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Inverno indiscreto em Londres

Dos estampados às lantejoulas, das silhuetas exageradas às desconstruídas, a semana de moda agora terminada voltou a fazer jus ao seu epíteto: Londres, a experimental.

A edição ficou marcada por dois grandes momentos. O primeiro foi o adeus de Christopher Bailey, que se despediu da Burberry com uma homenagem à comunidade LGBTQ, quebrando os laços de 17 com a marca britânica numa coleção pintada das cores do arco-íris.

Christopher Bailey

O segundo foi a estreia da Rainha Isabel II de Inglaterra na primeira fila dos desfiles – acompanhada pela editora da revista Vogue Anna Wintour e por Caroline Rush, CEO do British Fashion Council) – para entregar o novo prémio Queen Elizabeth II Award for British Design ao talento emergente Richard Quinn.

Richard Quinn

Nascido em Londres e formado pela prestigiada Central Saint Martins, Quinn fundou a marca epónima em 2016. As criações do designer vencedor do H&M Design Award de 2017 – como confirmou em passerelle –  têm como assinatura os estampados e a cores fortes e já conquistaram os grandes armazéns Debenhams. O prémio Queen Elizabeth II Award for British Design foi criado pela stylist pessoal da Rainha de Inglaterra, Angela Kelly, e pretende valorizar «jovens designers britânicos que demonstram excecional talento e originalidade, mantendo sempre presente a importância da comunidade e das práticas sustentáveis». Apesar da surpresa de todos, a passagem de Isabel II pela semana de moda de Londres aconteceu apenas um dia depois de a monarca ter convidado designers e artesão ao Palácio de Buckingham para um evento relacionado com a Commonwealth.

Temperley London

Na passerelle propriamente dita, a semana de pronto-a-vestir feminino de Londres voltou a desafiar o status quo e a obrigar a comunidade moda a olhar mais além. Experimental, arrojada e exagerada foram apenas alguns adjetivos usados pelos entendidos na análise à semana de moda da capital britânica.

Noite e dia

Libertando-se das amarras de outrora, as lantejoulas iluminaram muitos dos coordenados desfilados no calendário da semana de moda de Londres dedicada ao outono-inverno 2018/2019, sendo trabalhadas em looks diurnos e noturnos. A Temperley London apostou em vestidos longos dignos dos mais sumptuosos salões de festas, a Halpern jogou com as lantejoulas em casacos conjugados com jumpsuits desportivos de padrão animal e a Toga explorou o lado romântico do brilho em coordenados femininos pintados de verde esmeralda.

Ports 1961

Aconchego

Dando continuidade a uma tendência já assinalada durante a semana de moda de Nova Iorque e, até, noutros invernos, os casacos-casulo voltaram à passerelle. Mais próximos de cobertores do que de peças de vestuário, os casacos da Delpozo, Roksanda, Ports 1961 e MM6 Maison Margiela destacaram-se dos têxteis-lar pelos slogans e metalizados, com pelos e franjas, e deixaram a promessa de um inverno aconchegado.

Simone Rocha

Alta-costura no pronto-a-vestir

O volume reconhecido às silhuetas da alta-costura fez memoráveis aparições durante a semana de moda de Londres. As propostas da Mulberry foram as que mais se destacaram. Os vestidos românticos em tons de rosa de cintura marcada e terminados em volume conquistaram a crítica, mas os coordenados da realeza desfilados por Simone Rocha também arrancaram suspiros.

House of Holland

O peso da herança

Ainda nas tendências, os brocados e os tartans transportaram a assistência para outras eras e honraram a tradição britânica em passerelle. As duas memórias de estilo foram atualizadas pela intervenção de marcas como a Erdem, Roland Mouret e Preen by Thornton Bregazzi, que reinterpretaram os brocados em casacos e vestidos longos. Já os tartans mereceram a atenção da Emilia Wickstead, da House of Holland e da Simone Rocha, que os abordaram em look total.

Chalayan

Preto mais preto

Nas passerelles da Chalayan, Ports 1961, Christopher Kane e David Koma a mensagem foi clara: mulheres de negócios vestem preto em look total. A alfaiataria dominou as propostas, mas houve conjugações mais fora da caixa, como as rendas das saias casadas com camisolas desportivas em Christopher Kane ou as luvas de couro que cobriram o braço em quase toda a sua extensão nas modelos de David Koma.