Com uma capacidade produção 50 mil peças mensais, entre as quais dominam os artigos para cama, que são feitos internamente, da tecelagem à confeção e acabamentos, a Lumatex tem ainda margem para se dedicar à marca própria. Criada há dois anos, a Luma Home dirige-se a «um nicho de mercado de qualidade mais alta», esclarece António Leite, CEO da empresa. «Aos poucos temos conseguido introduzir [a marca] em lojas mais pequenas, em quantidades mais reduzidas, mas com um valor acrescentado maior», acrescenta.
Até ao momento, a Luma Home tem uma representatividade de 5% no volume de negócios da empresa, mas o objetivo é aumentar esta percentagem para os 20% ou 30% nos próximos cinco anos. «No mínimo, são precisos cinco anos até que a marca comece a ter expressão. Portanto, ainda estamos em fase de investimento», explica o CEO.
Salvar o planeta e viajar para o Oriente
Seguindo a tendência do momento, a Lumatex apresenta-se com duas coleções no âmbito da sustentabilidade: uma com fios reciclados e outra com fios orgânicos. «No fundo, é uma forma de proteger melhor o planeta e é nisso [na sustentabilidade] que estamos focados», revela António Leite.
Da parte dos clientes, a oferta parece agradar às exigências do mercado. Apesar de uma «renitência inicial pelo preço [mais elevado]», o CEO argumenta que «sentimos bastante procura, já que a expressão de ordem nos tempos que correm é “salvemos o planeta porque só temos um”».
É com esta proposta que a Lumatex se propõe a continuar a conquistar o mercado internacional, que já absorve 98% do seu volume de produção. Contrariando o ligeiro decréscimo da procura na Europa e a brevidade do crescimento nos EUA, a empresa está a considerar apostar no extremo oposto do mapa. «Já fomos ao Japão três ou quatro vezes e estamos a pensar investir mais no país», confirma. «Enquanto as vendas na China nunca são consolidadas, isto é, não têm seguimento, é one-shot», explica o CEO, «a produção têxtil [do Japão], em termos percentuais, é mínima», garantindo-lhe uma maior margem de mercado por explorar.
Desafios vs soluções
2019 foi um «ano difícil» para a empresa, segundo António Leite, que admite ter feito um esforço acrescido para manter o volume de faturação de 4,2 milhões de euros. «A guerra comercial China-EUA, todos os problemas que se enfrentaram na Europa, as greves de França, o desafio de criar um governo em Espanha, a mudança de regime em alguns países na América Latina» constituíram alguns dos principais constrangimentos do ano passado. «Acho que tudo isto provocou um ligeiro medo a nível global», defende o CEO. «O que sinto nos compradores é que cada vez têm mais medo de comprar ou compram o mínimo necessário para terem em stock», confessa. A estas dificuldades, António Leite acrescenta a mudança de hábitos de consumo.
Contudo, 2019 foi também um ano de renovação. Consagrado num investimento que rondou os 3 milhões de euros, a Lumatex passou por um processo de restruturação, em que se incluiu a aquisição de novos teares e a construção de um novo edifício, que visa a otimização do layout produtivo, a inovação tecnológica e adoção de processos mais eficientes para aumentar a capacidade e a flexibilidade da produção.
Ainda assim, o CEO tenta não criar expectativas para o futuro próximo, acreditando que «o que se passou em 2019 vai prolongar-se para 2020». Deste modo, a meta deste ano é manter o volume de faturação e procurar contrariar os impactos económicos provocados pelo «clima de insegurança que se instaurou a nível mundial», assume.