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Japão com novo fôlego – Parte 3

Menos cautelosos em relação ao risco, como foi referido na segunda parte deste artigo (ver Japão com novo fôlego – Parte 2), os novos empresários japoneses estão a expandir as suas empresas. Tal é o caso de Takeshi Niinami, CEO da Lawson Inc, a segunda maior cadeia de lojas de conveniência do Japão. Niinami, quer realizar o que chama de «uma missão para procurar oportunidades na Ásia». «Nós, os CEOs, precisamos de estar constantemente a viajar para o estrangeiro. Para isso, um jato particular – não um grande de 2 a 3 mil milhões de ienes, mais um pequeno de 200 a 300 milhões de ienes – para viajar na Ásia, seria suficiente», refere Niinami, que planeia operar 10.000 lojas na China até 2020, expandindo os 355 pontos de venda que possui atualmente. A Social Gree, empresa japonesa de jogos para telemóvel, que comprou no ano passado a empresa norte-americana de jogos online OpenFeint, pretende quintuplicar os seus utilizadores globais para mil milhões no espaço de 3 a 5 anos e está a procurar na Ásia o crescimento a longo prazo, segundo o CEO Yoshikazu Tanaka, apelidado de o mais jovem novo multi-milionário da Ásia pela Forbes em 2009. Estes executivos sabem que enfrentam um equilíbrio difícil para manter a atratividade desenvolvida em casa, com adaptações ao gosto local em mercados onde os concorrentes podem já estar enraizados – Yanai da Fast Retailing, por exemplo, já experimentou o fracasso numa incursão anterior no exterior. «Os japoneses que vão para o exterior e fazem as coisas da forma japonesa são limitados no que podem concretizar», afirma Niinami. «A tecnologia do Japão é avançada, mas é necessário possuir funcionários locais que compreendam realmente as culturas desses lugares para dizerem o que é apropriado para esse país», acrescenta. Independentemente das histórias de sucesso individual, especialistas e executivos concordam que o Japão precisa de líderes empresariais mais dinâmicos e capazes de assumir riscos. Os empreendedores agressivos continuam a ser uma minoria, em parte porque aqueles que têm demasiado sucesso correm o risco de sofrer uma reação social. «Os japoneses que se tornam verdadeiramente bem-sucedidos são, muitas vezes, puxados para baixo pela sociedade por causa disso. É o preço da inveja», refere Akira Sato da empresa japonesa de consultoria Value Create. Os lucros estelares da Gree podem ser uma razão pela qual a empresa atraiu críticas dos média para os elevados gastos dos menores na compra de acessórios virtuais para melhorar a sua pontuação nos jogos, indica Tatsuyuki Negoro, professor no Instituto de Estratégia de TI na Waseda University. A Gree anunciou recentemente que estava a limitar o valor que os jovens abaixo dos 20 anos poderiam gastar. «Os japoneses não gostam quando alguém faz muito dinheiro. Uma pessoa deve fazer apenas o suficiente», explica Negoro. «Esta é a tradição japonesa». Takashima considera que não faltam oportunidades para os ambiciosos, mas acrescenta que quer fazer do mundo um lugar melhor, não apenas colher os lucros. «O Japão é o terceiro maior mercado do mundo, é muito atrativo e está a ser ignorado», refere o responsável. «Não existe muita concorrência, por isso tenho muita liberdade. É um ótimo ambiente. Gostava de manter isto em segredo», conclui.