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Luxo é aposta na China

Segundo os analistas, as aquisições de empresas devem aumentar em 2011 e é provável que envolvam investidores de mercados emergentes, especialmente chineses. As casas de moda e design, ricas em património, mas que enfrentam tempos difíceis, procuram ser as eleitas. A recessão de 2008 impulsionou a pior queda de sempre no sector do luxo, com as vendas globais a caírem 8% em 2009. «Existem com certeza muitos actores e novos grupos, bancos e fundos de capital de risco na China que estão interessados em procurar marcas antigas para desenvolver ou revitalizar nos mercados asiáticos», considera Claudia D’Arpizio da Bain & Co. Seguindo os passos de empresas chinesas como YGM Trading, Mensun Ltd e Li & Fung, que possuem ou estão em conversações com marcas em dificuldades, os conglomerados e os distribuidores estão provavelmente entre os interessados. A YGM Trading, que comprou a francesa Guy Laroche em 2004 e é a concessionária asiática da marca britânica Aquascutum, revelou estar a procurar oportunidades de negócio. A Fosun International, que em Junho obteve uma participação no operador de estâncias francês Club Med, disse um mês mais tarde que estava em negociações com empresas de luxo europeias sobre oportunidades de investimento. O perfil desejado enquadra-se em marcas como a italiana Cavalli, que são suficientemente grandes para que os consumidores chineses conheçam, mas não demasiado grandes para serem compradas ou para empatar o negócio. Em contrapartida, nomes como Louis Vuitton ou Chanel são improváveis de se tornarem sérios alvos. Alternativamente, algumas marcas ocidentais menos conhecidas podem estar dispostas a vender participações para reduzir a sua exposição ao risco. «[Enquanto que] certamente a boa oportunidade aqui é o rápido desenvolvimento na Ásia, para algumas destas marcas mais pequenas isso é muito caro, porque a China é um espaço imenso», refere Arpizio. «Pode abrir lojas no local errado e então é necessário mudar ou pode ter os planos de merchandising errados». Os analistas afirmam que as marcas com vasto património, especialmente aquelas gravemente debilitadas pela crise financeira, são provavelmente as mais procuradas, pois oferecem a oportunidade de serem renovadas para um mercado com apetite pelo luxo. A China possui apenas uma mão-cheia de marcas de origem doméstica e a maioria dos actores locais actuam como distribuidores para as insígnias ocidentais ou como parceiros de joint-venture. As vendas na China, actualmente o segundo maior mercado de luxo do mundo, atrás do Japão, cresceram 12% para os 9,6 mil milhões de dólares em 2009, segundo a consultora Bain & Co. Num estudo realizado pela World Luxury Association, este número deverá ainda aumentar mais, para os 14,6 mil milhões de dólares nos próximos cinco anos, tornando-se assim no maior mercado mundial de luxo. «Este é um grande momento para obter algumas dessas marcas icónicas que ficaram debilitadas pela recessão e rejuvenescê-las, recuperá-las e renomeá-las para o mercado chinês», defende Shaun Rein, director do Market Research Group, sedeado em Xangai. Esse é o apelo do mercado chinês, que os grupos locais não estão a alcançar de forma completa. Algumas marcas ocidentais, como Burberry, Longchamp e Polo Ralph Lauren readquiriram as suas lojas na China.