As dificuldades sentidas em todo o mundo no sector de vestuário estão a gerar novas oportunidades para a Li & Fung (ver Li & Fung está imparável – Parte 1), que para além dos EUA, tem encontrado novas oportunidade de negócio na Europa. A aquisição da germânica Miles Fashion no final de Novembro foi mais uma oportunidade nascida da crise financeira internacional, conforme sublinhou Bruce Rockowitz, presidente da Li & Fung Trading, na altura. Existem boas perspectivas de crescimento. O maior cliente da Miles é a Aldi, um retalhista de desconto que tem beneficiado com o apertar do cinto dos consumidores. Esta aquisição permite à Li & Fung expandir na Europa, onde está a tentar criar uma base de negócio na sequência de uma abordagem semelhante nos EUA. Com o negócio da Miles, a Li & Fung pode começar a construir uma presença mais próxima dos clientes europeus. «é um dos poucos com escala na Alemanha e tem uma boa equipa de gestão. Ficámos com uma equipa que pode ser aproveitada para criar uma base de negócio muito superior», afirma Rockowitz. A Li & Fung planeia acrescentar outros produtos à gama da Miles, tal como almofadas de decoração e produtos similares. O negócio com base local, onde os escritórios na Europa ou nos EUA importam produtos e proporcionam aos clientes locais um ponto de contacto para a concepção e o aprovisionamento, embora seja ainda muito menor do que o negócio de exportação na ásia, é importante para o crescimento. A abertura de escritórios mais próximos dos clientes em Nova York ou Hamburgo deverá facilitar a conquista de novas oportunidades de negócio. Embora Rockowitz anteveja um crescimento elevado para o último exercício fiscal, este será inferior aos 36% registados em 2007. «Os clientes individuais não estão a crescer e… os retalhistas têm os seus stocks muito reduzidos, em média de 15 a 20%», explica o presidente da Li & Fung Trading. Os preços também estão a cair, o que dificulta os ganhos de um intermediário que cobra uma percentagem em cada negócio. Rockowitz argumenta que «os preços mais baixos não são maus para nós. A nossa razão de existir é conseguir preços mais baixos para os clientes». Mas admite que «temos de realizar mais negócios para equilibrar, esse é o desafio». O grupo tem como objectivo atingir o volume de negócios de 20 mil milhões de dólares e lucros operacionais de mil milhões de dólares até 2010. A LI & Fung já começou a reduzir custos, embora Rockowitz alegue que esta medida foi iniciada muito antes do mercado mudar. «O nosso foco foi fazer melhor, colocando as pessoas mais próximas de onde estão as fábricas. Na China temos provavelmente 4.000 pessoas, em comparação com sete ou oito anos atrás, quando tínhamos menos de 1.000», revela Rockowitz. Os empregos de apoio que acompanham o design, como a aprovação de cores, foram transferidos de Londres e Nova York para a China. A Li & Fung está também a rever todos os tipos de despesas, incluindo as viagens, as pessoas e as amostras, segundo Rockowitz. O crescimento virá da adição de quota de mercado. A empresa ainda tem apenas 6% do mercado de vestuário dos EUA. «Mesmo nos EUA vamos crescer, não porque o mercado esteja a crescer, mas devido à quota de mercado. Vemos muitas oportunidades», acrescenta Rockowitz. Em 2009 vai haver mais aquisições. «Pode não haver tantas. Queremos poupar o nosso dinheiro para a aquisição certa», revela Rockowitz. A Li & Fung está também a analisar novas áreas, como a gama alta, pois alguns dos produtores adquiridos possuem marcas posicionadas no segmento superior. Com cerca de 500 criadores e o desenvolvimento do negócio junto dos principais mercados, o grupo está também em posição de beneficiar com a forte procura dos retalhistas por marcas proprietárias. «Eles precisam de um ponto de diferenciação. Nós podemos fazer o desenho e, por vezes, desenvolver também o conceito. Deste modo, ganham um rótulo privado e boas margens de lucro», como aconteceu com a marca de bolsas Van Zeeland, adquirida pela Li & Fung em Agosto de 2008, mais uma via que a empresa quer desenvolver.