Durante os três dias de apresentações (ver Os novos desafios dos EPI’s), houve vários estudos que se centraram noutras áreas dos equipamentos de proteção individual que não diretamente dedicados ao vestuário de bombeiro (ver Bombeiros: prevenir e proteger) ou ao seu calçado (ver A revolução da Lavoro).
Guerra aos mosquitos
Emiel DenHartog, da Faculdade de Têxteis da Universidade da Carolina do Norte, revelou a investigação que está a ser feita na instituição americana para encontrar novas soluções, sem recurso a químicos, que afastem os mosquitos, portadores de doenças como a malária, febre amarela e zika. «O animal mais perigoso para o humano é o mosquito – devido às doenças que têm e transmitem, causam mais de 725 mil mortes por ano», afirmou o investigador.
Para tentar encontrar uma solução que impeça os mosquitos de picarem os humanos, os investigadores procuraram criar têxteis à prova de mosquitos mas que, ao mesmo tempo, sejam agradáveis e confortáveis ao uso. Os cientistas realizaram, para isso, diversos testes laboratoriais com mosquitos Aedes aegypti e malhas com poros de diferentes dimensões e distribuições. «Com a redução do tamanho dos poros para valores inferiores a 25 micrómetros [o diâmetro do probóscide, a tromba dos insetos], o número de alimentações de sangue foi reduzido. O número de vezes que o mosquito aterrou na malha também reduziu significativamente devido à menor dimensão do poro, que permitiu diminuir a temperatura e o odor libertado da pele humana», explicou DenHartog. A maior parte das experiências foram feitas com malhas em poliéster e poliamida. O investigador apresentou ainda três estratégias para criar têxteis à prova de picadas de mosquitos: tecidos mais finos com poros pequenos que não permitem que a probóscide passe, tecidos porosos e relativamente finos mas em que os poros têm uma estrutura mais tortuosa ou desenhar tecidos muito porosos mas mais grossos, em que a probóscide passa mas em que a espessura do tecido não permite que a mesma chegue à pele.
O airbag antiqueda
Jan Jordan, do Institut für Textiltechnik da Universidade de Aachen, revelou, por seu lado, um sistema wearable de airbag para diferentes cenários de queda. Só na Alemanha, em 2012, houve 26.826 acidentes de queda em altura, 21% dos quais resultaram em lesões no pescoço, anca e coluna. Embora seja obrigatório usar cintos de segurança em alturas superiores a cinco metros, há um vazio legal e de proteção até essa altura. «A proteção raramente está presente quando se trabalha com escadas», explicou o investigador. «Nas escadas, normalmente não há ponto de fixação. Os trabalhadores levam ainda ferramentas e, quando em queda, o movimento natural do corpo não ajuda. Como a queda não pode ser evitada, é necessário reduzir o seu impacto», acrescentou.

Os investigadores criaram, por isso, um sistema de airbag integrado num colete que está pronto a entrar no mercado, pensado não só para a segurança no trabalho mas também para utilização doméstica. O colete, desenvolvido com a empresa Bornack, tem sensores integrados que detetam que o utilizador está em queda e despoletam a abertura do airbag. Os testes mostraram que pode prevenir lesões de forma eficiente em quedas até 4,5 metros.
Já a investigação de Ekin Kartal e de outros investigadores do Departamento de Engenharia Têxtil da Universidade de Dokuz Eylül, na Turquia, incidiu sobre as características da regulação térmica em tecidos microencapsulados capazes de armazenar calor. As microcápsulas foram aplicadas por impregnação e por revestimento sobre tecidos de algodão, mas os testes mostram que o método de impregnação é mais eficiente.
Vestuário para o Ártico
Por sua vez, Elena Lebedeva, diretora de inovação da JSC Meridian, apresentou no Porto um estudo sobre vestuário de trabalho para proteção dos trabalhadores em plataformas petrolíferas no Ártico, onde as condições são extremas, com mudança rápida das condições meteorológicas, elevada humidade, baixa visibilidade devido a nevoeiro frequente e ventos fortes, além das temperaturas baixas. Da investigação resultou uma nova coleção de vestuário, «mais fácil e confortável em termos de performance», destacou a diretora de inovação.

Os fatos de inverno integram um não-tecido resistente ao fogo com fibras utrafinas de melamina, que tem uma resistência térmica 1,5 vezes superior aos não-tecidos mais comummente usados e com a mesma densidade de superfície. Isso permitiu usar apenas uma camada do material em vez das tradicionais três camadas e reduzir o peso. Foi ainda acrescentado um forro às peças, que adiciona conforto e aumenta o isolamento devido a uma estrutura 3D. O novo vestuário tem sido testado no terreno com os trabalhadores da Gazprom em Prirazlomnaya, que são inquiridos a cada três meses para obter feedback e poder introduzir melhorias no futuro. O equipamento, que foi apresentado na Techtextil North America, «aumenta o nível de segurança no trabalho nas unidades industriais offshore no Ártico e reduz o risco para a saúde e a vida humana», concluiu Elena Lebedeva.