Mais de metade (51%) das empresas que participaram no inquérito dão conta de uma quebra do volume de negócios superior a 50% em abril face ao mesmo mês do ano passado, com 25% a projetar uma perda de 20% a 50%. Para 13%, a queda será de 10% a 20%, 1% prevê uma descida inferior a 10%, 4% aponta para uma estagnação e 6% refere que houve um aumento.
Em relação às encomendas, seis em cada 10 empresas apontam para uma queda superior a 50% das encomendas e 18% dá conta de uma quebra de 20% a 50%.
Apesar das quebras de volume de negócios e encomendas se terem agravado em abril, as previsões para o segundo semestre são mais otimistas do que as registadas no primeiro inquérito, realizado no final de março: apenas 36% antecipam uma quebra superior a 50% do volume de negócios, em comparação com 63% no primeiro inquérito, e 37% apontam para perdas entre 20% e 50%.
Já ao nível das encomendas, 36% preveem uma redução superior a 50% e 36% entre 20% e 50%. No primeiro inquérito, 62% esperavam uma queda superior a 50% nas encomendas e 27% antecipavam quebras entre 20% e 50%
Empresas recorrem a lay-off
41% das empresas estavam, no momento do inquérito, a trabalhar normalmente. As restantes estavam em lay-off, parcial ou total (44%) ou encerraram a atividade, temporariamente (2%) ou permanentemente (1%). 11% anteciparam férias ou recorreram ao regime de adaptabilidade/banco de horas.
Das 87% empresas que estão a laborar (120 das 138 inquiridas), 62% indicaram que mais de 75% dos seus trabalhadores estão a desempenhar as suas funções normalmente. 38% das empresas, contudo, indicaram que as faltas por apoio à família estão a afetar 5% da sua mão de obra e para 17% das empresas essa percentagem sobe para 10%.
No final de maio, 49% perspetivam estar a trabalhar normalmente e 41% preveem estar com lay-off parcial (30%) ou total (11%).
Entre as medidas de apoio disponibilizadas pelo governo, os inquiridos recorreram sobretudo ao lay-off simplificado, total ou parcial (46%), à suspensão de pagamento e/ou diferimento de impostos e contribuições (37%) e à moratória e/ou prorrogação do pagamento de juros, empréstimos ou créditos já existentes (36%). Um terço pretende ainda recorrer à linha de crédito Covid-19, uma medida que já foi usada por 25% dos inquiridos.
Além da diminuição das encomendas, as empresas estão ainda a enfrentar outros entraves à atividade. Os problemas na cadeia de fornecimento são os mais referidos como tendo muito impacto no desempenho das empresas (45% dos inquiridos), seguidos das dificuldades na obtenção de financiamento bancário (30%) e na obtenção de seguros de crédito (23%). A falta imprevista de funcionários, por doença, apoio à família ou outros motivos, foi ainda referida como tendo muito impacto por 21% dos inquiridos.
Reconversão para a área da saúde
45% das empresas inquiridas estão atualmente a produzir artigos para a área da saúde, com 30% a dedicarem mais de 25% da sua produção a esta área.
Isolando as empresas de vestuário, 49% das que responderam ao inquérito estão a trabalhar neste tipo de artigo: cerca de 60% dedicam mais de 25% da sua produção a este tipo de produto, das quais 28% têm 75% a 100% da sua produção concentrada neste tipo de artigo.
Já no caso das empresas têxteis, 34% referiu estar a trabalhar para a área da saúde. Dessas, 10% estão a dedicar 75% a 100% da sua produção para artigos como máscaras, batas e outros, 10% referem 10% a 25% da sua produção e 80% menos de 10%.
Realizado entre 28 de abril e 11 de maio, o inquérito contou com a colaboração de 138 empresas, 57% das quais produtoras de vestuário, 11% da área de tecelagem e tricotagem, 6% com atividade na área dos têxteis-lar e as restantes distribuídas por outros subsectores de atividade.
O relatório completo com os resultados obtidos no inquérito “Covid-19. Inquérito (#2) à Indústria Têxtil, Vestuário e Moda: Impacto e Medidas” pode ser acedido aqui.