo restrito dos custos e a impostos mais baixos. Os resultados da empresa espanhola, cuja principal rival mundial é a sueca H&M, estão entre os mais fracos após anos de uma performance estelar, mas revelam uma melhoria desde o segundo trimestre. As ações da Inditex subiram 0,5% após a divulgação dos resultados, atingindo um recorde de 112,6 euros. Ao contrário das rivais, a Inditex não fornece os dados das vendas comparáveis mensais ou trimestrais, que comparam as vendas em lojas abertas há pelo menos um ano, mas os analistas consideram que o comunicado mostra que o comércio acelerou. As vendas comparáveis no primeiro semestre terminado a 31 de julho subiram 2%, o que implica um aumento de 3,3% no segundo trimestre, em comparação com o crescimento de 0,5% no primeiro trimestre, calcula a analista da Société Générale, Anne Critchlow. Podem ter acelerado para 4% nas primeiras seis semanas do terceiro trimestre, sustenta. «Estes resultados são impressionantes, já que as comparações do ano passado para essas semanas são de uns fortes 9%», indica Critchlow. A Inditex aguentou-se melhor do que alguns outros retalhistas durante a crise económica mundial, em grande parte graças ao seu modelo de fast fashion sob o qual produz muitas versões acessíveis das tendências da passerelle em pequenas quantidades, permitindo responder rapidamente à procura dos consumidores. Mas este ano a empresa tem tido dificuldade em atingir resultados tão positivos quanto os do ano particularmente bom de 2012, que foi impulsionado por tendências de moda mais caras. O primeiro semestre foi o mais fraco desde que o lucro caiu em 2009. As suas margens brutas desceram para 58,6% das vendas, em comparação com 59,6% de um ano atrás, mostrando que a retalhista está a ter dificuldades em aumentar a sua taxa de lucro. O analista do Bank of America Merrill Lynch Richard Chamberlain atribuiu o declínio das margens brutas a uma menor proporção das vendas a preço total, em combinação com o efeito adverso dos movimentos cambiais em mercados de margens mais elevadas como o Japão. Com grande capacidade de geração de liquidez e praticamente sem dívidas, a Inditex expandiu-se agressivamente nos mercados emergentes como a Rússia e a China, tendo aberto 95 novas lojas, elevando o número total para 6.104 em 86 mercados. As ações da Inditex, que triplicaram de valor desde que a economia espanhola implodiu há cinco anos e têm uma melhor performance do que o índice .IBEX, perderam algum do seu brilho este ano, com um aumento de 4,4% em comparação com o ganho de 10% no .IBEX. As ações estão a ser negociadas a um valor 24,7 vezes superior à previsão de lucro para 2013, acima das da H&M (com um valor 23 vezes acima do lucro esperado) e das da média de 16 vezes mais do sector, segundo os dados da Thomson Reuters. A H&M anunciou recentemente que as vendas comparáveis subiram 4%, ligeiramente mais do que o esperado, em agosto, o maior crescimento em 11 meses, que levou as suas ações para um máximo recorde (ver H&M soma e segue).