A Topshop fixou firmemente o seu lugar como um dos baluartes da moda jovem e, nos últimos anos, o grupo detentor, Arcadia, tem expressado abertamente a ambição de replicar esse sucesso em todo o mundo. A primeira loja em território nipónico abriu em 2006 e o objetivo inicial incluía a instalação de 10 espaços comerciais em todo o país. No entanto, em janeiro de 2015, sem anúncio oficial, a Topshop encerrou as suas cinco lojas no Japão, no que parece representar um recuo na expansão global da retalhista britânica. Preços mais tentadores Os espaços comerciais da Topshop no Japão dois em Tóquio e os restantes em Yokohama, Osaka e província de Chiba eram operados pelo parceiro de franchising local Mori Retail Systems. A parceria terá terminado em maio de 2014 e, mediante a finalização do contrato, a Topshop poderá ter optado por se retirar do país para então reavaliar a sua abordagem ao mercado. Contudo, devido à natureza precipitada dos encerramentos, com algumas lojas ainda totalmente aprovisionadas, esse não aparente ser o verdadeiro motivo, afirma Magdalena Kondej. O mercado de vestuário japonês é notoriamente difícil e, possivelmente, face ao vizinho mais rentável, a China, e mantendo uma estreita vigilância sobre a sua primeira incursão nos EUA, as operações da Topshop em território japonês deixaram de ser uma prioridade, explica Kondej. Posicionamento de preço falha alvo A concorrência no mercado de vestuário japonês é reconhecidamente intensa. As marcas nacionais estabelecidas, como Uniqlo e Shimamura, procuram conquistar quota face a um influxo de marcas ocidentais, num contexto de fraco consumo, intensificado pela fragilidade do iene. Mas, enquanto a Topshop se viu incapaz de superar as limitações do mercado, marcas rivais internacionais, como Zara e H&M, têm progredido continuamente, aumentando a sua quota de mercado todos os anos. O posicionamento por preço revelou-se particularmente desafiador para a Topshop, cuja oferta superior contrasta com aquela dos seus rivais de moda rápida. O estilo da marca britânica apela a uma faixa demográfica mais jovem, entrando em concorrência com marcas como H&M ou a retalhista japonesa de rápido crescimento Gu. Porém, ambas as marcas praticam preços mais acessíveis, tornando-os crucialmente mais apelativos para os jovens consumidores. A Zara, que também opera numa gama de preço mais elevada, apresenta uma maior elasticidade, abrangendo um público mais maduro e, consequentemente, com maior disponibilidade financeira. Os próximos capítulos O Grupo Arcadia demonstrou a intenção de permanecer no país sem, no entanto, revelar quaisquer planos para o futuro. Uma das opções, aponta Kondej, poderá incluir o estabelecimento de uma nova parceria de franchising. A Topshop entrou no Japão com este modelo, procurando beneficiar do know-how das entidades locais e, assim, minimizar os riscos inerentes à exploração individual de um novo mercado. Não obstante, é importante reconhecer as limitações deste modelo que, devido aos seus vários intervenientes, dificulta a implementação da dinâmica e flexibilidade necessárias ao retalho de moda rápida, ao qual a rotação de coleções em loja é essencial. O estabelecimento de uma parceria com outra empresa do grupo é, também, uma possibilidade. A marca detém já presença e conhecimento de primeira mão sobre o mercado japonês, que poderá potenciar através de uma associação. À semelhança da parceria estabelecida com a Nordstrom nos EUA, uma colaboração similar permitirá uma reentrada sem os custos associados a uma manobra solitária, mantendo, simultaneamente, uma presença estratégica, enquanto reavalia os seus objetivos de longo-prazo. Porém, com a expansão em territórios chinês e americano a liderar as prioridades do grupo, apresentando simultaneamente melhores resultados, Kondej mostra-se cética sobre um possível investimento no mercado nipõnico. De mãos dadas com a China A Topshop continuará a operar em território japonês através da plataforma de comércio eletrónico do gigante do retalho de moda local Zozotown, e assim deverá permanecer. Isto permitirá alinhar as operações japonesas e chinesas na China, a marca opera através do retalhista Shangpin.com , possibilitando uma abordagem conjunta à região. Os planos da Topshop para o Japão são, até agora, desconhecidos, porém, defende Kondej, o estilo fresco da retalhista britânica parece apelar ao consumidor japonês, aspirante seguidor das tendências do momento. «Apesar dos desafios do mercado e do mais recente revés, abandonar completamente [o mercado japonês] seria um passo em falso».