De acordo com Dean Garcia, presidente executivo da Anitec (Associação Nacional de Têxteis e Vestuário), o principal grupo sectorial nicaraguense, o investimento no sector de vestuário da Nicarágua irá totalizar 30 milhões de dólares este ano correspondendo a um nível semelhante ao do ano passado, na medida em que algumas marcas americanas continuam a aumentar o aprovisionamento na Nicarágua e na região da América Central. Contudo, como outros países da América Central, a Nicarágua está preocupada que a Parceria Trans-Pacífico (TPP) possa trazer enormes prejuízos ao seu sector de vestuário, o qual é responsável por 10% do Produto Interno Bruto (PIB) do país. O TPP está a ser discutido por 12 países, incluindo os EUA, Austrália, Brunei, Canadá, Chile, Japão, Malásia, México, Nova Zelândia, Peru, Singapura e Vietname. As preocupações ocorrem porque o Vietname, segundo maior fornecedor de vestuário dos EUA (apenas antecedido pela China), poderá entrar no bloco de 12 nações de livre comércio, sem uma regra de origem do fio para a frente. Se isso acontecer, no âmbito das negociações, os fornecedores chineses de fios e tecidos poderão inundar o Vietname e os EUA com os seus produtos, através de manobras de triangulação. «Se eles entrarem sem uma regra do fio para a frente, isso significa que o Vietname entrará com condições muito mais acessíveis do que as que temos no DR-CAFTA», explicou Dean Garcia. A Anitec está a pedir que o Vietname participe no TPP sob as mesmas regras comerciais do DR-CAFTA. Ironicamente, no entanto, o desempenho de exportação da Nicarágua foi reforçado por regras de origem mais flexíveis nos termos do DR-CAFTA. O país beneficia de um programa de nível de preferência tarifária que acerta as exportações de vestuário fabricado a partir de fios e tecidos de qualquer país na base de um-para-um com o vestuário que utiliza determinados fios e tecidos dos EUA. Mesmo que os EUA, que estão a conduzir as negociações do TPP, estabeleçam um acordo favorável, a Nicarágua deve apressar-se a reforçar o investimento estrangeiro e entrar em nichos de exportação de preços mais elevados. A diversificação e a entrada em segmentos de maior valor acrescentado exige mais financiamento internacional algo que a Nicarágua e o resto da região poderão ter dificuldade face ao espectro iminente de que o TPP irá desencadear uma grande mudança do aprovisionamento no sentido do Vietname e da Ásia. Por enquanto, a Pride Denim Mills e uma empresa americana não identificada vão investir 8 milhões de dólares este ano para começar a produzir tecidos e tecidos denim na Nicarágua, respetivamente, revelou Garcia sem detalhar outros projetos. Segundo o presidente executivo da Anitec, o sector emprega 75 mil trabalhadores ou 50% da força de trabalho industrial da Nicarágua e em 2013 a base industrial, que gera 95% das receitas a partir das exportações, expandiu 10%. Garcia referiu que este ano será registado um abrandamento, receando que em 2015 ocorra uma nova desaceleração, como resultado do efeito do TPP. Em 2013, os países do DR-CAFTA exportaram 7,8 mil milhões de dólares de vestuário para os EUA. Com base neste valor, se o Vietname entrar sem uma cláusula de salvaguarda do fio para a frente, as perdas de exportação poderão totalizar 1,95 mil milhões de dólares por ano ou cerca de 6 mil milhões de dólares nos três primeiros anos do TPP, de acordo com Luis Estrada, diretor geral da Vestex, principal associação têxtil e vestuário da Guatemala. Os membros do DR-CAFTA uniram-se a grupos de interesses têxteis norte-americanos, nomeadamente o National Council of Textile Organizations (NCTO), para pedir que o Congresso dos EUA pressione o Vietname a aceitar uma regra de origem do fio para a frente, forçando-o a limitar o aprovisionamento a partir do bloco de países membros do TPP. Em contraste, os representantes de marcas, retalhistas e importadores, argumentam que a regra atual é demasiado restritiva, impede o novo comércio e o investimento no sector, e gera mais comércio inelegível para o tratamento tarifário preferencial. Em vez disso, eles querem ser capazes de ter a liberdade de escolher os produtos de todos os fornecedores, independentemente de serem utilizados têxteis dos EUA ou de países parceiros.